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França cresce consumo de mistura de 85% de etanol na gasolina

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Os preços recordes dos combustíveis observados desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, tem levado os motoristas a optar por fontes alternativas de combustível. Na França, as  vendas do E85 – uma mistura de gasolina com até 85% de etanol está aumentando significativamente.

Graças ao seu preço, o consumo de etanol, neste caso produzido a partir da fermentação de açúcares contidos em culturas como milho e trigo, vem aumentando constantemente desde sua introdução em 2007.  O recente aumento no preço do petróleo acelerou ainda mais a tendência. Entre maio de 2021 a abril de 2022 o aumento registado foi de 53% no consumo de E85 em comparação com o mesmo período de 2020 a 2021, de acordo com dados divulgados pelo grupo francês da indústria de etanol SNPAA.

Em abril deste ano, o super etanol E85 representava 6,2% do mercado de combustíveis na França – o dobro de participação de mercado em relação a 2020. O E85 é atualmente cerca de metade do preço da gasolina padrão.

A França é forte defensor do uso do etanol na UE e governo vem oferecendo impostos reduzidos sobre o E85 e uma abordagem regulatória que incentiva a venda de misturas de combustível com alto teor de etanol.

O número de postos que vendem E85 também aumentou muito no país nos últimos anos, passando de 1.015 em 2018 para 2.856 em 2022, tornando a França o líder da UE em disponibilidade de etanol de alta mistura. Em toda a UE, uma mistura de 5% ou 10% de etanol (E5 ou E10) é oferecida como padrão na maioria dos postos de gasolina, com E85 raramente disponível em outros países, exceto na Suécia. Na Alemanha, o E85 praticamente desapareceu dos postos de gasolina depois que Berlim decidiu retirar os subsídios do combustível.

“A notícia de que os franceses ampliaram o consumo de etanol em 53% no último ano, optando por carros flex fuel, evidencia o quanto o Brasil está na vanguarda dessa tendência global, com o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar e, mais recentemente, do milho”, comentou Evandro Gussi, presidente da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar) em sua conta no Linkedin.

Veículos flex fuel e adaptações são opções na França

Ao contrário do E10, que é adequado para todos os veículos com motor de combustão interna, o E85 pode causar danos a um motor se o veículo não estiver equipado para isso. Na França, a venda de veículos flex-fuel aumentou, em parte graças às autoridades que acenam com taxas de registro.

Os veículos flex-fuel também estão sujeitos a taxas de CO2 mais baixas, pois os veículos economizam cerca de 40% de CO2 em comparação com os carros a gasolina. Esta flexibilidade tem um custo, no entanto, com o preço de compra inicial marginalmente mais alto – entre € 110 a € 220 – do que um veículo a gasolina padrão.

O etanol também tem uma densidade energética menor do que a gasolina fóssil, o que significa que é necessário reabastecer com mais frequência, embora isso possa ser mitigado quando se faz uma condução mais controlada .  Outra opção popular na França é adaptar um veículo a gasolina com uma caixa de conversão, permitindo que o carro funcione com até 85% de misturas de etanol.

O custo de um sistema de conversão é entre € 560 e € 900. Apesar do preço, de acordo com a ePURE, uma associação comercial que representa os produtores europeus de etanol,  a economia de combustível ao longo do tempo tornou a conversão para o E85 altamente atraente para os motoristas.

“A França liderou o caminho do E85, tornando mais fácil e econômico para os motoristas usar um combustível que reduz as emissões de carros a gasolina e flex-fuel e mostrando como um combustível renovável e de baixo carbono produzido internamente pode ter um impacto”, disse um porta-voz do ePURE ao Portal EURACTIV.

Ainda de acordo com a fonte, o público respondeu fortemente e, mesmo que outros países da UE não tenham E85, eles devem ser capazes de fazer melhor uso de misturas de etanol renovável, como o E10, para reduzir as emissões e reduzir a dependência da Europa de combustíveis fósseis.

“O etanol é, sobretudo, uma alternativa importante para diminuir a dependência de combustíveis fósseis, ao mesmo tempo em que reduz emissões de gases de efeito estufa. E é exatamente isso o que temos aqui no Brasil, já consolidado em nossa cultura, e vimos mostrando ao mundo como parte da solução para a mobilidade sustentável”, destaca Gussi.

Natália Cherubin com informações do Portal Euractiv.

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