Edição 183

Editorial

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Ricardo Pinto

Um índio vai ao cartório e solicita a mudança de seu nome. O escrevente pergunta:

– Qual é seu nome?

Meio enfezado, o índio responde:

– Grande nuvem azul que leva mensagem para o mundo todo.

– E como o Sr. vai querer ser chamado daqui pra frente?, continua o escrevente.

– E-mail!, diz o índio com um sorriso estampado no rosto.

Este caso nos mostra que até um índio busca se adaptar aos novos tempos, à nova realidade. E tratando de adaptação, como podemos nos preparar e nos capacitar para as mudanças em nosso ambiente de trabalho?

Existem diversas técnicas de treinamento e capacitação que visam preparar melhor os funcionários, tais como palestras, conferências, dinâmicas e cursos. Contudo, muitas vezes as empresas percebem que seus colaboradores não criam uma ampla noção dos processos que envolvem o empreendimento. Dentro dessa realidade, surgiu uma nova maneira de tentar resolver o problema: o Job Rotation.

Job Rotation, ou rotação de trabalho, acontece quando um profissional precisa passar por diversas áreas de uma empresa por um determinado período de tempo para conhecer os diferentes processos, atividades e especificidades que compõem cada departamento. Como se fosse um novo funcionário, ele fica um período no RH, depois outro no financeiro, também no marketing, comercial etc, sempre acompanhado de um ou mais mentores.

Esta é uma prática muito comum em programas de trainees, quando, ao final, o funcionário é alocado em um dos setores em que atuou. Mas há empresas que fazem o Job Rotation até com executivos e colaboradores do alto escalão.

Muito especialistas em Recursos Humanos defendem que o Job Rotation é essencial para que o funcionário se torne um profissional completo, aprendendo na prática como funcionam todos os setores da empresa. Desta forma, quando estiver em seu departamento definitivo, ele saberá exatamente como acontecem as atividades nos demais setores, podendo desempenhar suas funções de forma mais efetiva.

Além disso, com o Job Rotation os treinamentos passam a ser opcionais, uma vez que o funcionário conhece a empresa durante seu expediente, aprendendo e trabalhando ao mesmo tempo, colocando a mão na massa e não sendo mero ouvinte em cursos ou palestras. Isso pode representar grande economia de tempo e dinheiro.

Paralelamente, o Job Rotation força o funcionário a sair de sua zona de conforto, fazendo com que ele busque mais informações sobre a empresa, conheça procedimentos diferentes, exercite sua liderança e networking e chame para si novas responsabilidades. Faz com que ele pense diferente e esteja em movimento. Às vezes, há até quem descubra outra área onde sua competência se mostra ainda maior e melhor do que para a área onde originalmente foi contratado.

Na visão Taylorista do início do século passado, posteriormente adotada pelo Fordismo, o trabalhador deveria fazer um trabalho repetitivo, mecânico e especializado num sistema de produção em série. Já no Toyotismo, desenvolvido a partir dos anos 1970 no Japão como uma resposta à globalização, à maior competição internacional e à automação, o trabalhador passa a ter de ser polivalente, com múltiplas habilidades e competências, onde todos precisam saber fazer o que o outro faz, criando o espírito de grupo.

Foi por isso que o Japão investiu maciçamente em educação e suas empresas gastaram tanto na qualificação dos seus funcionários, tornando o país uma das maiores potências econômicas mundiais em menos de 20 anos.

Com o Job Rotation, sua empresa poderá construir profissionais completos, conscientes e capazes de opinar e agir em prol do sucesso e do bem comum. Toda empresa inteligente deve considerar a possibilidade de adotá-lo, concorda?

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