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Grandes montadoras investem em veículos híbridos flex

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Vendas de híbridos flex mais que dobraram no Brasil nos últimos 2 anos. Segundo dados da ABVE, do total de 19.579 veículos leves eletrificados emplacados nos 4 primeiros meses deste ano, 7.775 eram híbridos flex

Mais um anúncio, agora da montadora coreana Kia, sobre um modelo de veículo híbrido flex para o mercado brasileiro, mostra o compromisso das fabricantes de automóveis em trazer soluções que unam eletrificação com motores a combustão, mas como foco em uso de biocombustíveis, já que o Brasil tem o etanol como uma das soluções para uma mobilidade mais sustentável.

Os carros híbridos flex estão na liderança do segmento brasileiro de eletrificados. De acordo com dados da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), no 1º quadrimestre de 2023, os veículos leves com a tecnologia apresentaram 39,7% de participação de mercado.

A KIA, que já oferecia ao mercado modelos híbridos com gasolina, anunciou ontem, 31, que se prepara para começar a vender no Brasil o primeiro carro 1.0 híbrido flex. O modelo híbrido será importado e poderá ser abastecido também com etanol. De acordo com a companhia, o plano é começar a vender o veículo em 2025.

Segundo o presidente da Kia no Brasil, José Luíz Gandini, em entrevista para a Reuters, durante evento em comemoração dos 30 anos da marca no país. A Kia hoje concentra-se em modelos de luxo, com foco em híbridos e elétricos.

De acordo com o presidente da Kia do Brasil, com o desenvolvimento de um híbrido a etanol, a Kia quer adequar sua linha nos países que buscam em biocombustíveis alternativas à eletrificação, como é o caso do Brasil.

O carro híbrido funciona com dois motores — um elétrico e outro a combustão —, que se alternam dependendo do uso. O motor a combustão também ajuda a carregar o elétrico. Já o automóvel 100% elétrico precisa de carregador ou tomada.

A marca também quer incluir modelos 100% elétricos na linha de veículos vendidos no Brasil. Segundo Gandini para o jornal Valor, o modelo EV9, um utilitário esportivo de grande porte, e uma versão totalmente elétrica do utilitário esportivo compacto Niro, vendido hoje no Brasil na versão híbrida, estão num navio vindo para o país para homologação.

Hoje, os híbridos flex disponíveis no Brasil são produzidos localmente pela Toyota e CAOA Chery. A Toyota foi pioneira em oferecer um veículo híbrido flexível – que combina a alta eficiência do motor elétrico com a baixa emissão de carbono proveniente do etanol combustível. O primeiro híbrido flex do mundo – o Corolla Sedan – foi lançado no Brasil em 2019.

“O mundo passa por momento de enfrentamento ao aquecimento global. Várias empresas e montadoras de automóveis estão trabalhando fortemente no lançamento e desenvolvimento de tecnologias com redução das emissões de CO2. A Toyota começou bem antes esse movimento. Em 1997, nós lançamos o primeiro carro híbrido do mundo, que foi o Prius”, afirmou Roberto Braun, diretor de Relações Governamentais da Toyota do Brasil para podcast do Estadão.

A Toyota já vendeu mais de 20 milhões de carros eletrificados. Essas tecnologias contribuíram para reduzir as emissões de CO2 em 160 milhões de toneladas. A Toyota também desenvolve carros híbridos convencionais, 100% elétricos, com tecnologia de célula de combustível a hidrogênio, entre outros.

Segundo Braun, para cada país existe uma tecnologia adequada. São levados em consideração fatores como matriz energética, infraestrutura de recarga disponível para abastecimento, poder de compra do consumidor e até disponibilidade de biocombustíveis. E, levando em consideração esses fatores, o híbrido flex é o que melhor se encaixa na realidade brasileira.

“É uma solução que reduz de 30% a 40% as emissões de poluentes e o consumo de combustível. É uma solução prática, porque dispensa a recarga externa. É uma solução sustentável e é a solução mais acessível de eletrificação no Brasil”, disse em entrevista ao Estadão.

Outra vantagem do carro híbrido flex é que ele não exige mudanças de rotina. Basta ir ao posto e abastecer o carro – e o etanol é um combustível disponível hoje em todo o território nacional. “O sistema é inteligente e automático”, explicou Braun ao jornalista Tião Oliveira, editor do Jornal do Carro e do Estradão.

O carro híbrido flex funciona com alternância automática dos motores. De acordo com Braun, o motorista sai da inércia e chega a 40km/h usando um motor elétrico – e aí já se dão reduções na emissão de CO2 e no consumo. A partir daí, ele aciona o motor a combustão e vai alternando, automaticamente, o ciclo de rodagem buscando a melhor eficiência e o menor consumo de combustível. Diferente dos carros 100% elétricos, a bateria do carro híbrido flex é autocarregável.

Até 2025, a Toyota planeja lançar uma versão híbrida de cada modelo da frota. A montadora também anunciou investimentos de R$ 1,63 bilhão no desenvolvimento de um novo veículo compacto híbrido flex, além de um aporte de R$ 61,8 milhões na atualização de outro modelo.

Stellantis terá híbridos flex em marcas Fiat e Jeep 

A Stellantis, fabricante de marcas como Jeep, Fiat e Peugout, decidiu adotar a hibridização com motores flex gasolina/etanol em três níveis de projeto e preço, guardando para a etapa final o modelo 100% elétrico.

Os três primeiros produtos a empresa chama de Bio-Hybrid, Bio-Hybrid e-DCT e Bio-Hybrid Plug-in. De acordo com a Stellantis, a tecnologia estará disponível de início para as marcas Fiat e Jeep, embora não tenha informado em que marcas ou modelos devem estrear.

A primeira opção substitui o motor de partida e o alternador. Segundo informações divulgadas pela Stellantis, vai operar com a bateria convencional de chumbo-ácido e outra de íons de lítio (menos de 1 kWh), ambas de 12 volts. O recurso liga/desliga o motor terá operação silenciosa e possivelmente poderá desligar o motor abaixo de 20 km/h para economizar combustível. O acréscimo de potência será de 3 kW (4 cv), difícil de perceber no dia a dia, mas não elevará tanto o preço de venda.

Antonio Filosa, presidente da Stellantis para América do Sul, disse em entrevista que haverá apenas dois lançamentos ao longo de 2024. Acredita-se que poderão estrear no Fiat Pulse e no Jeep Renegade.

O sistema e-DCT vai se aplicar aos modelos com câmbio automatizado de duas embreagens. Neste caso haverá um segundo motor elétrico de 16 kW (22 cv) totalizando 19 kW (26 cv), mas trabalhará com arquitetura elétrica de 48 V e bateria de íons de lítio de 1 kWh de capacidade. Esse sistema híbrido é mais caro e deve ser reservado para modelos como o Fiat Fastback, o Jeep Renegade de topo e o Jeep Compass em 2025.

O passo mais adiante da companhia serão os Bio-hybrids Plug-In, que serão híbridos flex plugáveis com arquitetura elétrica de 380 V, bateria de íons de lítio de 12 kWh e cujo motor elétrico adicionará 44 kW (60 cv) ao trem de força. A Stellantis também manteve sob sigilo a potência e o torque combinados do motor a combustão e elétrico, bem como o alcance só no modo elétrico e o alcance total. Deverá ser reservado ao SUV Jeep Commander e a expectativa é de que chegue ao mercado no final de 2025.

A Stellantis também trabalha um modelo 100% elétrico (BEV), embora deva utilizar inicialmente arquitetura monobloco derivada de motor a combustão.

Já a CAOA Chery, além de usar o sistema híbrido-leve nos modelos Tiggo 5X Pro Hybrid, Tiggo 7 Pro Hybrid e Arrizo 6 Pro Hybrid, combinando um motor 1.5 quatro cilindros turbo flex a um pequeno motor elétrico que substitui o alternador, oferece o Tiggo 8 Pro PHEV, o único carro híbrido da companhia.

Enquanto os modelos híbridos-leves são alimentados por uma segunda bateria de 48V, que é independente da bateria do motor a combustão, o Tiggo 8 Pro tem também motor 1.5 quatro cilindros turbo, mas só alimentado por gasolina – enquanto Tiggo 5X Pro Hybrid, Tiggo 7 Pro Hybrid e Arrizo 6 Pro Hybrid são flex.

São 156 cv e 23,45 kgfm providos somente pelo motor a combustão. O conjunto total rende 317 cv e 56,6 kgfm. Contudo, ele combina a força do 1.5 turbo a dois motores elétricos, que são  capazes de mover o Tiggo 8 Pro por até 77 km. Por ser híbrido do tipo plug-in, o Tiggo 8 Pro pode ser carregado na tomada ou se carregar sozinho através do motor a combustão.

Fabricante mostrou três arquiteturas híbridas e uma elétrica (Stellantis/Divulgação)

Vendas de híbridos dobraram

As vendas dos automóveis híbridos flex mais que dobraram no Brasil nos últimos 2 anos. Segundo dados da ABVE, do total de 19.579 veículos leves eletrificados emplacados nos 4 primeiros meses de 2023, 7.775 eram híbridos flex, aponta a associação.

No mesmo período de 2021, foram vendidas 3.360 unidades com a solução. Com base nos números divulgados pela ABVE, 5.983 unidades da Toyota com a tecnologia foram vendidas de janeiro a abril de 2023 no país, somando os modelos Corolla Cross e Corolla sedã.

Natália Cherubin, com informações da Quatro Rodas e Valor Econômico
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