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Políticas públicas para ampliação da irrigação na agricultura e em cana foram discutidos em evento

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Mitos sobre irrigação na cana-de-açúcar
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Políticas públicas e necessidade de ampliação dos sistemas irrigados foram os principais temas debatidos durante o 6º IRRIGACANA

A necessidade de ampliação da irrigação no Brasil visando atender a demanda de segurança energética da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) foi defendida pelo professor e pesquisador da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ-USP), Durval Dourado Neto, durante o 6º IRRIGACANA, evento realizado na última semana, em Ribeirão Preto, SP. “Estima-se que em 2050 haverá 9,8 bilhões de pessoas vivendo na Terra. E o Brasil será responsável por alimentar 20,4% dessa população”, disse.

Segundo ele, a solução para atender essa demanda passa pela expansão da área irrigada, na seguinte proporção: 2 milhões de hectares nos próximos quatro anos, 15,5 milhões de hectares nos próximos 30 anos e 53,4 milhões de hectares nos próximos 100 anos. “Lembrando que essa expansão deve ocorrer sobre uma área de 248 milhões de hectares, sendo 74 milhões/ha já ocupada com agricultura e de 174 milhões/ha atualmente coberta por pastagem.”

A diretora da Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem (ABID), Priscila Silvério Sleutjes, ressaltou que os 8,2 milhões de hectares irrigados no Brasil é um volume bastante baixo. “Apenas o Estado de Nebraska, nos Estados Unidos, irriga cerca de 3 milhões de hectares. Porém, acredito que o cenário brasileiro está mudando. Hoje, os agricultores parecem ter entendido o quão importante é a irrigação, seja para mitigar os riscos climáticos; promover a segurança alimentar; otimizar a produção agropecuária; aumentar a produtividade agrícola em até três vezes; impactar positivamente a área social; expandir a oferta e regularidade dos produtos e elevar a qualidade de vida e renda da região.”

Já a assessora técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Jordana Girardello, debateu a situação da irrigação nas políticas públicas governamentais. Ela explicou como a Comissão Nacional de Irrigação da CNA tem trabalhado para garantir o avanço das áreas irrigadas do país de forma sustentável e garantindo a segurança jurídica e hídrica ao produtor rural brasileiro.

“Temos trabalhado em pautas como a garantia da tarifa diferenciada da energia elétrica, a autorização para reservação de água em propriedades rurais e o aumento e melhoria nas linhas de crédito para implantação da tecnologia. Também tratamos da assistência técnica e manejo de água junto aos produtores, além da capacitação e empoderamento do setor nos debates sobre recursos hídricos para tomada de decisão no âmbito dos Comitês de Bacias Hidrográficas”, destacou Jordana.

Orlando Melo de Castro, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) do Estado de São Paulo, falou sobre o “Irriga+SP”, plano estadual de irrigação cujo objetivo é dobrar as áreas irrigadas no Estado, chegando a 15% até 2030. Atualmente, apenas 6% das lavouras paulistas são irrigadas.

O plano de irrigação, que conta com a parceria da multinacional do agro Lindsay e da Universidade de Nebraska, também prevê uma linha de crédito para os agricultores com recursos para aquisição de implementos, além de todo o apoio técnico dos institutos de pesquisa ligados à SAA.

Em sua fala, Pedro D’Angelo Ribeiro, chefe de Relações Institucionais e do Núcleo de Gestão Ambiental da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, afirmou que é inadmissível que o Estado possua apenas 16% de área irrigada. “Temos capacidade para muito mais”, afirmou.

Para contornar esse cenário, foi aprovada a Lei n° 24.931, de 25 de julho de 2024, que institui uma política estadual de agricultura irrigada. Dentre os objetivos, destacam-se o uso eficiente e sustentável dos recursos hídricos, recuperação de bacias e cursos d’água e redução do desmatamento e da abertura de novas áreas.

Clênio de Oliveira Torres Filho, gerente de outorga e cobrança da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), falou sobre os desafios para ampliação dos sistemas irrigados no Brasil, abordando inclusive a questão da política de recursos hídricos e concessão de barragens, traçando paralelos entre o Centro-Sul e o Nordeste brasileiro.

Sérgio Razera, diretor presidente da Agência das Bacias PCJ, ressaltou que o setor canavieiro nacional precisa participar ativamente dos comitês de bacias hidrográficas. “Uma bacia hidrográfica é como se fosse um condomínio, onde quem usa, participa e/ou mora, vai discutir quais são os problemas, os custos e as soluções a serem adotadas.”

6º IRRIGACANA bate recorde de público

O Irrigacana reuniu mais de 600 participantes, entre representantes de unidades bioenergéticas, produtores rurais, pesquisadores e integrantes de empresas fornecedoras do setor. Durante a abertura, Sordi ressaltou o trabalho do GIFC no sentido de expandir as discussões sobre o tema “irrigação”, derrubando mitos e levando informação de qualidade para um número cada vez maior de profissionais do segmento.

“Nesses 12 anos de atuação, temos percebido que o grupo vem crescendo na mesma proporção da relevância da irrigação no setor canavieiro do Centro-Sul do país.”

Para o Presidente do GIFC, há alguns anos seria praticamente impossível reunir todo esse público interessado em debater o tema. Segundo ele, a irrigação é uma prática cada vez mais consolidada nas usinas e agrícolas do Centro-Sul do país.

“Aqueles estigmas de que ela diminui o teor de sacarose e possui um custo alto já ficaram para trás. Hoje, ela se apresenta como a ferramenta que melhor faz frente às adversidades impostas pelo clima, caracterizado atualmente por baixa precipitação e/ou má distribuição das chuvas. Felizmente, o setor parece ter entendido que não pode mais viver à mercê do clima, e que a irrigação é a melhor ferramenta para estabilidade de produção, além de expressivos incrementos em longevidade e produtividade agrícola”, disse.

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