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Agrícola

MPB se consolida como importante ferramenta para produtores de cana

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Por: Rubens L. do C. Braga Jr.*; Marcos G. A. Landell**; Mauro A. Xavier***

O setor de produção de cana-de-açúcar no Brasil enfrenta historicamente grandes desafios. Para contrapor a essas dificuldades, conta com o trabalho das instituições de pesquisa e desenvolvimento, como o Instituto Agronômico, através de seu Programa Cana IAC.

O trabalho desses “atores tecnológicos” busca, invariavelmente, estratégias que promovam aumentos nas produtividades agroindustriais. A adoção de novas práticas, propostas pelos órgãos de pesquisa da cana-de-açúcar, podem impulsionar, de maneira significativa, a produtividade dos nossos canaviais.

Utilizando-se das parcerias e interações, novas tecnologias vão sendo incorporadas as rotinas das empresas do setor sucroenergético. Uma delas é o sistema de multiplicação das mudas pré-brotadas (MPB).

Visando estudar a evolução de algumas dessas novas práticas, o Programa Cana IAC, pertencente à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, vem realizando, nos últimos quatro anos, uma pesquisa para quantificar quais dessas novas práticas tem sido utilizadas nas áreas de renovação dos canaviais brasileiros.

Nesses quatro anos de levantamento houve crescimento no número de empresas que responderam o questionário e na área de renovação amostrada, demonstrando que os produtores brasileiros estão interessados em conhecer as novas práticas propostas para o setor (Figura 1).

Figura 1 – Evolução do número de questionários respondidos e área de renovação amostrada, nos quatro anos de realização da pesquisa.

No ano de 2020, tivemos a participação de empresas produtoras de dez estados: Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, São Paulo e Tocantins, representando a grande maioria dos estados produtores brasileiros.

A primeira questão estudada na pesquisa se refere à origem das “mudas” utilizadas nos plantios comerciais (Figura 2). Podemos observar que, infelizmente, a grande maioria das áreas de renovação (74%) ainda será plantada com “mudas” originárias de canaviais comerciais.

Essa prática pode resultar na transmissão e propagação de doenças e pragas, e assim promover a diminuição da produtividade das futuras colheitas, em função da condição fitossanitária dos novos canaviais.

Por outro lado, os dados coletados deixam evidente as oportunidades de ganho de produtividade, caso haja um cuidado maior no momento de implantação do canavial, com adoção das práticas que garantam mudas de qualidade associado à utilização de variedades mais modernas, e portanto, com um potencial de produção maior.

Figura 2 – Origem das mudas nas áreas que serão plantadas em 2020.

Os dados dão evidência para a ampla aceitação que as MPB tem alcançado entre os produtores do setor canavieiro. Nessa pesquisa, além do grande avanço que os produtores deverão dar no uso das MPB, atingindo 9,2% das áreas de plantio em 2020, vale destacar, também, o aparecimento na pesquisa da nova tecnologia Emerald da Syngenta.

Essa ampliação das MPB está associada ao aumento do uso da MEIOSI que foi de 42% em relação ao ano passado, pois 37% das empresas que utilizam a MEIOSI, farão o plantio da linha mãe com MPB.

O sistema MPB, que é uma tecnologia desenvolvida pelo Instituto Agronômico, está difundido pelos estados produtores de cana-de-açúcar de todo o Brasil. Na pesquisa 87% das empresas responderam que irão usar as MPB em 2020.

Pela Figura 3 constatamos que quando essa questão foi segmentada por região, todas elas indicaram resposta positiva superior a 80%, exceto a região de São José do Rio Preto no estado de São Paulo.

Figura 3 – Empresas que deverão ou não utilizar a tecnologia MPB em 2020.

Na pesquisa foi estudada, também, a época preferencial para o plantio das MPB em 2020. A maioria (43,5%) das mudas serão plantadas no final do ano (entre setembro e dezembro), em seguida foi escolhida a época entre maio e agosto (39%).

No primeiro quadrimestre (entre janeiro e abril) serão plantadas apenas 17,5% das mudas no sistema MPB. Esses indicadores retratam a sinergia da integração entre os sistemas de multiplicação, MPB e MEIOSI.

Da mesma forma indica que há espaço para ampliar a utilização das MPB e atualizações do processo para a formação de áreas de CANTOSE, ou mesmo no plantio de pequenas áreas de renovação dos canaviais, opção no momento para pequenos e médios produtores fornecedores de cana-de-açúcar.

Figura 4 – Época em que o plantio das MPB será realizado em 2020.

 É interessante observar que além de ter o propósito de garantir o uso de mudas de qualidade, o que acarreta na maior longevidade dos canaviais, o plantio das MPB tem a capacidade de facilitar a rápida introdução de novas variedades.

Considerando as 18 variedades que serão mais plantadas no sistema MPB em 2020, percebemos que treze (13) foram liberadas, pelos programas de melhoramento para o plantio comercial na última década, sendo que 8 delas (CTC9004M, CTC9006, IACSP01-5503, RB005014, RB975033, RB975242, RB975375 e RB985476) foram liberadas nos últimos cinco anos.

Figura 5 – Proporção de plantio das MPB por variedade em 2020.

Outro aspecto que deve ser ressaltado, pois apresentou uma mudança significativa em 2020, foi o aumento da proporção de empresas com produção própria das MPB. O Instituto Agronômico (IAC), através do Programa Cana, realizou nos últimos anos a capacitação de aproximadamente 900 profissionais no sistema de produção MPB.

Para tanto, tem oferecido treinamentos específicos na produção das MPB e desenvolve projetos de pesquisa que possibilitam a atualizações constantes no método e sua utilização a campo. Essas iniciativas dos pesquisadores do IAC, integrando a pesquisa ao cotidiano do produtor de cana, já está refletindo na dinâmica de produção e utilização das MPB.

Figura 6 – Proporção de empresas que possuem produção própria das MPB em 2020.

A equipe do Programa Cana IAC agradece a confiança depositada pelos produtores que responderam os questionários enviados. Essa grande adesão permitiu a geração de importantes análises estratégicas para o setor canavieiro.

* Consultor do Programa Cana IAC
** Coordenador do Programa Cana IAC
*** Pesquisador científico do Programa Cana IAC

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