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[Opinião] Shell e BP: Se essa união sair, nem o chá das 5 vai ser o mesmo…

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Você piscou… e o mercado global do petróleo começou a murmurar mais que mineiro em mesa de truco: a Shell estaria de olho na BP. Isso mesmo. A gigante anglo holandesa estaria cogitando engolir sua prima britânica, que anda com o valor de mercado mais magro que promessa de político em fim de mandato.

Segundo o jornal The Times e agências como Reuters e Exame, a Shell consultou assessores financeiros sobre uma possível aquisição da BP — que perdeu quase 30% de valor nos últimos 12 meses. O motivo? Um foco estratégico na transição energética que desagradou parte dos investidores e uma travessia financeira que anda mais turbulenta que estrada de terra em época de chuva.

A BP, que já foi uma das joias da coroa britânica no setor de energia, hoje vale cerca de £ 56 bilhões (uns US$ 74 bilhões). Já a Shell, com saúde de quem tomou vitaminas de dividendos nos últimos anos, está avaliada em £ 149 bilhões (cerca de US$ 197 bilhões). Uma eventual aquisição superaria, inclusive, a histórica compra da BG Group pela própria Shell em 2016 — lembrada até hoje como um dos maiores lances do setor.

Mas antes que você diga que o casamento tá marcado, calma lá: o CEO da Shell, Wael Sawan, jogou um balde de gasolina fria. Disse que, por ora, prefere recomprar ações da própria Shell, o que “dá mais retorno”. Mas deixou a porta entreaberta — igual vendedor de loja que diz “só tô olhando”, mas já pediu pra ver o preço do sapato.

Se esse negócio sair, estamos falando de uma união digna de novela das 9: duas marcas centenárias, com culturas e estratégias bem diferentes. E, claro, com o olhar atento de reguladores do mundo inteiro prontos pra perguntar: “vai dar certo esse trem ou vai virar um rolo só?”

Por enquanto, o que temos é especulação — mas especulação com pedigree. E quem trabalha no setor deve prestar atenção, porque um movimento desses pode chacoalhar o mercado como um terremoto de cana em safra errada.

No mais, fica a pergunta: será que a Shell vai mesmo colocar aliança no dedo da BP? Ou é só paquera de fim de expediente, daquelas que não resistem ao nascer do sol?

Seja como for… essa história ainda vai render mais capítulo que série de streaming.

(Fontes: Exame: Shell estuda compra da BP, diz agência/Reuters: Shell CEO prefere recompras a comprar a BP/ The Times (UK))

*Wladimir Eustáquio Costa é CEO da Suporte Postos, especialista em mercados internacionais de combustíveis, conselheiro e interventor nomeado pelo CADE, com foco em governança e estratégia no setor downstream.

As opiniões expressas nos artigos são de responsabilidade de seus respectivos autores e não correspondem, obrigatoriamente, ao ponto de vista da RPAnews. A plataforma valoriza a pluralidade de ideias e o diálogo construtivo.
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