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Emissões de CRA por usinas totalizaram R$ 4 bilhões em 2019

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As usinas em melhor situação financeira do segmento sucroenergético, um dos ramos do agronegócio mais intensivos em capital, vem diversificando suas fontes de crédito. Um dos instrumentos que vêm ganhando espaço na carteira dessas companhias são os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio).

Alguns analistas, no início do ano, chegaram a afirmar que as emissões de CRAs este ano bateriam recorde após um refluxo em 2018. De acordo com informações do Rabobank, nos primeiros quatro meses de 2019, as usinas apresentaram ao mercado emissões de R$ 1,9 bilhão em CRAs.

No setor de agronegócios como um todo as emissões chegaram a R$ 2,5 bilhões em 2018.E o segmento sucroalcooleiro fez emissões públicas de R$ 1,7 bilhão dos recebíveis, de um total de R$ 5,8 bilhões, segundo o Rabobank.

Adriana Gouveia, head de Mercado de Capitais do Rabobank, afirma que até novembro, segundo dados da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), foram emitidas 57 operações de CRA (CVM 400 e 476) frente a 52 operações realizadas até o mesmo período de 2018.

Contudo, o volume de emissões de CRAs até novembro de 2019 totalizaram R$ 10 bilhões, aumento significativo se comparado ao mesmo período de 2018, quando o volume foi de R$ 4,6 bilhões. Destes R$10 bilhões, aproximadamente R$ 4 bilhões foram emissões de usinas sucroenergéticas, de acordo com o Rabobank.

“Dos 10 bilhões emitidos até novembro de 2019, aproximadamente R$ 4 bilhões foram emissões de usinas e estimamos que o total para 2019 deverá ficar ao redor de R$ 4,5 bilhões”, afirma Adriana.

Custo e Rentabilidade mais atrativo

De forma geral, o principal atrativo para as empresas sucroalcooleiras que acessam o mercado de capitais, seja através de CRAs, debêntures ou qualquer outro instrumento de renda fixa, é a diversificação da base de credores, criando mais competição e reduzindo o custo de captação.

Segundo Adriana, as companhias sucroalcooleiras têm optado pelos CRAs porque o produto oferece custo e rentabilidade mais atrativos para o tomador e investidor, em função da isenção tributária aplicável aos rendimentos do investidor Pessoa Física (PF).

“As debêntures incentivadas, que também proporcionam isenção tributária aos rendimentos do investidor Pessoa Física (PF) estão começando a ganhar popularidade perante as usinas. Isso está ocorrendo após alteração trazida pela Portaria MME nº 252, de 2019, que passou a permitir que as usinas captem recursos através desse instrumento para fins de produção e estocagem de biocombustíveis como passíveis de enquadramento como projetos prioritários e, consequentemente, dos benefícios fiscais da Lei 12.431”, explica.

A redução do financiamento via BNDES e do crédito rural subsidiado também estimula a emissão de CRAs. Segundo a especialista do Rabobank, com a redução da oferta de crédito subsidiado pelo BNDES e demais bancos públicos, as empresas precisarão de novas fontes de financiamento e o mercado de capitais se tornou uma alternativa interessante para as empresas obterem recursos.

O presidente da Usina Coruripe, Mario Lorencatto, concorda. Todavia, acredita que o sistema financeiro precisa se adequar às novas realidades de mercado,.tais como redução de taxa de juros e subsídios, e criar novas frentes de financiamento ao agronegócio. “Independentemente desse fato, estamos buscando linhas com o BNDES para financiamento de plantio e projetos específicos.”

Coruripe obtém R$ 712,7 milhões com emissão de CRA

Na quarta vez que acessou o mercado brasileiro de capitais com a emissão pública de CRA, a Usina Coruripe captou R$ 712,7 milhões, valor aproximadamente 42,5% maior que os R$ 500 milhões inicialmente previstos na oferta mínima anunciada no dia 17 de maio. A operação, conduzida pela XP Investimentos, foi concluída no dia 13 de novembro e tem prazo de amortização de seis anos.

A primeira emissão realizada pela Usina Coruripe foi em maio de 2017. E essa foi a primeira emissão de CRA feita pela Coruripe com distribuição continuada na plataforma da XP para investidores qualificados.

“Os resultados foram surpreendentes, apesar das evoluções recentes no mercado de crédito no Brasil,.demostrando a confiança dos investidores no desempenho e perspectivas de crescimento da nossa empresa. De fato, estamos colhendo neste ano uma safra recorde, acompanhada de maior rentabilidade”, afirma Lorencatto.  

A emissão de CRAs pela Coruripe tem dois objetivos, de acordo com ele. Um é alongar o perfil do endividamento da companhia e o segundo é alterar o perfil de dívida,.aumentando o montante do endividamento em real em detrimento do endividamento em dólar.

Em entrevista exclusiva para a RPAnews, o presidente da Coruripe.ainda afirmou que emitir CRA traz maior diversificação de financiamento para as usinas, que ficavam, até pouco tempo, restritas ao setor bancário convencional.

“Além disso, dá maior acesso ao mercado de capitais para empresas sem capital em bolsa, por meio de um produto regulado pela CVM.e distribuído pelas principais casas de investimentos. E, para os investidores, as principais vantagens são a não necessidade de pagamento de Imposto de Renda para essa operação, a.inexistência de taxas de custódia ou administração e a rentabilidade, que geralmente é acima da média.”

Mas. 

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