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S&P eleva rating da Ferrari Agroindústria para positiva após anúncio de nova aquisição

Morre socio fundados da usina ferrari
Na safra 2024/2025, a Ferrari moeu 3,25 milhões de toneladas, com produtividade superior a 90 toneladas por hectare.
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Agência destaca solidez financeira da companhia mesmo após nova aquisição e vê potencial para elevação da nota de crédito 

A S&P Global Ratings elevou, em 14 de maio de 2025, a perspectiva do rating de crédito de emissor de longo prazo da Ferrari Agroindústria de estável para positiva, mantendo a nota ‘brA+’ na Escala Nacional Brasil. A decisão reflete a expectativa de expansão da escala operacional da companhia e a continuidade de indicadores financeiros saudáveis, mesmo após a recente aquisição da Usina Leme.

Dois dias antes, em 12 de maio, a Ferrari Agroindústria S.A., em parceria com a SRM Investimentos e Participações Ltda. (Grupo Agromen), anunciou a assinatura de um acordo para aquisição conjunta da Usina de Leme, atualmente pertencente à Raízen (BBB/Negativa; brAAA/Estável). Localizada em São Paulo, a unidade possui capacidade instalada de moagem de 1,8 milhão de toneladas por safra.

Pelo acordo, a Ferrari pagará metade do valor estimado da aquisição, de R$ 425 milhões, passando a deter 50% de participação na nova usina. A Agromen ficará com os 50% restantes, após aprovação pelos órgãos antitruste. Como se trata de uma joint venture, a Ferrari não consolidará os resultados da Usina de Leme. No entanto, a S&P avaliou que a operação trará benefícios aos fluxos de caixa da companhia via dividendos, além de permitir sinergias operacionais e administrativas com as usinas Ferrari e São Luiz — esta última também estruturada como joint venture com o mesmo parceiro da nova aquisição.

Com a conclusão do negócio, o cluster formado pelas usinas Ferrari, São Luiz e Leme deve alcançar uma capacidade de moagem combinada de cerca de 9 milhões de toneladas por safra, sendo 3,5 milhões referentes à Ferrari. Segundo a S&P, a proximidade geográfica entre as três unidades deve continuar favorecendo sinergias em atividades agrícolas e industriais, além de reduzir a competição por matéria-prima.

Na safra 2024/2025, a Ferrari moeu 3,25 milhões de toneladas, com produtividade superior a 90 toneladas por hectare (TCH), enquanto a São Luiz registrou moagem de aproximadamente 2,9 milhões de toneladas. Para a safra 2025/2026, a expectativa é de manutenção dos volumes atuais, impulsionados por condições climáticas mais favoráveis e técnicas de manejo aprimoradas, além da potencial adição de 1,5 milhão de toneladas provenientes da Usina de Leme.

A S&P destacou que a aquisição não deve impactar imediatamente os níveis de alavancagem da Ferrari. A companhia deverá arcar com sua parte no valor da aquisição utilizando recursos próprios, sem pressionar suas métricas de crédito e liquidez. No encerramento do ano fiscal em 31 de março de 2025, a Ferrari reportou posição de caixa de aproximadamente R$ 585 milhões, já considerando R$ 100 milhões em dividendos recebidos da São Luiz.

Segundo a agência, essa posição de caixa, aliada à expectativa de geração de recursos sólida, deve ser suficiente para atender às necessidades de capital de giro, investimentos (capex) e amortização de dívidas de curto prazo nos próximos trimestres. A projeção é que a empresa mantenha o índice de dívida bruta sobre EBITDA abaixo de 2,0x no exercício de 2026, com um colchão de liquidez superior a 20%, em linha com o histórico.

A perspectiva positiva indica a possibilidade de elevação do rating da Ferrari nos próximos 6 a 12 meses, caso a aquisição da Usina de Leme seja concluída nos termos propostos. De acordo com a S&P, a operação poderá reforçar os ganhos com sinergias, aumentar o fluxo de dividendos e manter a alavancagem sob controle.

A agência também destacou que a aquisição representa um avanço estratégico para a Ferrari, ampliando sua capacidade de moagem e diversificando a base produtiva. Esses fatores tendem a contribuir para o aumento de receita e diluição de custos, fortalecendo a posição da companhia no setor sucroenergético.

A manutenção de baixos níveis de alavancagem e uma posição de liquidez sólida, mesmo em um cenário de expansão, foram determinantes para a elevação da perspectiva do rating. Segundo a S&P, esse movimento pode facilitar o acesso da empresa a novas fontes de financiamento e consolidar sua estratégia de crescimento sustentável.

EBITDA e geração de caixa sustentam alavancagem controlada

Para o exercício fiscal de 2025, a estimativa é que o EBITDA nominal ajustado da Ferrari atinja aproximadamente R$ 790 milhões, incluindo os dividendos da São Luiz. Em 2026, apesar de possíveis impactos negativos sobre o etanol decorrentes de incertezas globais e variações no petróleo Brent, os preços do açúcar devem permanecer sustentados por uma demanda resiliente. Ambos os produtos seguem favorecidos pela depreciação do real.

Com base nesse cenário, o EBITDA ajustado previsto para 2026 é de cerca de R$ 740 milhões, incluindo R$ 100 milhões em dividendos da São Luiz e R$ 40 milhões da Usina de Leme. A S&P estima que essa geração de EBITDA, aliada a um bom gerenciamento de capital de giro, permitirá à companhia manter um fluxo de caixa operacional livre (FOCF) positivo em torno de R$ 181 milhões — ou R$ 105 milhões após pagamento de leasings.

A análise considera os dividendos das joint ventures, sem consolidação do caixa ou endividamento das usinas São Luiz e Leme. A perspectiva positiva  S&P reflete a avaliação de que a aquisição da Usina de Leme, nos termos anunciados, deve contribuir para o fortalecimento do fluxo de caixa da Ferrari, sem comprometer sua estrutura de capital. A S&P ainda projeta que a companhia seguirá mantendo sua alavancagem bruta abaixo de 2,0x, com liquidez robusta, mesmo após a conclusão da aquisição.

Natália Cherubin para RPAnews

 

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