Movimento acontece após declarações de Macron no Brasil
O otimismo manifestado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, sobre o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, durante visita ao Brasil, na semana passada, causou uma forte indignação entre os agricultores da França. A categoria se prepara para uma nova rodada de manifestações nesta semana contra o tratado de livre comércio.
As declarações do presidente francês ocorreram na última quinta-feira, 6, à margem da COP30 em Belém. “Estou relativamente positivo, mas permaneço vigilante porque também defendo os interesses da França”, disse Macron, sem imaginar a repercussão de suas afirmações no país.
Em entrevista ao jornal Le Figaro, o presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Exploradores Agrícolas (FNSEA), Arnaud Rousseau, classificou a atitude do presidente francês como uma “afronta” à categoria. Macron prometeu há alguns meses que o acordo, que vem sendo negociado desde 1999, não seria assinado.
“O Mercosul no coração da revolta dos agricultores” é o título de uma matéria do jornal Libération. O diário lembra que o compromisso prevê a entrada nos países da União Europeia de milhares de toneladas de açúcar, mel e carne de gado em troca da exportação de automóveis, vinho e produtos têxteis.
No entanto, os agricultores são contra a importação de produtos sul-americanos que não respeitem as mesmas regras e condições ambientais impostas pelo bloco europeu. Diante da mudança de posicionamento do presidente francês, os agricultores organizam novas manifestações no sudoeste do país nesta semana.
De volta à França, Macron estará em Toulouse na quarta-feira, 12, onde se reunirá com leitores do jornal La Dépêche du Midi. Na tentativa de apaziguar os ânimos, a ministra francesa da Agricultura, Anne Genevard, garantiu domingo, 9, ao Journal du Dimanche que o acordo Mercosul-União Europeia, em seu estado atual, não será assinado pela França.
RFI

