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Estiagem prolongada e pandemia antecipam safra da cana

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Em ano de pandemia de coronavírus e de estiagem prolongada, os produtores estavam apreensivos com os rumos da safra. O início da colheita de 2020, em abril, ocorreu no momento de isolamento social, o que resultou, entre outros impactos, na diminuição do consumo de etanol.

Mais à frente, a partir de julho, a falta de chuvas nos canaviais impactou ainda mais. Com todo esse cenário de desafios, produtores anteciparam o corte da cana e as usinas, que deveriam encerrar a moagem do produto no início de dezembro, estão em processo de término da safra. Mas o saldo, ao final, é positivo: o setor teve um crescimento de 3,6% na moagem de cana, em comparação com o mesmo período de 2019.

O produtor rural Alexandre Pinto César registrou uma safra menor em 8%, este ano, em relação à safra passada. “No início da pandemia tivemos queda de até 70% no consumo de etanol no país, o que nos deixou muito apreensivos. Depois percebemos que as usinas estavam processando mais açúcar e, com isso, percebemos uma safra mais açucareira para este ano”, disse.

Na avaliação do produtor, com a desvalorização do Real frente ao dólar, desde o início da colheita de cana-de- açúcar houve o aumento das exportações do açúcar, o que incentivou ainda mais as usinas a focar nesta commodity.

Na produção de 90 mil toneladas de cana-de açúcar, distribuídas em mil hectares da propriedade de Alexandre, em Onda Verde, a produtividade caiu em decorrência da longa estiagem.

“Em 30 anos nunca presenciei seca igual, e foi ainda maior na nossa região”. Ele conta que a cana colhida na segunda quinzena do mês de julho não apresentou peso, o que também contribuiu para a antecipação da safra.

“Ainda é muito cedo para uma avaliação sobre o canavial atingido pela seca, mas com certeza a questão climática irá interferir na produtividade da próxima safra”, diz o produtor. Alexandre acredita ainda que com o menor volume de produto, os preços do etanol e do açúcar devem ser maiores em 2021.

O impacto da baixa produtividade também será maior para a próxima safra, com a perda de 10% a 15% de plantas, na análise do produtor rural e presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Região de Monte Aprazível (Aplacana), Juliano Maset. Dos 250 associados da Aplacana, Juliano disse que a maioria registrou prejuízos com a estiagem nesta safra. “O prejuízo só não foi maior porque muitos produtores fizeram o corte antecipado da cana.”

Com 160 hectares de área plantada de cana, Juliano também é um dos produtores que não esperou o fim da safra para realizar o corte no canavial. “A cana, que produz no seu primeiro ano, com a seca não há a rebrota das plantas. Um canavial, que teria uma longevidade de quatro ou cinco anos, até mesmo com a reforma da plantação, será muito prejudicado, é uma perda e um custo muito alto para o produtor”, diz Juliano.

500 milhões de toneladas

A moagem de cana-de-açúcar, de acordo com levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), atingiu 564,91 milhões de toneladas na safra 2020, nas usinas da região Centro-Sul, crescimento de 3,65% na comparação com o mesmo período de 2019.

“As unidades que já finalizaram a safra apresentaram queda de 2,10% na moagem de cana-de-açúcar, mas com aumento de 3,70% na quantidade de produtos fabricados. A melhor qualidade da matéria-prima mais do que compensou a queda de moagem dessas empresas, permitindo um crescimento na produção de etanol e açúcar no atual ciclo”, explica o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.

Segundo a Unica, 45,69% da matéria-prima processada foi destinada à fabricação do açúcar. Com isso, a produção acumulada de açúcar atingiu 36,41 milhões de toneladas. No mesmo período de 2019, a produção foi de 25,28 milhões de toneladas do adoçante. A maior fabricação de açúcar permitiu exportação recorde do produto no mês de outubro. Dados divulgados pela Secretaria do Comércio Exterior (Secex) registraram embarque de 4,20 milhões de toneladas no mês.

O volume de etanol produzido no acumulado da safra 2020/2021, de acordo com a Única, totalizou 27,09 bilhões de litros, sendo 18,53 bilhões de etanol hidratado e 8,55 bilhões de etanol anidro.

 

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