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Robotização avança nas usinas

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Em anos bons, a empresa paulista Duo Automation, que prestava consultoria em projetos especiais para o setor sucroenergético, faturava R$ 1,5 milhão. Em 2015, a companhia decidiu mudar seu modelo de negócios e abraçou um desafio da Raízen: usar robôs para o trabalho que mantém a rugosidade das moendas das usinas. A decisão deu certo, e a Duo, que teve receita de R$ 2,7 milhões no ano passado, projeta faturamento de R$ 6,25 milhões em 2021.

O caldo da cana-de-açúcar é extraído pela moenda, que é composta, entre muitas peças, pelos rolos esmagadores. Esses rolos têm “bolinhas” em alto relevo, conhecidas como chapisco, que os tornam rugosos o suficiente para que a matéria-prima não deslize, o que melhora os resultados do esmagamento. Como a cana é abrasiva e corrosiva, o processo de moagem desgasta o chapisco em poucos dias.

Isso faz dos chapiscadores, responsáveis por refazer os relevos, profissionais muito importantes para a indústria. Porém, essa atividade, além de ser repetitiva, pode também expor os trabalhadores a gases nocivos e a acidentes com engrenagens.

A Raízen propôs à Duo automatizar esse trabalho. A empresa levou cerca de um ano para desenvolver os primeiros robôs, que começaram a atuar no fim da safra de 2016. Embarcados com tecnologia de Internet das Coisas (IoT), eles produzem relatórios de desempenho que ficam armazenados em uma nuvem de dados. Entre as informações está a de que os robôs são seis vezes mais produtivos do que os humanos, já que aplicam duas vezes mais solda por turno e trabalham nos três turnos.

“Eles são muito mais precisos também. Os chapiscadores costumam ficar a uma distância da moenda, com uma vara. Às vezes, fazem o chapisco sem ver”, diz Renan Carvalheira, sócio da Duo. Os robôs podem ficar muito mais perto da moenda sem correr riscos.

Os robôs de chapisco foram a primeira solução robótica voltada para o agronegócio que a empresa desenvolveu. Segundo Carvalheira, a decisão mostrou-se acertada não só porque o faturamento cresceu, mas também porque ele passou a ser recorrente.

Em vez de vender os robôs, a Duo os aluga, um modelo adotado também para estabelecer a recorrência de receita. “Assim, a gente não precisa se preocupar em fazer novas vendas todos os anos”, afirma Carvalheira.

Segundo ele, o modelo é mais vantajoso também para as usinas, já que ele dá maior previsibilidade aos investimentos. “É mais difícil tomar a decisão de comprar um equipamento para mudar o processo. Do jeito que a gente trabalha, a despesa entra na verba operacional das usinas. Isso simplifica os investimentos”.

A Duo Automation também fica responsável pela manutenção dos robôs alugados às usinas. As melhorias de software e hardware ocorrem todos os anos.

O valor do desembolso varia de acordo com cada tipo de contrato, mas fica em torno de R$ 250 mil por máquina ao ano, conta o executivo. Em contrapartida, a tecnologia permite uma economia do consumível de solda de cerca de 50% e diminui a dependência de mão de obra. A redução de custos chega a R$ 1 milhão por ano.

Com 22 robôs disponíveis na safra 2020, a tecnologia esteve presente em 19 usinas, que moeram cerca de 40 milhões de toneladas, segundo dados da empresa. Para este ano, o objetivo é expandir a frota para 30 robôs.

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