Passei boa parte da minha vida profissional competindo com a Shell. No Brasil, fora do Brasil… onde tinha bandeira vermelha e amarela, tinha disputa dura. E posso dizer com tranquilidade: nunca foi fácil. Era uma marca forte, com padrão firme, compliance de verdade e uma revenda engajada.
Hoje, olho com admiração a movimentação da nova liderança da Raizen. O novo CEO entrou com coragem —e foco.
Reduziu níveis, devolveu agilidade, trouxe ânimo e está colocando a revenda de volta no centro da conversa e da liderança em todo o Brasil.
A resposta está aí: revendedores mais confiantes, equipes mais conectadas, energia boa na cidade e na rodovia.
Como dizia o compadre Edmundo, lá em Bocaiuva: “Liderança boa é igual fogão a lenha: se acerta a trempe, o resto cozinha que é uma beleza.”
Mas é impossível não olhar pro lado. E como bom vizinho( não fofoqueiro) ,a gente escuta até o que não é dito na cozinha e no quarto de casal do vizinho.
O que está acontecendo com o agro na Raízen — especialmente depois do corte da PLR — deixou muito mais que um ruído. Deixou uma pergunta sem resposta.
Decisões difíceis precisam vir acompanhadas de boas explicações — senão, até o acerto soa estranho.
Se até quem está fora da casa percebe o desconforto, imagina quem está dentro?
Num setor como o nosso — onde o campo sustenta, planta, colhe e entrega — o diálogo não é luxo. É base.
E o agro é mais que fornecedor. É parte da alma da Raízen. Não é crítica. É zelo.
Porque torço pra Raízen reencontrar o fio da conversa com quem está no campo e seguir firme, inspirando pela simplicidade com foco — e pela proximidade com quem veste a marca na pele. E quem ganha com isso é o mercado, o consumidor e o Brasil — quando uma gigante reencontra sua voz, sobe de novo ao púlpito da liderança e lembra por que é referência .
*Wladimir Eustáquio Costa é CEO da Suporte Postos, especialista em mercados internacionais de combustíveis, conselheiro e interventor nomeado pelo CADE, com foco em governança e estratégia no setor downstream.