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Açúcar

E se a Índia exportar mais de 1 milhão de toneladas de açúcar?

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A hEDGEpoint, diferente de outras consultorias, estima uma produção de 34 milhões e toneladas para safra 2022/23

O mercado de açúcar sofreu uma leve correção em relação aos 21USc/lb depois que algumas casas anunciaram sua visão otimista para a produção de açúcar do Centro-Sul brasileiro em 2023/24, com números de até 38 milhões de toneladas.

Mas uma discussão que tem chamado a atenção é se a Índia exportará mais do que as cotas de 6 milhões de toneladas já aprovadas? E qual o impacto de um volume exportado pela Índia entre 5 milhões de toneladas e 7 milhões de t sobre os fluxos comerciais globais e sobre os estoques finais do país?

Uma cota adicional de 1 milhão de toneladas poderia induzir uma tendência baixista no curto prazo ao mesmo tempo em que adicionaria suporte ao contrato de março 2024, de acordo com a análise da hEDGEpoint.

“Se mantiverem apenas os 6 milhões de t já liberados, os fluxos comerciais permanecerão apertados, sustentando os nível de preços e possivelmente corrigindo à medida que nos aproximamos do início da safra brasileira de 23/24.  No entanto, se o governo indiano decidir manter um estoque final mais alto, alinhado com uma visão de se estocar 3 meses de consumo, poderia induzir um suporte adicional no curto prazo”, disse em relatório.

Atualmente, a hEDGEpoint estima cerca de 34 milhões de toneladas de produção de açúcar durante a safra 22/23. Os números realizados em fevereiro foram divulgados e Maharashtra já está 2% abaixo de 21/22, enquanto a vantagem de Uttar Pradesh e Karnataka foi reduzida.

Quando se trata de 2023/24, a visão da hEDGEpoint é mais conservadora. De acordo com relatório da companhia, o desvio para o etanol deve aumentar e, assim, reduzir o total de matéria-prima disponível para o açúcar. Além disso, a formação do El-Niño pode resultar em uma menor recuperação da produtividade. “Assim, nossa visão preliminar é que a oferta total deve permanecer abaixo de 34 milhões de t na próxima safra”, disseram.

Estoques finais da Índia

Dado que o governo indiano geralmente tenta manter o estoque final de, pelo menos, 3 meses de consumo, é fácil ver que nem com 7 milhões de t,  6 milhões ou mesmo 5 milhões de t de exportação ele atingiria sua meta nesta safra, 2022/23.

O cenário marcado como caso base é a visão atual da hEDGEpoint. “Presumimos que o governo esteja confortável com o menor nível de estoque final histórico: cerca de 5,3 milhões de t visto em 21/22. Nesse sentido, não apenas a exportação de 6 milhões de t seria possível em 22/23 como também permitiria a exportação de mais de 4 milhões de t em 2023/24, mantendo os fluxos de comércio global apertados, mas, no geral, equilibrados.

“Se o governo permitir mais 1 milhão de t de cotas de exportação, os estoques finais cairiam para 4,4 milhões de t e resultaria em uma disponibilidade extremamente baixa em 2023/24. Caso a Índia reestoque para o nível de 5,3 milhões de t, apenas 3,5 milhões de t estariam disponíveis para exportações pelo país. Como resultado, haveria uma tendência baixista no curto prazo, enquanto o contrato de março 2024 enfrentaria uma tendência de alta. Mesmo que o país consiga produzir 34,5Mt nesta temporada, os estoques devem cair para um novo patamar mínimo se qualquer cota adicional for permitida”, explicam os analista da hEDGEpoint em relatório.

Se o governo decidir que precisa manter um estoque maior até o final da temporada atual, pode retirar 1 milhão de t de quotas. Isso levaria a um estoque final de 6,3 milhão de t e, assumindo que exigiria pelo menos a mesma quantidade para 23/24, a Índia ainda poderia exportar 4,5 milhão de t em 23/24. As exportações de 5 milhão de t em 22/24 dão sustentação de curto prazo aos preços do açúcar.

“Existem, como sempre, muitos riscos dentro de um exercício preditivo. Embora não esperemos mais concessões ou retiradas de cotas, só poderemos validar o nível de produção do país asiático em abril, assim como o governo indiano aguarda para sua tomada de decisão. Podemos nos surpreender tanto com um volume maior, como algumas tradings têm defendido, quanto para baixo, como reportado por produtores locais”, disseram os analistas.

Ainda de acordo com os analistas, prever 2023/24 ainda é muito difícil. “Claro que as confirmações em relação a 22/23 vão nos ajudar a esclarecer algumas das expectativas, mas devemos ficar de olho nas previsões do ENSO para tentar entender como pode ser o clima durante a fase de desenvolvimento da cana”, disseram.

Sobre os fluxos comerciais, ainda existem discussões sobre o estresse das exportações brasileiras. Vai depender do ritmo de exportação de grãos, principalmente da soja. “Como a colheita parece estar melhorando, podemos escapar de um possível deslocamento do açúcar, mas só o tempo dirá”, observaram os analistas.

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