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São Martinho visa reduzir até R$ 3 o custo de produção por t com tecnologias 4.0

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A São Martinho, a partir do monitoramento em tempo real de suas operações agrícolas por meio do Centro de Operações Agrícolas (COA) e da conectividade 4G, tem a expectativa de reduzir entre R$2 e R$3 o custo de produção por tonelada de cana colhida, após a conclusão do projeto em todas as unidades da Companhia. Um número nada pequeno para uma empresa que tem a capacidade de produzir 24 milhões de toneladas por safra.

Um dos principais objetivos da São Martinho é estabilizar a rede 4G e a transmissão dos dados gerados por mais de 2.000 equipamentos agrícolas em operação em todas as usinas do grupo, em uma área total de quase 350 mil hectares.

Segundo Walter Maccheroni, gestor de Inovação da São Martinho, os dados coletados das máquinas por meio de computadores de bordo são direcionados para uma base integrada para serem melhor explorados por meio de tecnologias de Advanced Analytics*.

“O COA é responsável pelo monitoramento, via câmeras de alta resolução e imagens de satélite de toda a área de colheita da usina, sendo fundamental, por exemplo, para a prevenção e combate a incêndios, e para mapeamento e controle de pragas, doenças e plantas daninhas”, adiciona Maccheroni.

Além disso, o COA é capaz de coordenar remotamente a manutenção de máquinas no campo e gerenciar dados de todas as bases meteorológicas instaladas na unidade. As operações agrícolas, por exemplo, de plantio e colheita, são monitoradas em tempo real pelos operadores do COA, que podem avaliar não só as metas diárias de forma instantânea, como também outros parâmetros como consumo de insumos agrícolas e combustível pelas plantadoras e colhedoras.

“Esses são alguns exemplos práticos, mas sabemos que o potencial desta tecnologia é ainda maior no campo”, diz Maccheroni à RPAnews.

A divisão de Agricultura da Hexagon começou a implementar um projeto totalmente parametrizado e adaptável às metodologias operacionais utilizadas pela São Martinho em 2018.

O projeto consiste em uma solução única de automação dos processos logísticos e operacionais nas usinas do grupo. O escopo incluiu sistemas de transmissão e sensoriamento; e software com elementos de planejamento, otimização, integração de dados e interfaces.

O projeto em parceria com a Hexagon contemplou a implementação da plataforma HxGN AgrOn que monitora, processa e resume dados das frotas e operações em tempo real diretamente para o Comando de Operações Agrícolas (COA). O HxGN AgrOn Monitoramento de Máquinas, integrado ao computador de bordo Ti7,  gerencia as informações dos equipamentos que estão em campo. A plataforma age em tempo real, auxiliando a tomada de decisões e direcionando os processos de controle para os operadores.

Composto por várias funcionalidades, estão presentes neste projeto: a otimização de despacho de caminhões, monitoramento de deslocamentos, suporte à navegação, publicação de status e controles, rastreabilidade de matéria-prima e integração com os sistemas de apoio. Todas as funcionalidades trabalham de forma sincronizada, assegurando que o planejamento seja executado conforme o previsto, com informações e alertas para que ações sejam realizadas imediatamente.

Computadores de bordo modernos

A tecnologia por traz de toda a coleta de dados para o monitoramento das máquinas da São Martinho em tempo real é o computador de bordo. Todos os equipamentos agrícolas da companhia são equipados com essa tecnologia, que tem a função de capturar os principais indicadores gerados pelas máquinas e pelas operações agrícolas realizadas.

Assim como muita gente já possui dispositivos wearables, como óculos e relógios sensoriados e conectados com telefones celulares, os wearables das máquinas e equipamentos são seus computadores de bordo ou, simplesmente, seus bordos.

“Eles são a peça-chave para a integração total entre a tecnologia e as operações agrícolas, fase que todos buscam, também chamada de Agricultura 4.0. Além de ser uma alternativa para a coleta de dados, os bordos devem permitir uma experiência de produção mecanizada de cana-de-açúcar mais ampla, eclética e criativa”, diz Ricardo Pinto, CEO da RPA Consultoria.

O funcionamento do motor e das demais partes mecânicas dos equipamentos são monitorados pelo computador de bordo a partir de sensores específicos instalados.

O tipo de operação, plantio e colheita, por exemplo, e sua duração também são registrados pelos computadores de bordo, hoje todos fornecidos pela divisão de Agricultura da Hexagon.

De acordo com a Hexagon, a São Martinho conta com 837 computadores de bordo na colheita, 353 na operação de plantio, mais 351 displays para monitoramento (geral) e 295 computadores para as operações de cultivo e tratos culturais. Ainda existem mais de 150 sendo utilizados para Agricultura de Precisão.

“Conseguimos monitorar o comportamento dos principais componentes de cada veículo e equipamento em operação, a rotação e temperatura do motor, posição geográfica, velocidade média, status de desempenho operacional, ativos disponíveis ou em manutenção, entre outras informações. Desta forma, já é possível melhorar a eficiência de uma série de operações com impactos significativos na redução de custos como, por exemplo, a redução do consumo de combustível por nossos veículos agrícolas”, adiciona o gestor de Inovação da São Martinho.

Segundo a São Martinho, só com essa tecnologia, a economia de combustível chegou a R$ 3 milhões na safra 2019/20. Além de redução de custos com diesel, de acordo com a Hexagon, diversos outros ganhos têm sido obtidos com o uso dos bordos, como a correção dos apontamentos, antes feitos de forma manual; a não necessidade de controladores na balança de pesagem; e a diminuição no km rodado (com a solução de navegação/rotas).

Além de redução de custos com diesel, diversos outros ganhos têm sido obtidos com o uso dos bordos, como a correção dos apontamentos, antes feitos de forma manual; a não necessidade de controladores na balança de pesagem; e a diminuição no km rodado (com a solução de navegação/rotas).

Waze e WhatsAPP no bordo

Os computadores de bordo usados na São Martinho, além de registrar, armazenar e transmitir dados, possuem uma série de aplicativos que auxiliam a São Martinho na execução das suas operações.

Com quase 22 mil km de estradas em suas propriedades, a São Martinho tem seu próprio “Waze” para que os caminhões não saiam das suas rotas e para que as máquinas funcionem de maneira quase autônoma no transporte de cana.

“O aplicativo funciona como se fosse um Waze, orientando o transporte de cana por caminhões. Além de gerar ganhos de eficiência e produtividade para nossas máquinas, a tecnologia será a base para o desenvolvimento de ferramentas digitais capazes de potencializar ainda mais os ganhos com a conectividade no campo”, explica Marccheroni à RPAnews.

De acordo com Fábio Perna, diretor Comercial da Hexagon, o sistema desenvolvido mantém uma centralização do controle dos caminhões, o que permite que a usina saiba exatamente onde os veículos estão.

“Com a conectividade, é possível que a usina saiba exatamente onde está o caminhão, quando ele chega na frente de colheita, quando ele sai, quando é abastecido ou mesmo quando ele chega na balança. O sistema HxGN AgrOn Otimização de Transporte despacha os caminhões para as frentes de colheita fazendo com que se elimine a possibilidade de falta de cana na indústria”, explica Perna.

De acordo Maccheroni, só com o uso de computadores de bordo já é possível melhorar a eficiência de uma série de operações com impactos significativos na redução de custos como, por exemplo, a redução do consumo de combustível nos equipamentos agrícolas.

Para atender a enorme quantidade de informações geradas todos os dias pela frota de quase 2 mil equipamentos agrícolas da São Martinho era preciso ter um computador de bordo mais robusto e com uma capacidade de memória e velocidade de processamento mais rápida. Os bordos usados hoje pela companhia fazem o apontamento de minuto a minuto.

“O objetivo principal era tirar da mão do operador o controle dos apontamentos. Nosso computador de bordo tem um workflow – ou seja, faz o apontamento automaticamente. Criamos algumas regras e, com o uso de sensores montamos uma lógica que detecta a atividade de cada máquina. Sendo assim, o operador tem muito pouco o que apontar. Ele fará apenas apontamentos de atividades como quebra de máquina e furo de pneu, por exemplo, coisas que não são possíveis de prever”, explica Perna.

A usina consegue extrair exatamente o que está sendo feito no campo como, o tempo produtivo, qual foi a melhor área de colheita, por exemplo.

Hoje, quando ocorre alguma anormalidade, a equipe do COA é avisada por um sinal de alerta e entra em contato com o operador via rádio. No entanto, a Hexagon está desenvolvendo um novo aplicativo no bordo que funcionará como um WhatsApp, o que vai facilitar a comunicação entre o COA e os operadores das máquinas em campo.

“Com o uso deste novo aplicativo, o operador receberá a comunicação do COA direto na tela do computador de bordo e poderá dar um feedback diretamente pelo display, confirmando que leu o recado. Mas, é claro, só poderá acessar o conteúdo quando estiver com o equipamento parado”, detalha Perna.

Com 5G, o custo por tonelada de cana deve cair para R$ 72

A São Martinho, que já testa a rede 5G em sua unidade em Pradópolis, SP, espera ampliar a tecnologia para as outras usinas do grupo com a expectativa de automatizar 100% das suas operações.

Com isso a São Martinho espera uma economia de R$ 75 milhões de reais por ano. Atualmente o custo por tonelada de cana é de R$ 90, número que deve cair para R$ 72 com a expansão do 5G, segundo informações divulgadas pelo NeoFeed.

Maccheroni diz que, dentre as vantagens, está a baixa latência e a maior largura de banda que conferem ao 5G uma velocidade de transmissão de dados bem maior. “Esta característica é fundamental para que um dia seja possível operarmos veículos autônomos em nossas usinas, além do monitoramento massivo e flexível de máquinas e dispositivos no ambiente agroindustrial”, afirma.

A São Martinho espera, com o 5G, reduzir o custo de produção para R$ 72 por t de cana (Foto: Divulgação/SãoMartinho)

Outra característica da tecnologia 5G é a sua alta capacidade de conectar milhares de sensores do tipo IoT (Internet das Coisas).

Dentro das indústrias da São Martinho, segundo Maccheroni, será possível equipar as máquinas com sensores que se comuniquem entre si, de tal forma que haja uma coordenação entre estas máquinas, gerando um aumento da eficiência e produtividade na produção de açúcar, etanol e energia elétrica.

“A expectativa de ganhos de eficiência é grande, visto que o 5G oferecerá ainda mais agilidade para a jornada de transformação digital e inovação pela qual nossa empresa está passando. Grande parte desta jornada está focada na implantação de Tecnologias 4.0 nos processos agrícolas e industriais da companhia e o 5G é uma peça fundamental nesta evolução”, adiciona.

Para Maccheroni, a Ciência de Dados será fundamental neste movimento de transformação digital, com o apoio de tecnologias como Advanced Analytics* e Inteligência Artificial.

“Para isso, contamos com o apoio do Ecossistema São Martinho de Inovação, formado por universidades, centros de pesquisa, hubs, startups, empresas privadas nacionais e internacionais e organismos financiadores de inovação. Nosso objetivo é agregar valor ao negócio por meio do cruzamento dos dados de diferentes origens e pelo desenvolvimento de ferramentas que possam reduzir os custos agrícolas e aumentar a produtividade da lavoura”, conclui o gestor de Inovação da São Martinho.

*O Advanced Analytics é o exame autônomo ou semi autônomo de dados ou conteúdo usando técnicas e ferramentas sofisticadas – além daquelas da inteligência de negócios (BI) tradicional – para descobrir insights mais profundos, fazer previsões ou gerar recomendações. As técnicas analíticas avançadas incluem: mineração de dados / texto, aprendizado de máquina, correspondência de padrões, previsão, visualização, análise semântica, análise de sentimento, análise de rede e cluster, estatística multivariada, análise de gráficos, simulação, processamento de eventos complexos e redes neurais.

Por Natália Cherubin, RPAnews

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