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Robert F. Kennedy Jr. mira açúcar para “tornar a América saudável novamente”

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Secretário de saúde dos Estados Unidos se referiu ao ingrediente como “veneno”

Os produtores de açúcar pensavam que haviam escapado da agenda “Make America Healthy Again” (torne a América saudável novamente, em tradução livre), de Robert F. Kennedy Jr. Afinal, o secretário de saúde dos Estados Unidos havia dedicado grande parte de seu tempo combatendo coisas como pesticidas, óleos de sementes e corantes. Se muito, sua crítica ao xarope de milho com alto teor de frutose poderia ter beneficiado o consumo de açúcar.

Mas Kennedy agora adicionou o açúcar à sua lista de alvos, chamando-o de “veneno” no final de abril. Seu comentário foi um ponto de discussão para a indústria do açúcar quando comerciantes se reuniram na semana passada para um jantar anual em Nova York e fabricantes de doces se reuniram em Indianápolis para a Sweets & Snacks Expo.

“Temos o açúcar sendo criticado novamente”, diz o diretor executivo da Organização Internacional do Açúcar (ISO, na sigla em inglês), Jose Orive, em seu discurso no 75º jantar do Sugar Club. “Temos políticos chamando-o de veneno. Temos todos os tipos de ataques vindos de todas as direções, baseados em alegações totalmente infundadas sobre o que nosso produto representa”, afirmou.

Kennedy está se preparando para divulgar seu primeiro relatório da comissão nesta quinta-feira, 22. A indústria do açúcar certamente estará atenta.

A demanda já está sob pressão devido à inflação e à disseminação de medicamentos para perda de peso. Empresas como a Mondelez International, fabricante do Oreo, já disseram que os consumidores estão reduzindo o consumo de lanches para priorizar necessidades básicas de supermercado. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos não respondeu ao pedido de comentário.

Até agora, a indústria do açúcar havia sido de certa forma poupada de um enorme declínio no consumo de adoçantes calóricos. Enquanto o consumo anual per capita em 2023 foi 21% menor que em 1999, o declínio foi impulsionado pelo xarope de milho, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). O consumo de açúcar per capita, na verdade, cresceu cerca de 1% no período.

Isso tudo pode mudar. Os consumidores associam o açúcar à obesidade, com uma pesquisa do Conselho Internacional de Informação Alimentar descobrindo que “fresco” é o critério mais comum usado para definir um alimento “saudável”, seguido por “boa fonte de proteína” e “baixo teor de açúcar”. Cerca de dois terços dos entrevistados dizem que limitam ativamente seu consumo de açúcar.

“As pessoas já estão atentas à quantidade de açúcar em diferentes alimentos e, se você tem um secretário de saúde fazendo comentários sobre o açúcar, isso aumenta a conscientização”, disse o chefe de análise da comerciante de açúcar Czarnikow, Stephen Geldart.

Em Indianápolis, os fabricantes de doces se defenderam, embora de maneira mais reservada. As empresas repetiram que suas guloseimas doces devem ter um lugar nas dietas americanas, desde que sejam consumidas com moderação.

“É uma indulgência doce que você tem de vez em quando”, afirmou o diretor de marketing e sócio da distribuidora de alimentos Galil Brands, Matthew Nourmand, que diz não discordar necessariamente da posição mais ampla de Kennedy sobre o açúcar. “Quando você o consome dessa forma, não há nada de errado com isso”, completa.

O açúcar, produzido a partir de cana ou beterraba, é um daqueles ingredientes que “não podem ser proibidos”, disse Kennedy. Ainda assim, as ações do secretário de saúde poderiam impactar significativamente o consumo.

Ele tem pressionado os estados a submeterem pedidos de isenção ao USDA para remover refrigerantes do Programa de Assistência Nutricional Suplementar, que fornece assistência a famílias de baixa renda. Na segunda-feira, ele obteve uma vitória quando a secretária de agricultura Brooke Rollins aprovou planos de Nebraska para remover refrigerantes dos cupons de alimentos.

Kennedy também pediu “rotulagem adequada”. Uma proposta da Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA da era Biden para exigir um rótulo nutricional simples na frente da embalagem está atualmente em consideração – algo que grupos de saúde defendem há muito tempo, com países como o México já usando a estratégia para reduzir a ingestão de açúcar.

A indústria de doces diz que o problema maior está nos adoçantes escondidos em toda a cadeia alimentar americana. Ainda assim, estudos mostram que o consumo excessivo tanto de açúcar quanto de xarope de milho com alto teor de frutose está ligado a taxas mais altas de obesidade e doenças cardíacas.

Embora o adoçante à base de milho tenha sido associado a maior inflamação do que o açúcar, ambos têm impactos adversos semelhantes à saúde. “Do ponto de vista da transparência, todos sabem que chocolate e doces contêm açúcar”, observa o vice-presidente sênior de assuntos públicos e comunicações da Associação Nacional de Confeiteiros, Christopher Gindlesperger. “Isso é muito diferente do que o secretário estava falando em seus comentários”, completa.

A indústria alimentícia está preocupada. Os americanos consumiram 50 gramas de açúcar por dia em 2023, muito acima do que a Associação Americana de Saúde recomenda – e há inúmeras maneiras pelas quais esse número pode cair ainda mais.

A Czarnikow já está se preparando para um consumo menor. Ela espera que a demanda nos EUA caia 2,2% na temporada 2025/26, impulsionada principalmente por medicamentos para perda de peso. Kennedy poderia amplificar isso.

A nomeação de Kennedy “aumenta muito a probabilidade de que numerosas posições até recentemente consideradas ‘marginais’ ganhem legitimidade”, afirma Frank Jenkins, que negocia nos mercados de açúcar há mais de 40 anos e é presidente da corretora JSG Commodities.

“O açúcar não é veneno, simplesmente não é”, acrescenta Kirk Vashaw, diretor executivo da Spangler Candy, fabricante dos pirulitos Dum Dums.\

The Washington Post| Ilena Peng e Will Kubzansky

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