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Edição 204

Tecnologia Industrial – Açúcar bom

Publicado

em

Natália Cherubin

O Brasil é hoje o 2º maior consumidor de açúcar refinado do mundo, consumindo mais de 10 milhões de t por ano. O consumo de açúcar por brasileiro é de 51 kg por ano e, assim como no restante do mundo, o país também apresenta números alarmantes na saúde pública. De acordo com o Ministério da Saúde, a obesidade teve um aumento de 60% entre 2007 e 2016, e a diabetes Tipo 1 e 2 subiu também 61%. Sendo que uma em cada três crianças têm sobrepeso e uma em cada cinco estão obesas.

Se por um lado o crescimento da obesidade e de doenças como a diabetes vem aumentando a busca por alimentos cada vez mais naturais, por outro lado, vem transformando o açúcar, principalmente o refinado, em um grande “vilão” da alimentação. Alternativas vem tomando espaço na mesa do consumidor, que opta por adoçantes artificiais ou açúcares advindos de outras matérias-primas, como o côco. Mas, o que muitos não sabem é que nem todas estas opções tem o mesmo dulçor, índice glicêmico ou valor competitivo.

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Molinaro: “Nos países onde teremos produção local, buscamos atingir entre 5% e 10% de market share nos próximos cinco anos. Nas localidades onde o produto será importado, almejamos participação entre 1% e 2% do mercado de açúcar.”

De olho no mercado de alimentos saudáveis e também nas companhias produtoras de açúcar, o fundador e CSO da Nutrition Innovation, o Dr. David Kannar, desenvolveu uma tecnologia de varredura infravermelha que avalia a composição da cana-de-açúcar bruta sintetizando qual o processo que deverá ser utilizado para produzir um produto final estável, com o índice glicêmico mais baixo e com maior número de sais minerais, antioxidantes e polifenóis naturais.

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O nome dado a inovação é Nucane, que começou a ser fabricada em escala industrial desde janeiro na Austrália, em parceria com diversas empresas como a Sunshine Sugar. O Brasil é o segundo mercado a receber a tecnologia, já que está entre os três maiores produtores de cana-de-açúcar do mundo e é o terceiro maior produtor de confeitos.

NUCANE

O açúcar Nucane é produzido a partir de uma tecnologia patenteada pela a Nutrition Innovation e desenvolvida pela Foss-Schneider, assegura que o produto atenda aos padrões de qualidade determinados em sua Especificação Técnica. Segundo Marcos Molinaro, diretor Regional América Latina da Nutrition Innovation, as usinas podem produzir o açúcar Nucane a partir de um Acordo de Licenciamento e Assistência que é assinado com a Nutrition Innovation, sediada em Singapura.

“Todos os açúcares de cana vendidos no Brasil atualmente ou tem um alto teor glicêmico (no caso dos refinados) ou não se pode assegurar que sejam de baixo teor glicêmico No caso do açúcar Nucane tem-se a garantia de que é de baixo teor glicêmico, dado que é produzido dentro de uma especificação rígida e única, que proporciona este benefício ao indivíduo que o consome”, explica Molinaro.

O índice glicêmico do Nucane é de no máximo 55, bem abaixo dos 80 do açúcar mascavo e 92 do refinado. Como é produzido com cana-de-açúcar 100% natural, tem o sabor igual ao do refinado, sendo que em receitas que se tem um alto nível de açúcar o dulçor do Nucane fica mais acentuado, resultando na utilização de menor quantidade do produto no alimento. Além disso, o preço de venda será igual ao do açúcar refinado.

“Por conta de não passar pelo refinamento e branqueamento, o açúcar Nucane retêm os nutrientes naturais da cana, sendo assim um alimento mais saudável. Por exemplo, a presença de antioxidantes no açúcar Nucane inibem a absorção de glicose a serem transportadas para a corrente sanguínea, evitando assim picos de glicemia durante a digestão de alimentos, líquidos ou sólidos”, detalha Molinaro.

COMERCIALIZAÇÃO E EXPECTATIVA DE MERCADO

A Nutrition Innovation e a Enerfo Sugar, player do mercado internacional de açúcar, tem uma parceria estratégica global onde todas as atividades relativas à comercialização e à logística do açúcar Nucane ficam sob sua responsabilidade. Eventualmente, segundo Molinaro, novos modelos de comercialização podem surgir no futuro, dependendo do país e da oportunidade. “Dado que nosso produto é realmente inovador, para não dizer revolucionário, temos metas bastante audaciosas. Nos países onde teremos produção local, buscamos atingir entre 5% e 10% de market share nos próximos cinco anos. Nas localidades onde o produto será importado, almejamos participação entre 1% e 2% do mercado de açúcar”, destaca Molinaro.

O maior parceiro brasileiro da empresa é o Grupo Virgolino de Oliveira, que detêm 1,5% do market share nacional de açúcar e produz 400 mil t/ano. A companhia atualmente exporta toda sua produção, sendo que já vendeu a primeira leva de Nucane para a Malásia. O objetivo é na próxima safra produzir 250 mil t de Nucane que serão comercializadas internamente com o título de açúcar Nucane.

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Segundo a desenvolvedora da tecnologia, enquanto os açúcares refinado e mascavo tem índice glicêmico de 92 e 80, respectivamente, o Nucane tem índice de no máximo 55

“O Grupo Virgolino de Oliveira e a Nutrition Innovation estão em total sintonia quanto à importância da parceria que embarcamos juntos. A capacidade de produção das usinas do grupo é de algumas centenas de milhares de toneladas por ano. Portanto, nosso foco hoje é explicação ao público e à indústria alimentícia e de bebidas sobre os benefícios do Nucane. Estamos tranquilos em relação à produção. Como temos que nos manter competitivos no que se refere a preço, estamos avançando em conversas com grupos da região Nordeste, dado que o custo de frete seria um fator impeditivo para alcançarmos esta região do País a partir de produção localizada em São Paulo”, afirma Molinaro.

Para Matthew Godfrey, CEO da Nutrition Innovation, o Brasil tem um potencial enorme para desenvolver através da tecnologia: “É uma solução que pode auxiliar tanto os produtores a terem um novo produto com um baixo investimento e utilizando o espaço e cultivo que já possuem, como também é uma opção para a indústria alimentícia oferecer produtos mais saudáveis, com mesmo sabor e por um preço competitivo. Tendo assim a possibilidade de reverter o quadro nacional de obesidade e diabetes”.

A RPAnews quis saber quando custa a tecnologia para a usina, mas a empresa não quis revelar. “Temos como missão disseminar o consumo do açúcar Nucane pelo mundo afora. Neste sentido, nosso produto foi concebido para custar aproximadamente o mesmo que o açúcar refinado. O importante não é só ser saudável mas também ser acessível à população em geral”, respondeu o diretor Regional América Latina da Nutrition Innovation.

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