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Mercado

Baixa oferta do etanol de milho pode sustentar preços, mas há desafios

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O cenário é incerto para os produtores brasileiros de etanol de milho nos próximos meses. Isso porque o atraso na safra de cana-de-açúcar e o alto volume de açúcar vendido antecipadamente indicam que a oferta do biocombustível será limitada.

De acordo com especialistas, tal fato fará com que os preços se sustentem em plena safra. Além disso, o aumento nas medidas restritivas para conter a transmissão do novo coronavírus nas últimas semanas indicaria uma retração na demanda por combustíveis.

“No ano passado, exatamente quando a safra (de cana-de-açúcar) começou (em abril), a demanda desapareceu. E acho que podemos estar observando uma repetição disso”, diz o especialista de Açúcar e Etanol do Rabobank Brasil, Andy Duff.

De acordo com ele, é improtante ainda destacar que “não sabemos qual será a reação da população e até que ponto a mobilidade vai ser reduzida. Ou por quanto tempo isso vai durar”, ressalva.

EM entrevista ao porta lEstadão, o CEO da ALD Bioenergia Deciolândia S/A, Marco Orozimbo, avalia que a demanda merece atenção. “Do ponto de vista de oferta, a cana só deve chegar de meados de abril em diante, dependendo das condições climáticas”, afirmou.

“Mas também é necessário ponderar a demanda, com lockdowns e antecipação de feriados. Por conta dessa questão, já vimos que o mercado de distribuição está bem cauteloso nas compras. Isso pode influenciar os preços”, disse.

Para o presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, o ano pode ser positivo, apesar das dificuldades, e que deve ser possível aumentar a produção mesmo num cenário de medidas restritivas que podem manter as pessoas em casa.

“Em 2020, mesmo com a covid-19, nós crescemos 60% em função de novas usinas que entraram em operação”, diz. “Este ano estamos com duas empresas ampliando a capacidade, então devemos crescer em 650 milhões a 750 milhões de litros ante 2020.”

Etanol recua 

Após alcançar preços recordes nas últimas semanas, o etanol vem recuando, mas com cotações ainda firmes – o álcool está acima da paridade com a gasolina em todos os Estados e no Distrito Federal, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Segundo a ANP, na semana passada o biocombustível se desvalorizou 2,8% na comparação com a semana anterior, mas ainda acumula avanço de 20,40% ante o mesmo mês de fevereiro de 2020.

Os preços chegaram a patamares recordes por causa da entressafra de cana-de-açúcar e do aumento no preço do petróleo, que impulsionou também a gasolina, mas recuaram tanto pelo recuo recente do petróleo quanto pelo agravamento da pandemia.

Menor cana para a produção 

A oferta parece continuar restrita. A Archer Consulting estima que 85,75% do açúcar destinado à exportação para a safra 2021/22 já estava fixado em 28 de fevereiro, volume muito acima da média.

Usinas fizeram vendas antecipadas para aproveitar os preços recordes que o adoçante alcançou em reais nos últimos meses. Esse alto volume de fixações de preço indica que a parcela de cana disponível para produção de etanol, pelo menos no início da safra, deve ser reduzida, já que a maior parte vai para a produção de açúcar.

Redação, com informações do Estadão 

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