O mercado de créditos de descarbonização (CBios) continua sendo influenciado pelas notícias sobre possíveis mudanças nas regras do programa RenovaBio e liminares judiciais. No entanto, a atual fraqueza é atribuída, principalmente, ao excesso de oferta. As vendas de etanol hidratado superaram as expectativas em março e abril, tanto no Centro-Sul quanto no Nordeste, elevando a produção e, consequentemente, a oferta de CBios. Os dados são do último relatório do Itaú BBA.
O relatório destaca também o impacto do desconto às distribuidoras pela adesão a contratos de longo prazo, o que reduziu as metas individualizadas em 1,5 milhão de CBios. Apesar disso, o cenário não deve se manter por todo o ano. A estimativa do Itaú BBA é de queda de 4% nas vendas de etanol combustível em 2025 em relação a 2024, enquanto a participação do etanol de milho deve crescer de 23% para 29% do total. Apesar das notas de eficiência energética semelhantes entre etanol de milho e de cana, o volume elegível de milho é menor — 67% contra 88% para a cana, conforme dados da ANP. Com isso, o banco projeta uma geração de 33,2 milhões de CBios a partir do etanol em 2025.
Já a geração de CBios a partir do biodiesel deve crescer 4% no próximo ano, considerando o B14 até o fim do ano, alcançando 7,4 milhões de CBios. Somados aos 200 mil créditos gerados pelo bio-GNV, a projeção total de geração em 2025 é de 40,8 milhões de CBios.
O relatório aponta que a soma das metas individualizadas de 2025 é de 49,5 milhões de CBios, mas estima que 10,6 milhões não sejam aposentados por distribuidoras inadimplentes. Dessa forma, o volume aposentado deve ser de 38,9 milhões de créditos. No balanço geral, a expectativa é de um aumento de 2,1 milhões nos estoques finais de CBios em 2025 em comparação a 2024, totalizando 18,5 milhões de créditos.
As vendas de etanol hidratado — que mais geram CBios — devem recuar nos próximos meses, segundo o Itaú BBA. A projeção é de queda nos depósitos mensais de CBios de uma média de 3,5 milhões no primeiro semestre para 3,3 milhões no segundo. Com isso, os fluxos devem se alinhar com as compras mensais da parte obrigada. Esse movimento pode sustentar os preços dos CBios nos próximos meses, especialmente no quarto trimestre, em contraste com a dinâmica recente.
Preços e volume de negócios
O relatório do Itaú BBA destaca que os preços dos CBios seguem em tendência de queda. Em maio, houve retração de 10,9%, encerrando o mês em R$ 59,70 por CBio negociado na B3. A média do ano-meta 2025 está em R$ 71,70 por CBio, queda de 11% em relação ao ano-meta 2024.
Em abril, foram negociados 5,49 milhões de créditos, 11% acima de março, mas 5% abaixo do mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano calendário 2025, foram negociados 33,65 milhões de CBios, 7% abaixo do mesmo período de 2024.
Conforme dados da B3 citados pelo relatório do Itaú BBA, o volume de CBios depositados em maio foi 1% superior ao mesmo mês de 2024, alinhado ao mês anterior, totalizando 3,47 milhões de títulos. No acumulado entre janeiro e maio, foram depositados 17,89 milhões de CBios, aumento de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Balanço de oferta e demanda
O relatório indica que em abril os estoques de CBios cresceram 3,31 milhões, totalizando 28,14 milhões de créditos em 31 de maio. Entre os distribuidores obrigados, os estoques aumentaram 2,68 milhões no mês, chegando a 11,65 milhões de CBios. Já entre os emissores, o crescimento foi de 558 mil, atingindo 16,29 milhões.
Até maio, a parte obrigada já havia aposentado 6,21 milhões de CBios no ano-meta 2025, sendo 155 mil em maio. Considerando os 181 mil créditos aposentados antecipadamente no ano-meta 2024, a parte obrigada já comprou 18,04 milhões de CBios no ano-meta 2025, em relação à meta total de 49,5 milhões.