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Adecoagro teve queda no lucro líquido no 3T22, que foi de US$ 22,3 milhões

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A Adecoagro, grupo agrícola com três usinas sucroenergéticas no Brasil, duas em Mato Grosso do Sul e uma em Minas Gerais, registrou lucro líquido de US$ 22,6 milhões durante o 3T22, marcando uma redução de US$ 14,4 milhões em comparação com o mesmo período do ano passado.

Segundo a companhia, isso foi explicado principalmente por uma redução de US$ 34,7 milhões em Geração de EBITDA em relação ao terceiro trimestre de 2021. Os resultados foram parcialmente compensados ​​por uma redução de despesas com imposto de renda para $ 4,8 milhões contra despesas de $ 15,3 milhões no 3T21.

Entretanto, o lucro líquido no acumulado da safra, até 30 de setembro de 2022, atingiu US$ 105,9 milhões, US$ 33,9 milhões ou 47,1% a mais em relação ao ano anterior. Isso, segundo a Adecoagro, foi impulsionado pelo impacto nos impostos somado ao efeito da contabilização da inflação (maior exposição de nossos posição monetária líquida negativa para uma taxa de inflação de 66,1% nos 9M22 face a 37% nos 9M21).

O lucro líquido ajustado atingiu US$ 47,2 milhões durante o 3T22, US$ 12,2 milhões abaixo do 3T21. No entanto, nos primeiros nove meses do ano atingiu US$ 106,0 milhões, apresentando um desempenho superior a US$ 5,8 milhões em relação ao ano anterior, apesar da redução do EBITDA Ajustado no período.

“Nós acreditamos que o Lucro Líquido Ajustado é uma métrica mais adequada para refletir o desempenho da Companhia”, afirmaram o CFO da Adecoagro, Charlie Boero Hughes, e Victoria Cabello, gerente de Relações com Investidores.

A receita líquida apresentou crescimento  de 22,6% no 3T22, se comparado ao mesmo período de 2021, e de 25,5% no acumulado da safra 2022/23. Segundo a companhia, esse salto se deu devido a sólida estratégia comercial de todas as unidades de negócio.

O EBITDA ajustado do negócio de Açúcar, Etanol e Energia da Adecoagro atingiu US$ 111,0 milhões no 3T22, 19,6% ou US$ 27,1
milhões a menos em relação ao mesmo período do ano passado. Isso foi impulsionado principalmente por uma redução no volume de moagem de 0,4 milhão de toneladas em relação ao 3T21, aliado a maiores custos de insumos, diesel e salários, entre outros – parcialmente mitigados pela estratégia da companhia, que vem produzindo seus próprios biofertilizantes.

“Apesar da redução de 11,0% no EBITDA Ajustado do período, a receita líquida ajustada apresentou um desempenho superior em 5,8% em relação ao mesmo período do ano anterior”, afirmou o CFO da companhia em relatório, divulgado na última semana.

No acumulado do ano, o EBITDA ajustado atingiu US$ 272,6 milhões, US$ 2,8 milhões a mais em relação ao ano anterior. A moagem de cana apresentou redução de 2,4 milhões de toneladas, pois a companhia retomou as atividades de colheita em meados de março, após uma curta entressafra.

“Apesar do menor volume de produção, nosso estratégia nos permitiu aproveitar os preços atrativos do etanol e do açúcar, principalmente no primeiro metade do ano. Isso foi possível porque transferimos a produção de 2021 para 2022 para ser vendidos a preços mais elevados,  esvaziamos nossos tanques no pico dos preços atingindo volumes recordes de vendas e alavancamos nossa vantagem competitiva para vender no mercado interno e externo”, afirmaram.

Moagem caiu 24,4% no acumulado da safra

Em suas três unidades sucroenergéticas, a Adecoagro moeu 7,328,643 milhões de t de cana-de-açúcar no acumulado da safra, até 30 de setembro, uma queda de 24,4%, se comparado ao mesmo período de 2021, quando a companhia já havia esmagado 9,687,950 milhões de t.

No acumulado da safra, a companhia produziu cana-de-açúcar em cerca de  190 mil hectares, número 3% superior em comparação ao mesmo período do ano passado. Segundo a companhia, o plantio de cana-de-açúcar continua sendo uma estratégia fundamental para abastecer as usinas com matéria-prima de qualidade a baixo custo.

“Durante o 3T22, plantamos um total de 8.158 hectares de cana-de-açúcar. Da área total plantada, 16% ou 1.330 hectares foram áreas de expansão plantadas para suprir nossa crescente capacidade de moagem  e 84% ou 6.828 hectares foram áreas plantadas para renovar canaviais antigos com cana-de-açúcar mais nova e de alto rendimento, permitindo assim manter a produtividade de nosso canavial”, afirmou a companhia em report.

A produtividade dos canaviais foi impactada ao longo dos meses de 2022, mas apresentou uma recuperação gradual, como era esperado. Enquanto no 1T22 os rendimentos caíram 40,9%  em relação ao mesmo período, no 2T22 a produtividade foi 24,5% menor e no terceiro trimestre a produtividade, comparada ao mesmo período, ficou em 9,4% maior do que em 2021. O ATR acumulado, por sua vez, atingiu 129 kg/t, número estável em relação a 2021.

Mesmo com boa disponibilidade de cana-de-açúcar e atingindo o recorde mensal de moagem de 1,5 milhão de toneladas em julho, o aumento das chuvas registado entre os meses de Agosto e Setembro, resultou em frequentes interrupções no esmagamento nas unidades da Adecoagro.

“É importante ressaltar que a chuva favorece o desenvolvimento da cana deixada na terra e que será levada para os próximos trimestres com melhor produtividade. Isso garantirá a implementação de nosso modelo de colheita contínua, permitindo-nos esmagar cana o ano todo e maximizar a produção do produto com maior contribuição marginal”, afirmaram.

Em suas três unidades sucroenergéticas, a Adecoagro moeu 7,328,643 milhões de t de cana-de-açúcar no acumulado da safra, até 30 de setembro, uma queda de 24,4%, se comparado ao mesmo período de 2021. (Crédito: Adecoagro)

Mudanças de mix

No 3T22, os preços do etanol sofreram mudanças significativas em função das novas medidas regulatórias e dos reajustes dos preços domésticos da gasolina para refletir a paridade internacional. Sendo assim, o mix de produção da Adecoagro refletiu essas mudanças, a fim de maximizar consistentemente o produto que oferece a maior contribuição marginal.

No início do trimestre a companhia maximizou a produção do etanol anidro, seguido do etanol hidratado, e por último açúcar, já que em meados do 3T22 os preços do açúcar ultrapassaram o etanol hidratado e no final do trimestre ele superou o etanol anidro, tornando-se efetivamente a opção mais atrativa.

Em média, durante o 3T22, etanol anidro no Mato Grosso do Sul foi negociado a 19,8 cts/lb, ágio de 8,5% sobre o açúcar enquanto o hidratado o etanol foi negociado a 17,3 cts/lb, com desconto de 5,0% para o açúcar. Nesta linha, durante o trimestre a Adecoagro desviou 60% do ATR para etanol. Para aproveitar ainda mais os prêmios de preço, 57% do total da produção foi de etanol anidro, a maior parte exportada para a Europa a preços atrativos.

“Tivemos capacidade de vender etanol na Europa e obter um prêmio em relação aos preços domésticos graças às nossas certificações e capacidade de atender às especificações do produto. Além disso, tivemos a estratégia de focar na comercialização de açúcar e etanol anidro, enquanto montamos estoque de etanol hidratado – que pode ser transitado ou convertido em etanol mais anidro, em vista dos baixos preços spot de energia, usando nosso bagaço como combustível para o processo de desidratação. Outra estratégia foi fazer o hedge, que nos permitiu garantir o açúcar a um preço 19,4 cts/lb”, afirmou o CFO da Adecoagro.

No acumulado de 2022, foram destinados 69% do ATR para o etanol. Embora a produção de etanol e açúcar tenha sido menor em função da redução da moagem volume, isso foi compensado por preços médios mais altos que a companhia conseguiu capturar graças aos altos estoques no início do ano, 56% maiores do que em 2021 no caso do etanol e 75% no o caso do açúcar.

A energia exportada no trimestre totalizou 234 mil MWh, 11,2% menor em relação ao mesmo período de 2021, em linha com a redução do volume de moagem. “Devido ao alto nível de água nos reservatórios, os preços spot da energia estavam baixos. Por conta disso, nossa estratégia foi usar nosso bagaço como combustível no etanol processo de desidratação, permitindo-nos produzir etanol anidro demandado no mercado interno e mercados de exportação”, afirmou o CFO da Adecoagro.

No acumulado do ano a energia exportada somou 439 mil MWh, queda de 23,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, explicada, mais uma vez, pela redução no volume de moagem.

Vendas líquidas subiram 9,5%

As vendas líquidas totalizaram US$ 162,9 milhões durante o 3T22, 9,5% acima do ano anterior. Este aumento foi impulsionado por
maiores volumes de venda e maiores preços médios de venda de açúcar e etanol anidro. Apesar do ambiente de preços em mudança observado durante o trimestre, principalmente em relação ao etanol hidratado, a companhia afirma que pode se  beneficiar desse cenário ao adequarmos o mix de produção e com a estratégia comercial para privilegiar os produtos premium.

No acumulado do ano, as vendas líquidas atingiram US$ 405,7 milhões, 7,3% a mais em relação ao ano anterior. Isso foi principalmente explicada pelos maiores preços médios de venda de açúcar e etanol (tanto hidratado quanto anidro).

“Apesar de o início tardio das atividades de colheita e, portanto, a menor produção, pudemos nos beneficiar do cenário construtivo de preços no primeiro semestre, principalmente para capturar a alta dos preços do etanol tanto no mercado interno quanto no mercado externo, devido à nossa estratégia comercial de recomposição de estoque a partir de 2021. De fato, esvaziamos nossos tanques de armazenamento de etanol no pico dos preços com venda recorde mensal de 125 mil m3 em abril, a um preço médio de 26,4 cts/lb açúcar equivalente”, relevaram.

 

Natália Cherubin para RPAnews

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