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Mix de etanol nas usinas do Centro-Sul avançou 2,50% uma semana após os incêndios

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Os incêndios que atingiram fortemente os canaviais do Centro-Sul do País no mês de agosto, mais especificamente o Estado de São Paulo, trouxeram impactos na produtividade média dos canaviais, que recuaram 1,66%, caindo de 85,63 t/ha na primeira quinzena de agosto, para 78,83 t/ha na segunda quinzena. A queda foi além do valor esperado para o período, segundo análise do Pecege.

Um dos maiores impactos ocorreram na qualidade da matéria-prima. Na semana após os incêndios, o índice de pureza do caldo caiu 0,51%, de 84,91% para 84,40%. Ainda de acordo com o último boletim de setembro do Pecege, o mix de etanol avançou 2,51% na semana após os incêndios do final de agosto, passando de 39,01% para 41,55%. Os dados mostram também que o teor de fibra sofreu ligeira alta de 0,16%, valor além do esperado em função da sazonalidade do período, subindo de 12,61% para 13,09%.

De acordo com Haroldo Torres, gerente de Projetos do Pecege,  a cana queimada apresenta níveis mais baixos de sacarose e maior  concentração de impurezas, em especial de cinzas e terra, o que dificulta o processo de extração e produção de açúcar e etanol. “Temos visto, com isso, uma redução da produtividade ou do rendimento industrial, ou seja, com menor rendimento de açúcar por tonelada de cana prensada, o que impacta a oferta de açúcar, que já vinha em morte súbita em função da qualidade do canavial. A esse fenômeno se soma um rendimento industrial que vai ser impactado. Além disso, é preciso lembrar que a presença das impurezas, como fuligem e cinzas também aumenta o desgaste dos equipamentos industriais, o que eleva o custo de manutenção e reduz a eficiência do processo produtivo”, observa o especialista.

O Pecege realizou uma análise de sensibilidade da perda teórica de açúcar estimada com base na área de canaviais atingidos por queimadas e no percentual de massa perdido devido à queima da cana-de-açúcar. Exemplificando, para uma área de 210 mil hectares de canavial queimado que ainda será colhido nesta safra, e considerando uma perda média de 20% da massa, o Pecege estimou uma redução de aproximadamente 196 mil toneladas de açúcar na produção desta safra (2024/25).

Reflexo no preço do ATR

Diante da possível redução na oferta de açúcar devido à queda na produção no Centro-Sul, o Pecege elaborou um cenário de valorização do açúcar no mercado internacional. Neste cenário, o contrato de março/25 do NY#11 foi projetado a US$ 22,50/lb a partir de outubro, mantendo-se constantes todos os demais fatores que influenciam o preço da matéria-prima.

Neste contexto, o Pecege chegou a conta de que o preço médio do VHP ao final da safra seria de R$ 115,31/sc, e o do cristal, R$ 138,69/sc. Consequentemente, o preço de fechamento do ATR da safra 2024/25 passaria de R$ 1,1708 (cenário base) para R$ 1,2023.

“Do ponto de vista agrícola, as queimadas poderão comprometer a rebrota da cana, resultando em menores produtividades nos ciclos subsequentes e, se o fogo foi muito forte a ponto de danificar a soqueira, vai ser necessário que o produtor faça a reforma prematura do seu canavial, o que aumentará os custos e comprometerá as produtividades futuras. Não serão só impactos de tratos culturais, que vão ter que ser refeitos, mas também antecipação da reforma. Tanto do lado agrícola quanto industrial, são dois grandes pênaltis que refletem no preço do açúcar e do etanol”, afirmou Torres.

Natália Cherubin para RPAnews

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