Mercado
Etanol já subiu mais de 20% neste ano, com entressafra e falta de chuvas
Com o aumento do preço da gasolina, os motoristas que possuem carro flex costumam encontrar no etanol uma alternativa mais barata para abastecer. No entanto, muitos têm se surpreendido com o preço do combustível nos postos, que saltou de R$ 3,221 em janeiro para R$ 3,901 na semana passada, conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
A alta de mais de 21% está relacionada com o preço da cana de açúcar, que subiu em razão do período de entressafra e da falta de chuvas, o que prejudicou uma produção que já estava menor.
“Todo ano existe uma oferta menor de cana de açúcar nesta época, em razão da entressafra. Mas desta vez o problema foi agravado pela estiagem, e pelo próprio aumento de demanda pelo etanol, por causa da alta na gasolina, que fez com que o preço do álcool também aumentasse” explica Tiago Sayão, professor de Economia do Ibmec, que complementa: “uma parte da complementação do etanol vem do milho, cuja produção também ficou abaixo do esperado, e foi mais um fator complicador”.
Economista do Ibre/FGV, André Braz afirma que a alta de preços atingiu o setor sucroalcooleiro como um todo. De acordo com o Índice de Preços ao Produtor Amplo – Disponibilidade Interna (IPA-DI), que mede a inflação de produtos agropecuários e industriais nos estágios de comercialização anteriores ao consumo final, a cana de açúcar acumula alta de 18,9% em 12 meses.
O álcool hidratado passou de 2,25% em janeiro para 11,46% em fevereiro, e acumula alta de 12,73% em 12 meses. Já o açúcar para exportação, que subiu 9,85% em fevereiro, teve alta de 48,4% em 12 meses.
Por enquanto, os especialistas não observaram influência do dólar no aumento do etanol. Há o risco, porém, de que, caso a exportação de açúcar se torne mais vantajosa, as indústrias aumentem a produção do insumo em detrimento do biocombustível.
“A depender dos preços internacionais do açúcar, as usinas podem produzir mais açúcar e menos etanol, e aí o preço do álcool dispara. Ou o inverso. Mas atualmente os repasses têm sido mais ou menos na mesma magnitude”, pondera Braz.
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