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ATR: uso de maturadores com manejo nutricional trazem ganhos à cana

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Ter um bom canavial não significa somente ter um canavial com boa produção de biomassa. É preciso também ter qualidade agroindustrial, ou seja, produção e acúmulo de sacarose, o chamado ATR.

O clima tem sido, nos últimos anos, um dos principais fatores limitantes para o aumento da produtividade e qualidade dos canaviais, principalmente em início de safra, quando a falta de chuvas prejudica o desenvolvimento da planta.

De acordo com Carlos Alexandre Costa Crusciol, pesquisador da Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e Gabriela Ferraz de Siqueira, do Dep. de Produção e Melhoramento Vegetal da Fazenda Experimental Lageado, Botucatu, SP, o grande desafio para o produtor é quando a produtividade de colmos é considerada boa, mas a cultura não atinge o teor de sacarose adequado.

“Podemos definir como maturação inadequada, resultando em baixos teores de açúcares totais recuperáveis”, afirmam.

Complexos nutricionais podem se aplicados em fase de maturação da cana junto a maturadores

A ocorrência de estresses abióticos como seca, excesso de água, temperaturas extremas, excesso de luz e deficiências de nutrientes minerais, resultam em perdas significativas na produção agrícola e afetam drasticamente a taxa de crescimento, o rendimento de sacarose e a produção de biomassa da cana-de-açúcar.

E quando as condições climáticas não são ideais para que ocorra a maturação natural da cana-de-açúcar, resultando em um acúmulo de sacarose insatisfatório, o uso de tecnologias para maturação é recomendado, segundo os pesquisadores.

“Os maturadores aplicados em início de safra atuam no metabolismo das plantas e promovem diminuição do crescimento vegetativo, precocidade da maturação, incremento do teor de sacarose nos colmos e, consequentemente, aumento da produtividade de açúcar”, destacam.

Em meio de safra, principalmente em regiões com ocorrência de chuvas, o canavial pode sofrer com a inversão da sacarose e, neste caso, os maturadores também podem garantir maior teor de sacarose.

Já a aplicação dos maturadores em final de safra inibe a retomada do crescimento vegetativo, mantendo o teor de sacarose elevado por maior período, possibilitando melhor manejo da colheita do canavial.

“Independentemente da época, um bom manejo com maturadores eleva a qualidade tecnológica da matéria-prima e, consequentemente, o rendimento industrial. Os maturadores podem incrementar de 4% a 8% o teor de ATR da cana-de-açúcar, podendo variar dependendo do potencial produtivo da variedade e da época em que os mesmos são utilizados”, afirmam.

Manejo nutricional em pré-maturação e maturação

O maior acúmulo de nutrientes pela planta ocorre do meio para o final do ciclo da cultura e, mesmo quando não há deficiência nutricional, a planta pode apresentar desequilíbrio durante a fase que antecede a maturação (pré-maturação).

Este desequilíbrio pode ocorrer, segundo Crusciol e Gabriela, devido à menor absorção de nutrientes pelas plantas ou pelo efeito antagônico que ocorre entre alguns nutrientes, podendo ocasionar redução da síntese, transporte e partição de sacarose.

Os principais nutrientes envolvidos no metabolismo e produção de sacarose são N, P, K, Mg, B e Zn, além do Cu e Mn, devido à função que cada um desempenha na estrutura da planta ou como ativador enzimático.

“Sendo assim, o manejo nutricional na fase de pré-maturação e maturação da cana-de-açúcar possibilita melhoria nos processos fisiológicos e metabólicos essenciais que atuam na promoção da síntese e acúmulo de sacarose, como o processo fotossintético e a atividade enzimática”, afirmam os pesquisadores.

Além dos nutrientes minerais, outros compostos com alta tecnologia embarcada, como AA (Aminoácidos) e hormônios vegetais, têm se mostrado eficientes para melhorar a produtividade, a síntese e acúmulo de sacarose no final do ciclo da cultura.

A aplicação de complexos nutricionais na fase de pré-maturação em início de safra (aproximadamente 100 dias antes da colheita) promove incremento na produtividade de colmos e maior síntese de sacarose pelas plantas.

Segundo os pesquisadores, na fase de maturação, podendo ser aplicado junto aos maturadores, os complexos nutricionais promovem maior transporte e acúmulo de sacarose, potencializando o efeito dos maturadores, que têm a função de armazenar o saldo de sacarose oriunda do processo fotossintético.

“Há um incremento significativo na produtividade de colmos com a aplicação dos complexos nutricionais, mas quando o uso é associado aos maturadores, há incremento tanto na produtividade de colmos quanto de ATR”, afirmam.

A tecnologia pode também ser utilizada em início, meio e final de safra. “Em meio de safra o uso pode ser associado ou não aos maturadores, dependendo das condições climáticas, sendo altamente recomendado o uso dos dois ‘produtos associados quando há ocorrência de chuvas nesta fase”, adicionam.

Ainda de acordo com os pesquisadores, quando há ocorrência de seca mais rigorosa, os complexos nutricionais em meio de safra atuam no aumento da tolerância das plantas ao estresse, conferindo à planta maior estabilidade produtiva. Em final de safra, o uso do complexo nutricional eleva tanto a produtividade de colmos quanto de sacarose e, quando associado aos maturadores, evita a retomada do desenvolvimento vegetativo, mantendo o teor de sacarose elevado por maior período.

“A adoção desta tecnologia não elimina a necessidade de um bom manejo nutricional durante o ciclo da cultura, sendo seu efeito mais pronunciado em canaviais nutricionalmente bem manejados. Entende-se que uma complementação nutricional, portanto, não deve ser confundida com adubação corretiva ou substitutiva”, concluem os pesquisadores.

O artigo original foi publicado em informativo da Socicana.
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