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Petrobras conversa com 5 ou 6 usinas de etanol e quer ser ‘noiva disputada”

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Conversas com os possíveis parceiros para a produção de etanol estão em andamento, mas não há prazo para conclusão, diz Magda.

CEO da estatal fala em investir em biocombustível e diz que não vê sentido em abandonar um produto que concorre com a gasolina, cujas vendas tendem a cair com a transição energética.

As conversas entre a Petrobras e grandes produtores de etanol estão concentradas entre “cinco e seis empresas”, disse ao Estadão/Broadcast a CEO da estatal, Magda Chambriard. Em novembro passado, a executiva havia surpreendido o mercado ao anunciar a volta da companhia ao setor com o qual namorou na década de 1970. Cinco décadas depois, diz Magda, a estatal quer ser “uma noiva cobiçada” e não vê sentido em abandonar um combustível que concorre com a gasolina, um produto cujas vendas tendem a cair com a transição energética. “Nem só de eólica e solar vive o homem”, diz. “A gente tem no DNA a molécula.”

“Passamos os piores momentos do etanol, quando o etanol precisava de subsídio, precisava de a Petrobras bancar, precisava de tudo. No momento em que o etanol é o principal competidor da gasolina, eu saio do etanol e deixo o etanol de graça para terceiros?”, pergunta.

Magda quer garantir a relevância da estatal como produtora de energia nas próximas décadas, e para isso traz, desde o primeiro dia na empresa, a ideia de investir no biocombustível, hoje com uma mistura de 27% na gasolina, fatia que tende a crescer nos próximos anos. Segundo ela, a estatal atualmente é responsável por 31% de toda a energia primária (energia presente na natureza e que ainda não foi transformada ou convertida) no País. Daqui a 25 anos, prevê, a estatal estará dando a mesma contribuição, porém com 23% de energia fóssil e 8% de renovável.

“Se o Brasil vai crescer cerca de 55%, 60% nas próximas duas décadas e meia, e se a gente persistir do mesmo tamanho, nós vamos perder a importância relativa. Então, qual é a nossa importância hoje?”, perguntou-se Magda ao chegar à companhia. “Vamos ter de gerar 60% a mais de energia.”

Empresas e matérias-primas

Segundo a CEO da Petrobras, as conversas com os possíveis parceiros para a produção de etanol estão em andamento, mas não há prazo para o casamento. “A gente quer ser uma noiva disputada”, afirma, e por grandes produtores, “porque não dá para Petrobras casar com barraquinha de sorvete”, brincou.

Ela não cita nomes envolvidos na negociação, apenas se limita a dizer que não será uma estatal. “Não vamos botar nada para dentro e também não criaremos uma nova empresa estatal”, detalha, indicando que a companhia não quer ser majoritária em uma eventual joint venture (um investimento compartilhado com outra empresa).

No início do ano, o Estadaão/Broadcast noticiou que estariam na mesa produtores como Inpasa, FS Bio, Tereos Brasil, São Martinho e outros. Questionada, Magda também não fechou as portas a empresas ligadas a petroleiras. Estão, por exemplo, neste caso a Raízen, joint venture de Shell e Cosan, e a BP Bioenergy.

Sobre a matéria-prima, a presidente da Petrobras disse não haver preferência por milho ou cana-de-açúcar. “Sou eclética”, brincou. Ainda assim, executivos da estatal já reconheceram que os resíduos do milho poderiam ser aproveitados em outros processos industriais da estatal.

Biodiesel

Além do etanol, os planos de Magda envolvem a expansão da produção de biodiesel e dos combustíveis coprocessados, como o Diesel Renovável (Diesel R), um dos xodós da executiva.

“A gente foi saída do biodiesel, restando apenas um pouquinho na PBio (Petrobras Biocombustíveis), mas dissemos o seguinte: temos de retornar para o etanol, para o biodiesel, e endereçar o coprocessado, e até evoluir para o SAF (querosene de aviação sustentável na sigla em inglês)”, diz.

A executiva quer fazer crescer a produção de biodiesel por meio do fortalecimento da PBio, empresa que estava no processo de desinvestimento no governo Bolsonaro e foi retirada dessa situação no ano passado. “Nesse quinquênio a gente tem de fazer biodiesel, tem de fazer etanol”, ressalta.

Refinarias

Mas, além dos biocombustíveis, a empresa vem investindo na modernização e na ampliação das atuais refinarias e no Complexo de Energias Boaventura (ex-Comperj, ex-Gaslub). De acordo com Magda, mesmo sem construir uma nova unidade, a Petrobras vai entregar nos próximos anos o equivalente a uma nova refinaria para o País. Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o País precisa de mais uma refinaria.

Segundo Magda, isso não foi um recado para a estatal. No Plano Estratégico 2025-2029, já está prevista a entrega de praticamente outra refinaria. “Pois é, nós vamos entregar isso, ampliando as outras. Esse é o ponto. Não tem plano de fazer outra refinaria”, afirma Magda. O investimento em refino no quinquênio será de US$ 15,2 bilhões.

Somente na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, serão adicionados mais 175 mil barris por dia (mbpd), com modernização e a construção de mais um trem de refino de 130 mbpd. Somadas as ampliações e modernizações das demais unidades da estatal, serão mais 120 mbpd. Somadas, a previsão é de em 2029 a capacidade de refino da Petrobras suba a 2,1 milhões de barris por dia (bpd), dos atuais 1,8 milhão de bpd. “É quase uma refinaria de grande porte”, explica.

Com informações do Estadão
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