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A Cide ajuda, mas warratagem é muito mais importante para setor

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Por Natália Cherubin

A aumento da Cide sobre a gasolina, linhas de financiamento para estocagem de etanol, a retirada provisória do Pis/Cofins, entre outras medidas como aumento da taxa de importação da gasolina, medida anunciada como aprovada pelo Deputado Federal e presidente da Frente Parlamentar do Setor Sucroenergético, Arnaldo Jardim, na última sexta-feira, dia 01, são ações almejadas em curto prazo pelo setor sucroenergético.

Mesmo com a negativa do Ministério de Minas e Energia, que afirmou ao jornal Estadão hoje, 04, que as ações para o segmento “permanecem em estudos no âmbito do governo”, se saírem, deverão amenizar os impactos para este setor.

Analisando os dados do primeiro trimestre 2020, o consumo do etanol hidratado como um todo caiu 3,6%, se comparado ao mesmo período do ano anterior. Já a gasolina C, no acumulado, caiu 2,7% no primeiro trimestre, até março.

De acordo com Haroldo Torres, economista e gestor de Projetos do Pecege, é possível analisar, diante destes dados do primeiro trimestre que o etanol hidratado sofreu mais que a gasolina no mercado doméstico, o que faz do aumento da Cide, uma ferramenta importante para o segmento sucroenergético.

“O aumento da Cide é importante para atenuar a queda de preço na bomba prevista para a gasolina e minimizar a perda de competitividade do etanol. Então o aumento da Cide tem dois pontos: segurar essa queda na bomba da gasolina, principalmente dado ao que estamos vendo no mercado de petróleo, e minimizar a perda de competitividade do etanol”, afirmou à RPAnews.

No entanto, o economista salienta que o aumento da Cide não deverá implicar no aumento de preços da gasolina para o consumidor final, ou seja, a ação apenas suavizará a queda prevista para a gasolina, ou seja, evita novas quedas previstas para as próximas semanas.

Antes da crise, entre 23 a 29 de fevereiro, o preço do hidratado para o produtor estava ao redor de R$ 2,01 por litro, número que sofreu queda brusca a partir de março, chegando a algo próximo de R$ 1,35.

Neste caso, com uma Cide chegando aos R$ 0,40 – como solicitado pelo setor, esse valor líquido para o produtor do biocombustível chegaria a R$ R$ 1,66.

“Apesar de não melhorar muito o valor recebido pelo produto, é importante dizer que a Cide tem dois impactos, melhora a competitividade do etanol e aumento da geração de receita para o setor”, explica Torres.

Financiamento de estocagem é imprescindível

Todas as medidas que vem sendo solicitadas pelo setor canavieiro, com vistas de evitar uma retração ainda maior do etanol no mercado, auxiliam e trazem um pouco de alívio, no entanto, não retomam o cenário que o segmento vivenciava antes da crise, com o etanol remunerando o produtor a R$ 2,00.

“A Cide e as outras medidas não são a salvação, mas são o alívio”, disse Torres.

Mesmo que se confirme o aumento da Cide, o economista afirma que é essencial que venham a ficar disponíveis linhas de financiamento para estocagem de etanol.

“Mesmo não tendo saído oficialmente a Cide, a linha de warrantagem é mais importante, a meu ver. Como estamos tendo redução significativa de demanda e de preço, o financiamento pode trazer uma contribuição muito forte principalmente na geração de capital de giro num momento que é crítico para a atividade”, destacou Torres.

Considerando que 70% de todos os custos de operacionais de produção são desembolsados agora no período de colheita, e considerando que neste momento o setor não está gerando caixa, a possibilidade de armazenar com financiamento equivalente, para vender no futuro, de acordo com o economista do Pecege, é fundamental para evitar uma retração ainda maior de preços do etanol e equilibrar a oferta e demanda no mercado doméstico.

“A warrantagem deve sair e é ainda mais crucial. Mesmo com a Cide, não retornamos aos níveis de preço anteriores, sendo assim, a warrantagem é mais urgente. Me preocupa ficar à espera do governo. As usinas, mais do que esperar medidas, precisam fazer uma lição de casa urgente, com vistas de identificar as suas ineficiências para que comecem a cortar custos. Nesse cenário, nunca foi tão importante falar da gestão dos custos de produção”, finaliza o economista em entrevista a RPAnews.

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