A frente fria que se aproxima pelo Sul do Brasil essa semana gerou chuvas e deve abrir espaço para geadas entre sexta-feira e sábado. Apesar do risco ser maior para áreas de cultivos de trigo em desenvolvimento no Paraná e Rio Grande do Sul, previsões climáticas divulgadas ontem, 16, e analistas ouvidos pela Reuters alertaram para risco nas regiões de milho de segunda safra no Paraná, que devem ser atingidas pelo frio intenso.
No entanto, com a colheita adiantada – 79% da área do Estado do Paraná – as chances de danos são menores. Dados do Climatempo e da Rural Clima indicam frio intenso para os três estados do Sul. “As geadas devem ser fortes na madrugada da sexta-feira, 19, e do sábado, 20, entre o interior gaúcho e a metade sul do Paraná. O fenômeno deve trazer danos para lavouras de cultivos de inverno, como o trigo”, afirmou o Climatempo em seu boletim.
Ainda que com menor intensidade, o Climatempo prevê que as geadas têm chance de se espalhar por demais estados do Centro-Sul, como Mato Grosso do Sul e sul de São Paulo, e alcançar outras culturas. Na região paulista, algum impacto poderia vir em áreas de cana-de-açúcar, já em Mato Grosso do Sul, o alerta foi indicado para cana e milho segunda safra. Já a Rural Clima diverge e acredita que o frio extremo não deve atingir áreas de cana, café e citricultura no Sudeste do país.
De acordo com o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antônio Santos, há previsões de geadas generalizadas em grande parte da região Sul do Brasil, o que nos deixa preocupação com relação ao milho. No entanto, para o analista Edmar Gervásio, do Departamento de Economia Rural (Deral), à Reuters, as geadas não têm mais potencial de prejudicar a segunda safra paranaense e, ao contrário, podem acelerar o processo de maturação das lavouras.
Para Gervásio, o que pode atrapalhar os trabalhos de campo é a persistência de chuvas que já estão ocorrendo no Paraná. “Naturalmente, se chover onde há milho pra colher, os trabalham de campo param”, pontuou.
A analista da consultoria AgRural, Daniele Siqueira, comentou também que a previsão de muito frio esperada para os próximos dias contribuiu para paralisar um plantio de milho primeira safra 2022/23 que vinha sendo antecipado no oeste do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
“Na verdade, eles anteciparam o plantio devido à boa umidade do solo e agora esperam melhores condições para prosseguir”, disse ela, citando que estas regiões costumam iniciar a semeadura em agosto, mas não tão no início do mês como ocorreu neste ano.
Com informações da Reuters