Os preços internacionais do açúcar voltaram a cair nesta quarta-feira, com o contrato de Nova York atingindo o menor patamar em cinco anos no futuro mais próximo. O movimento é resultado de expectativas de maior produção global, lideradas por Brasil e Índia, o que reforça as projeções de um novo superávit mundial da commodity.
Na Índia, segundo maior produtor global, os sinais de uma safra mais robusta derrubaram ainda mais as cotações. A India Sugar Mill Association (ISMA) elevou, na terça-feira, sua estimativa de produção de açúcar 2025/26 para 31 milhões de toneladas, acima da previsão anterior de 30 milhões de toneladas — um aumento de 18,8% em relação ao ciclo anterior.
A entidade também reduziu sua projeção para o volume de açúcar destinado à produção de etanol, de 5 milhões para 3,4 milhões de toneladas, o que pode abrir espaço para maiores exportações indianas, ampliando a oferta mundial.
Os preços já vinham sob pressão desde terça-feira, quando a Conab revisou para cima a projeção de produção brasileira de açúcar na safra 2025/26, de 44,5 milhões para 45 milhões de toneladas.
O movimento de baixa tem sido consistente há um mês. Na quarta-feira, o açúcar em Nova York renovou mínima de cinco anos, enquanto o de Londres alcançou o menor nível em quatro anos e nove meses na semana passada. As quedas refletem, principalmente, o aumento da produção no Brasil e a perspectiva de um superávit global.
Segundo a consultoria Datagro, divulgada em 21 de outubro, a produção de açúcar no Centro-Sul do Brasil em 2026/27 deve crescer 3,9% em relação ao ano anterior, alcançando recorde de 44 milhões de toneladas. Já o BMI Group projeta um excedente global de 10,5 milhões de toneladas em 2025/26, enquanto a Covrig Analytics estima superávit de 4,1 milhões de toneladas.
Os números recentes da Unica também confirmam o avanço da produção. Na primeira quinzena de outubro, o Centro-Sul registrou alta de 1,3% na fabricação de açúcar em relação ao mesmo período de 2024, somando 2,484 milhões de toneladas. Além disso, a proporção de cana destinada à produção de açúcar aumentou para 48,24%, ante 47,33% no mesmo intervalo do ano passado.
No acumulado até meados de outubro, a produção do Centro-Sul soma 36,016 milhões de toneladas, crescimento de 0,9% em relação ao mesmo período da safra anterior.
A combinação de oferta elevada no Brasil e na Índia e estoques globais em recuperação reforça a percepção de um mercado em superávit e mantém o açúcar sob forte pressão nas bolsas internacionais.

