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Edição 185

Manejo moderno de herbicidas

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Para a escolha dos ativos adequados para um manejo mais moderno no cultivo da cana-de-açúcar, é importante adotar ferramentas pautadas na análise de infestação, tipo de solo e período de aplicação

*Paulo Donadoni

Dentre os vários fatores de sucesso no manejo e controle das plantas daninhas da cana, um deles certamente está relacionado com a possibilidade de se usar herbicidas com diferentes modos de ação. Isto devido à sinergia que estes tratamentos podem oferecer para a redução da resistência de plantas daninhas aos herbicidas e também quanto ao efeito de amplo espectro de controle, reduzindo a possibilidade de escapes e, consequentemente, da interferência das plantas daninhas.

O conceito de manejo das plantas daninhas, segundo pesquisador da Bayer, Johann Reichenbach, em um de seus artigos recentemente publicados, pode ser definido como um conjunto das práticas que o agricultor implementa visando o controle das plantas infestantes, reduzindo ao máximo a mato competição por água, nutrientes e luz.

Existem diferentes formas de controle das plantas daninhas, como, por exemplo, o controle mecânico, o uso de cobertura morta e as aplicações de herbicidas. O planejamento cuidadoso destes métodos de controle e a alternância do uso de diferentes modos de ação dos herbicidas são as medidas de manejo que irão favorecer a obtenção de resultados satisfatórios no controle, a diminuição dos riscos de surgimento de resistências e consequentemente uma redução nos custos de produção, assegurando-se o potencial produtivo das lavouras.

No manejo moderno de herbicidas no cultivo de cana, para a escolha dos ativos adequados, é importante adotar ferramentas pautadas na análise de três cenários importantes. O primeiro deles é a análise de infestação de plantas daninhas presentes na área a ser tratada e o efeito de tratamento necessário (pré e/ou pós-emergência das plantas daninhas); o segundo seria o tipo de solo (percentual de argila e matéria orgânica), visto que a maioria das associações de herbicidas indicadas para cana leva em conta pelo menos um produto com efeito pré-emergente; e por último, e não menos importante, seria a análise do período de aplicação do tratamento herbicida, considerando se é época seca ou úmida, e o tipo de segmento da cana, plantio ou socarias.

A partir da análise destes cenários é possível definir os ativos a serem prescritos e, acima de tudo, a eficácia esperada em função do tamanho e do tipo da infestação presente, levando em conta sempre o conhecimento dos técnicos envolvidos no histórico do caso. Em muitas situações é necessário planejar o controle com uma ou duas aplicações, e, dependendo do tipo de segmento (plantio ou socaria), pode-se planejar aplicações nos formatos de pré-plantio incorporado (PPI), dessecação com pré-emergentes, pós-plantio com aplicação sequencial, entre outros formatos e possibilidades de recomendações e aplicações.

Outro aspecto importante no planejamento do manejo de plantas daninhas na cultura da cana é o acompanhamento e instalação de áreas referências para verificar se os níveis esperados de controle estão satisfatórios. Esse acompanhamento é fundamental para entender o efeito das escolhas dos ativos no manejo indicado, possibilitando corrigir os erros e aumentar a assertividade nas próximas recomendações.

Com as recentes mudanças na flora das plantas daninhas presentes na cultura da cana, houve um aumento do uso de herbicidas com efeito sobre folhas largas, aliado a ativos com controle direcionado para folhas estreitas. Essa sinergia proporciona um melhor nível de resultado sobre o amplo espectro de plantas daninhas que podem estar presentes nas áreas de produção agrícola das usinas e dos fornecedores de cana.

Segundo Donadoni, um conceito aplicado com sucesso na cultura da cana em relação ao manejo das plantas daninhas é o uso de diferentes ativos herbicidas pré-emergentes

Esta mudança foi provocada pela colheita da cana crua e permanência do palhiço e demais restos vegetais do cultivo sob o solo. Com a possibilidade de evolução, crescimento e recolhimento da palha para a indústria da usina, um novo momento quanto ao tipo e predominância de plantas daninhas deverá chegar às áreas de produção. O conhecimento e sensibilidade dos técnicos em recomendar o tratamento ideal para manejo das plantas daninhas neste contexto será fundamental para o sucesso desta operação de tratos culturais. O técnico responsável pela recomendação do tratamento herbicida deverá conhecer de forma ampla os efeitos de controle oferecidos pelos diferentes ativos e selecionar aqueles que melhor poderão se comportar em situações de presença ou ausência de palha.

Um conceito aplicado com sucesso na cultura da cana em relação ao manejo da interferência das plantas daninhas é o uso de diferentes ativos herbicidas pré-emergentes. Isto possibilitou um nível baixo de resistência de plantas daninhas comparativamente a cultura da soja, por exemplo. Porém, a resistência a ativos herbicidas em cana foi detectada recentemente e o uso de associações herbicidas se fez necessário, acarretando em resultados bastante satisfatórios, como no caso do manejo da Digitária nuda.

Devido à complexidade quanto ao ritmo de colheita da safra da cana, que acontece durante todo o ano, com plantio também em épocas distintas, o nível de atenção quanto ao tipo de ativo herbicida a ser usado é fundamental para o sucesso do manejo da mato competição, assim como para determinar sua capacidade em oferecer controle e residual considerando aspectos do ambiente, como época de uso, tipo de infestação presente e tipo de solo. Dessa forma, as novas operações sobre as socarias, no caso o recolhimento da palha e novos sistemas de plantio, como o MPB por exemplo, indicam a necessidade de novas formas de manejo para o herbicida em cana.

A seguir enumero alguns dos fatores que devem ser levados em consideração ao adotarmos o manejo moderno de herbicidas para a cultura da cana:

– Foco na aplicação de pré-emergência, recomendando aplicações antecipadas;

– No caso de chuvas excessivas, escolher herbicidas que possuam solubilidades mais baixas, visando elevada absorção e redução da lixiviação;

– Na palha o que rege o comportamento é o Kow (conceito de partição), então, é preciso buscar ativos herbicidas com características que demonstrem baixo potencial de adsorção;

– Calibrar a dose em função do tipo de solo, época de aplicação durante o ano agrícola e segmento de uso é fundamental para o sucesso do tratamento herbicida;

– Observar se o herbicida possui efeito residual que impede a rotação de culturas. Isso é importante para a alocação do tratamento herbicida em ciclos de cortes mais avançados, como os que antecedem a reforma do canavial;

– Visualizar tratamentos no pré-plantio, como PPI ou dessecação com pré-emergente, que auxiliam na redução do banco de sementes e consequentemente na emergência das plantas daninhas, reduzindo o potencial de infestação;

– Buscar herbicidas para o plantio que ofereçam residual consistente e amplo espectro de controle de plantas daninhas (para folhas estreitas e folhas largas), principalmente em plantios com espaçamentos alternados, onde a necessidade de residual de controle nas entrelinhas deverá ser maior;

– E buscar herbicidas para época seca com características físico-químicas compatíveis com a época de uso (baixa volatilidade, mínima fotodegradação, elevada absorção e média/alta solubilidade).

Estes conceitos de uso podem construir uma plataforma de tratamento herbicida consistente, podendo auxiliar nas novas demandas necessárias do manejo moderno sobre a mato competição em cana, levando em conta tanto a necessidade quanto o controle efetivo (espectro e residual) aliado a seletividade para a cultura.

*Paulo Donadoni é gerente de Estratégia de Marketing da Bayer para Cana-de-açúcar no Brasil

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