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Manejo pós-incêndios e seca: programa inédito traz ganhos em produtividade para os canaviais
Uso de produtos biológicos implementados em quase 2 milhões de hectares de cana-de-açúcar mostraram ganhos de produtividade de mais de 7 t/ha
O fogo que atingiu os canaviais do Centro-Sul do Brasil vai exigir que usinas e produtores de cana busquem ferramentas que os auxiliem a recuperar não só a produtividade dos canaviais atingidos pelo fogo, como também da saúde dos solos. Os incêndios prejudicaram não só os canaviais recém-colhidos, como também os que estavam em desenvolvimento, uma vez elimina os procedimentos de tratos culturais como adubação e controle de plantas daninhas realizados previamente, por exemplo, além de interferir na microbiologia do solo, afetando a população de microorganismos e matéria orgânica.
“Devido ao ano seco, as brotações já estavam sendo penalizadas e os incêndios acabaram por incrementar as dificuldades para o desenvolvimento das plantas, afetando não só a safra atual, como também a futura, inclusive no que diz respeito à disponibilidade de muda. Devido ao cenário desafiador para brotação da cana, poderemos ter uma taxa de reforma de canaviais maior na próxima temporada”, afirma Ricardo de Almeida, especialista de BioRacionais da Sumitomo Chemical em entrevista exclusiva à RPAnews.
De olho neste cenário difícil de recuperação, a Sumitomo Chemical, líder global no desenvolvimento de BioRacionais, traz ao setor canavieiro um programa de manejo inteligente que permite explorar o máximo potencial do canavial. O programa, chamado de Cana+, une tecnologias de origem natural para saúde de solo e manejo hormonal, que permitem explorar o máximo potencial do canavial.
A companhia, com forte tradição no manejo hormonal em cultivos de alta tecnologia como a maçã e uva, desenvolveu programas de manejo fisiológico para as principais culturas do agronegócio brasileiro, com a cana-de-açúcar, a soja, o algodão e o milho. De acordo com Eduardo Rossini, gerente de Marketing de BioRacionais Brasil da Sumitomo Chemical, para a cana-de-açúcar o programa CANA+ integra soluções para saúde de solo e manejo hormonal para melhor emergência e enraizamento, além de forte estímulo ao desenvolvimento de colmos, melhor manejo do florescimento, maturação e colheita.
“Os BioRacionais são soluções que a Sumitomo Chemical busca na natureza para múltiplos benefícios na operação, qualidade e produtividade de diversas culturas. Eles incluem biofungicidas, bioinseticidas e bionematicidas para proteção de cultivos, além de reguladores de crescimento e bioestimulantes para o manejo fisiológico das plantas. Também fazem parte dessas tecnologias, os condicionadores de solo, que contribuem para a captura de carbono, e os bioinoculantes, usados no tratamento de sementes e no sulco de plantio, promovendo uma agricultura mais sustentável e eficiente”, adiciona.
Mais produtividade com viabilidade econômica
A estrela do programa Cana + é o ProGibb®, um regulador de crescimento de origem natural, certificado para agricultura orgânica pelo IBD (Instituto de Biodinâmico). A tecnologia, segundo Rossini, diferencia-se dos demais bioestimulantes uma vez que é registrado como defensivo agrícola, ou seja, é possível saber com exatidão a sua composição com base nas informações da bula.
Almeida explica que o produto é composto por GA3 (ácido giberélico três) com 40% de concentração. A giberelina é responsável pela síntese de duas enzimas: alfa-amilase e a xiloglucanoendotransglicosila (XET). A primeira, é responsável por transformar amido em açúcar e segunda, tem o papel de flexibilizar a parede celular, favorecendo a entrada de água – daí a recomendação de uso da tecnologia em época úmida, com disponibilidade de água no solo e plantas fisiologicamente ativas.
Dessa forma, ao entrar na célula, a água expandirá o tamanho da célula (alongando-a), até o momento em que ela se dividirá. “Portanto, as plantas que receberam a aplicação do ProGibb®️ possuem células maiores e em maior número e esse cenário implica em maior desenvolvimento vegetativo. Esse efeito possui duração de aproximadamente 30 dias, permitindo que observemos de três a quatro entrenós mais desenvolvidos”, explica Almeida, que destaca que planta deve ter pelo menos dois entrenós visíveis acima da superfície do solo. Isto porque, a tecnologia funciona do momento da aplicação para os próximos entrenós se desenvolverem, não tendo efeito nos entrenós já formados no momento da aplicação.
“Seja devido aos incêndios ou pelo clima mais desfavorável, ou ainda pela combinação dos dois, a safra atual está com canaviais com baixo desenvolvimento e esse cenário impactará fortemente a safra 2025/26. Acreditamos que a utilização de ProGibb®️, agora no verão, irá contribuir para o acúmulo de biomassa e, consequentemente, de produtividade para safra seguinte, principalmente devido à possibilidade de trabalharmos com duas aplicações (com intervalo mínimo de 30) com excelente viabilidade econômica. Essa é uma das tecnologias com melhor custo-benefício disponível hoje para o setor”, salienta Almeida.
Segundo Rossini, mais de 2 milhões de hectares de cana-de-açúcar no Brasil foram tratados com essa tecnologia, resultando em um aumento médio de quase 7 toneladas por hectare. “Esse volume permite produzir etanol suficiente para abastecer 20 milhões de veículos. Além disso, a cogeração de energia a partir desse aumento de produtividade poderia suprir uma cidade com 300 mil habitantes, única empresa com um manejo fisiológico inteligente que atua em diferentes fases do desenvolvimento da cana”, acrescenta.
Em média, o custo de aplicação do produto é de R$ 35 por hectare, isto porque ele pode ser aplicado junto a outras tecnologias como inseticidas ou nutrição foliar, ou seja, não há custo operacional adicional para utilização da tecnologia. “Hoje temos uma base sólida de resultados, construída junto aos principais fisiologistas do setor, como Carlos Crusciol (UNESP Botucatu), Carlos Azânia (IAC), Michel Fernandes (MS Fernandes consultoria), Nilceu Cardozo (Solucrop) e Paulo Figueiredo (UNESP Dracena), que comprovam um expressivo aumento de produtividade de colmos. São mais de 200 áreas auditadas, com percentual de vitórias superior a 95%, ou seja, com incremento médio de 6,36 TCH com uma única aplicação”, observa Rossini.
A recomendação é utilizar o produto após o início das chuvas, aguardando as plantas saírem do estresse provocado pela seca. A água é fundamental para que ocorra o processo de expansão e divisão celular. “O colmo precisa ter no mínimo, dois entrenós formados, visíveis, acima da superfície do solo e recomenda-se aplicação junto com espalhante adesivo e em intervalo mínimo de 30 dias entre a primeira e segunda aplicação, ou utilização de outro regulador de crescimento como inibidor de florescimento ou maturador. A dose seria 7,5 gramas/hectare”, explica Almeida.
Dentro do programa Cana+, a companhia também oferece o Impulse, um regulador de crescimento composto por 48% de etefon, que é uma espécie de matéria-prima para a produção de etileno. Quando aplicado via folha, seu objetivo é inibir o florescimento e reduzir a isoporização. Quando utilizado em sulco de plantio, tem objetivo de acelerar a brotação e favorecer o desenvolvimento dos perfilhos.
De acordo com João Paulo Pivetta (JP Pivetta Consultoria), as perdas proporcionadas pelo florescimento e isoporização podem chegar até 13 toneladas e cana por hectare. “Então, ao se fazer a utilização do Impulse, estamos fazendo um seguro contra perdas, impedindo que a produtividade que foi construída durante toda a safra sofra reduções”, destaca Almeida.
Tecnologia para desenvolvimento radicular da cana
Para desenvolvimento do sistema radicular, a companhia traz outra tecnologia inédita em grande escala e em terras nacionais. Trata-se uma solução composta por quatro espécies de fungos micorricos abusculares que tem a função de promover uma relação simbiótica com a planta, de forma que ao incrementar a absorção de água e nutrientes para a planta, fazendo com que a a mesma “remunere” os fungos em carbono, na forma de açúcar.
A tecnologia se chama EndoMaxx e, além de atuar como uma extensão das raízes, incrementa a diversidade de microorganismos no solo, melhora a sua estrutura e torna a planta mais resiliente às adversidades. O EndoMaxx foi testado em dezenas de campos nas diferentes regiões canavieiras do Brasil e tem apresentado um incremento médio de 9,8 toneladas de cana por hectare.
“Nas áreas acompanhadas é possível verificar que o EndoMaxx®️ incrementou a micorrização do solo e também aumentou o teor de glomalina, que é a evidência da atividade de fungos micorrízicos. Ao pensarmos no P, é importante lembrarmos que estamos falando de um nutriente pouco móvel no solo e através das extensões das raízes proporcionadas pela utilização de EndoMaxx, a planta explora um maior volume de solo, podendo acessar P em locais mais distantes e/ou em microporos. Importante destacar que há grande interação com a absorção de Nitrogênio, uma vez que, esse nutriente é perdido por lixiviação e volatilização”, salienta Almeida.
A recomendação desta tecnologia é de uma aplicação de 0,150 L/ha, utilizado em sulco de plantio ou corte de soqueira. A média de incremento produtivo é de 9,72 toneladas de cana por hectare. Segundo a Sumitomo, a tecnologia traz um retorno sobre o investimento de aproximadamente 10 vezes, valor que, segundo Almeia, é baseado no valor da tonelada de cana versus o custo do produto.
Setor cresce em biológicos
O setor sucroenergético brasileiro tem apostado cada vez mais em produtos biológicos e, segundo Almeida, já é um exemplo global de agricultura sustentável. “Estamos falando de uma atividade de gera créditos de carbono e que há muitos anos trabalha com controle biológico através de Cotésia e Metharrizium, por exemplo”, afirma.
O uso de produtos biológicos como os oferecidos pela companhia ainda podem ajudar na geração de Cbios para as usinas. Para se ter uma ideia, em média, para um Cbio são necessárias aproximadamente 6 toneladas (isso pode variar de acordo com a nota de eficiência apresentada pela RenovaCalc), que é justamente a média de incremento produtivo proporcionada pelo ProGibb, por exemplo, segundo o especialista da Sumitomo.
“Em outras palavras, além de todo benefício agroindustrial proporcionado, ProGibb®️ pode incrementar a emissão de Cbios, agregando ainda mais valor ao usuário. Numa conta simples, se pensarmos que um Cbio vale por volta de R$100 e a solução custa R$35 por ha, o benefício financeiro pode ser ainda maior, quando levamos o sequestro de carbono em consideração”, explica Almeida que ainda destaca que a companhia quer intensificar sua participação nesse mercado de biológicos.
“Queremos entrar com tecnologias disruptivas, como ProGibb®️ e EndoMaxx®️. Temos planos para um maturador hormonal que ofereça maior flexibilidade de uso, assim como um novo inibidor de florescimento, mais seguro e mais amigo do meio ambiente. Em breve, poderemos trabalhar com essas tecnologias. Há quatro anos atrás, a área tratada com ProGibb era de aproximadamente 200 mil hectares e hoje, somos líder de mercado, com mais de 2 milhões de ha tratados”, conclui.
Natália Cherubin para RPAnews
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