Estamos caminhando para o fim da safra 25/26 com quebra de produção juntamente com aumento de custos e preços ruins dos nossos produtos. Só não é uma tempestade perfeita porque a safra começou melhor. Mas a próxima parece que será…
Rezemos para que não seja. Mas, além de rezar, precisamos “dançar conforme a música”, ou seja, adaptarmo-nos à esta realidade difícil para todas as usinas canavieiras.
Como não controlamos os preços, resta-nos atuar no custo. Resta-nos reduzir o custo e salvar o caixa das nossas usinas.
Dentre os custos de uma usina, os mais relevantes individualmente são Folha de Pagamento (headcount), Arrendamento de Terras e Diesel, não necessariamente nesta ordem.
Na safra passada, a RPA Consultoria, juntamente com o GERHAI, realizou a primeira pesquisa de headcount de usinas canavieiras com metodologia que possibilita comparar usinas de diferentes moagens, mix de cana de fornecedores, índices de terceirização etc. E o mais importante, definiu os indicadores de headcount ajustado das usinas em separado para os setores Agrícola, de Manutenção de Frota, Industrial e Administrativo.
É um material muito rico para orientar as usinas a identificarem quão enxutas ou inchadas de mão de obra estão e se cabe um ajuste de quadro e especialmente em qual setor cabe este ajuste, considerando o cenário de tempestade perfeita que se avizinha.
Por exemplo, no indicador geral de “toneladas de cana ajustadas por colaborador” das usinas, a média situa-se em 1.631 toneladas/colaborador. O interessante – e intrigante – é que as usinas TOP 20% mais enxutas apresentam o índice de 2.751 toneladas/colaborador, ou seja, 43,7% mais enxutas do que a média do setor. E o mais incrível: as usinas TOP 10% mais enxutas atingem a marca de 3.374 toneladas/colaborador, 53,9% mais enxutas do que a média!
Estes números comprovam que há um importante trabalho a ser feito pelas usinas na avaliação de seus headcounts e que muitas “gorduras” de alto custo podem ser encontradas.
No caso dos índices ajustados das usinas em cada setor (ou área), os seguintes resultados foram encontrados:
- Agrícola:
- Média = 3.306 t/colaborador,
- TOP 20% = 6.125 t/colaborador (52,4% mais enxutas que a média),
- TOP 10% = 7.505 t/colaborador (61,2% mais enxutas que a média);
- Automotiva:
- Média = 14.331 t/colaborador,
- TOP 20% = 23.415 t/colaborador (59,3% mais enxutas que a média),
- TOP 10% = 28.514 t/colaborador (66,6% mais enxutas que a média);
- Industrial:
- Média = 11.408 t/colaborador,
- TOP 20% = 23.381 t/colaborador (32,3% mais enxutas que a média),
- TOP 10% = 31.968 t/colaborador (50,4% mais enxutas que a média);
- Administrativo:
- Média = 19.826 t/colaborador,
- TOP 20% = 31.960 t/colaborador (52,5% mais enxutas que a média),
- TOP 10% = 34.855 t/colaborador (56,4% mais enxutas que a média).
E os achados da pesquisa não pararam por aí. Descobrimos que a participação média de colaboradores por setor é a seguinte:
Além disso, enquanto os colaboradores de função Operacional representam 93,4% do quadro, os de Suporte (ou Apoio) totalizam 5,0% e os de Comando, 1,6%.
Finalmente, identificou-se outra característica importante: as usinas canavieiras diminuem seus quadros na entressafra em 15%.
Realmente tem muito dinheiro na mesa quando se fala de mão de obra nas usinas canavieiras. Não protele a avaliação do headcount de sua usina para quando for tarde demais. E se precisar de ajuda, consulte a RPA Consultoria.
*Ricardo Pinto é engenheiro agrícola (Unicamp), mestrado em Agronomia na ESALQ/USP e doutorando na Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp e CEO da RPA Consultoria

