Conecte-se conosco
 

Destaque

Em usina goiana, mulheres avançam em profissões dominadas por homens

Publicado

em

“Espanto e admiração são os sentimentos das pessoas quando falo que sou operadora de trator. Infelizmente ainda vejo que  algumas pessoas ainda são machistas”, diz Mayane, operadora de tratores.

Na Uruaçu Açúcar e Álcool lugar de mulher é onde elas quiserem

As mulheres devem trabalhar onde querem.  E a prova disso é a força feminina dentro da Uruaçu Açúcar e Álcool, localizada no município de mesmo nome em Goiás. Na usina o gênero não influencia na escolha por profissionais. Hoje, a presença feminina está em ascensão em carreiras que antes eram tidas como masculinas.

De macacão azul, no meio de uma oficina de máquinas agrícolas um olhar é diferente dos demais. A sobrancelha bem feita mostra que atrás daquela vestimenta está Bruna Martins Gomes, 21. Ela começou como operadora de máquinas e hoje está no torno. “Meus pais queriam uma bonequinha. Ficaram assustados quando falei que estava aprendendo a trabalhar no torno”, revela.

Bruna conta sempre gostou de máquinas e essa paixão foi influenciada pelo irmão mais velho, que trabalha com implementos agrícolas.  “Muitas pessoas acham incomum a minha profissão, mas temos que incentivar e ser a inspiração de outras mulheres e meninas”, reflete.

No campo

“Nossa, você opera aquelas máquinas mesmo? Você consegue? Não é difícil? Como é trabalhar no meio de homens?” essas são algumas das indagações ouvidas por mulheres da trabalham como operadoras de máquinas na usina.  Uma delas é Thaynara Martins Godoy, de 22 anos.

Desde 2020 ela atua nessa área e confessa que a principal dificuldade do seu trabalho não é o sol ou esforço físico, mas sim certa rivalidade entre gêneros. “É como se as mulheres não tivessem a mesma capacidade dos homens. Fiz um curso em 2019, mas não tinha interesse em ingressar na área. Em 2020 fui convidada a trabalhar e aceitei. Hoje não me vejo fora dessa área, meu projeto é crescer profissionalmente e incentivar outras mulheres, porque nós, mulheres, somos capazes de realizar toda e qualquer função”, afirma.

“Fiz um curso em 2019, mas não tinha interesse em ingressar na área. Em 2020 fui convidada a trabalhar e aceitei. Hoje não me vejo fora dessa área, meu projeto é crescer profissionalmente e incentivar outras mulheres, porque nós, mulheres, somos capazes de realizar toda e qualquer função”, afirma Thaynara Martins Godoy.

Izarina de Souza Rodrigues Gomes, de 38 anos, é outro exemplo. Ela concilia a vida de operadora de colhedoras e de tratores, na qual atua há 13 anos, com a de dona de casa. Cuida de quatro filhos, marido e animais de estimação.  “Comecei no campo e tive a oportunidade de aprender e melhorar a qualidade de vida. É difícil a mulher ingressar neste mercado. Não é fácil ser operadora de máquina, exige muito, aprendo todos os dias”, afirma

Também conduzindo um trator está Mayane Abadia Rodrigues Pereira, 29. A estudante e agronomia ainda não tem um ano de profissão, mas confirma que sempre gostou de máquinas, já que morava no campo.  “Espanto e admiração são os sentimentos das pessoas quando falo que sou operadora de trator. Infelizmente ainda vejo que  algumas pessoas ainda são machistas”.

Renata Maria do Nascimento, de 47 anos, conta que antes de ser operadora trabalhou na irrigação e em outras áreas que normalmente são de homens.  Vinda de Pernambuco, no Nordeste brasileiro, ela revela que ama trabalhar no campo e é muito gratificante perceber que trabalha em uma empresa no qual não há barreiras de gênero que impedem as oportunidades de desenvolvimento profissional.

Direto da indústria

Andando pela planta da Usina Uruaçu se encontra algumas mulheres e duas delas são bem parecidas. São as gêmeas Raiane Araujo Oliveira e Raice Araujo Oliveira, de 32 anos.  Ambas entraram como serviços gerais, em 2014, e há aproximadamente quatro anos são operadoras de máquinas. Raiane  até trabalhou durante toda a gestão do filho atuando na função, reduzindo o trabalho com peso.

As gêmeas Raiane Araujo Oliveira e Raice Araujo Oliveira, de 32 anos entraram como serviços gerais, em 2014, e há aproximadamente quatro anos são operadoras de máquinas.

“Só de falar que meu emprego é em usina o pessoal já assusta. Ainda há preconceito de uma mulher  em alguns cargos, principalmente como operadora, que precisa de força física e determinação.  Muitos homens falam que mulher não dá conta, mas a nossa equipe coloca muitos no chinelo”, brinca Raiane.

Raice e a colega Fernanda Ferreira da Silva, de 29 anos, concordam com Raiane. Raice complementa que conseguiu essa oportunidade por que se destacou entre os funcionários. “Meus colegas falaram que era muito trabalhadeira e me ensinaram a ser operadora.  Qualquer mulher pode, basta ter interesse, curiosidade e não ter preconceitos”, revela.

“Meus colegas falaram que era muito trabalhadeira e me ensinaram a ser operadora.  Qualquer mulher pode, basta ter interesse, curiosidade e não ter preconceitos”, revela Raice.

Fernanda confessa que o serviço é pesado, mas já se acostumou com a necessidade de fazer esforço físico e até mesmo com o sol. Ela se interessou quando observou os profissionais da área. “Tenho muito que aprender ainda. Gosto muito de mecânica e penso  em me formar na área”.

Ela ainda pontua que ser do gênero feminino em um espaço tradicionalmente masculino é uma dificuldade, já que a mulher não precisa apenas  mostrar a capacidade para ganhar o espaço , mas é necessário se mostrar melhor do os homens que executam a mesma função.

Na safra de 2021, a usina Uruaçu produziu 1,06 milhão de toneladas de cana.

Cadastre-se e receba nossa newsletter
Continue Reading