Edição 176
Um homem de sucesso
Francisco José Palmeira Celestino
Idade – 57 anos
Estado Civil – Casado e tem três filhos
Formação – Engenharia agronômica pela UFAL (Universidade Federal de Alagoas)
Cargo – Superintendente de produção agrícola da Agrovale
Hobby – Restaurar carros antigos
Filosofia de vida – “Respeito ao próximo, acima de tudo, evitar qualquer tipo de vício e manter sempre a mente limpa.”
Natália Cherubin
Crédito, débito, saldo… Por incrível que pareça, estas foram as primeiras palavras com que o executivo deste mês, o alagoano Francisco José Palmeira Celestino, superintendente de produção agrícola da Usina Agrovale, teve de lidar no início da sua carreira profissional. Isto porque, ele trabalhou como bancário por dois anos no Banco Banorte, onde aprendeu as regras básicas de como mexer com dinheiro, o que, segundo ele, servem para a vida toda.
Sua carreira agronômica começou já dentro de uma usina de açúcar e etanol. Enquanto estudava Agronomia na UFAL (Universidade Federal de Alagoas), entre 1979 e 1983, Celestino fez estágio na usina Porto Rico, localizada em Alagoas. Antes mesmo de começar a faculdade, já tinha feito o curso técnico na estação experimental de cana-de-açúcar de Alagoas, antigo Planalsucar.
“Daí passei a trabalhar como gerente do escritório da Plantes – Planejamento Técnico e Serviços Agropecuários, em Junqueiro, AL, fazendo projetos agropecuários e fiscalizações para o Banco do Brasil. Em seguida, assumi a área de transferência de tecnologia de cana-de-açúcar do Núcleo de Absorção e Transferência de Tecnologia da Cooperativa dos produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas (NATT/CRPAAA), onde pude trabalhar na introdução das variedades SP e no desenvolvimento de novas tecnologias para melhoria da qualidade agroindustrial e rentabilidade do setor sucroenergético alagoano”, relembra Celestino.
No grupo Carlos Lyra, por onde trabalhou na década de 90, o executivo afirma que reforçou seus conhecimentos e pode colocar em prática as experiências vividas, realizando projetos e melhorias na produtividade agroindustrial e rentabilidade do sistema produtivo. “Como experiência positiva de vida e ampliação dos conhecimentos técnico-comerciais e estratégias, tive a oportunidade de assumir a área de Desenvolvimento Comercial Nordeste da Rhodia Agro, multinacional Francesa, por três anos, uma experiência de grande utilidade na vida profissional.”
Na mesma época, Celestino teve a oportunidade de regressar ao setor sucroenergético assumindo a área de desenvolvimento técnico-agronômico do Grupo Toledo, nas unidades Sumauma, Paisa e Capricho. Em 1996, foi trabalhar no grupo João Lyra primeiramente como assessor da diretoria e presidência, assumindo, mais tarde, a diretoria agrícola. “Por 13 anos tive a oportunidade de acompanhar e orientar o crescimento de 25% da produtividade agroindustrial e o crescimento de moagem do grupo de 3,5 milhões de t para 7 milhões de t.”
Em 2000, Celestino sai do Nordeste e cai para as bandas de Goiás e Mato Grosso com a missão de comandar a área de produção agrícola das usinas do grupo Naoum: Jaciara e Pantanal, no MT, e Santa Helena, GO. Doze anos depois, entre 2012 e 2013, atuou na superintendência agrícola da Agrovale, mas como recebeu um convite irrecusável para trabalhar fora do País, resolveu apostar no grupo colombiano Rio Paila Castilla, onde atuou como vice-presidente de operações das unidades Castilla e Rio Paila, e em projetos de expansão do grupo. “Lá pude realizar atividades de ampliação do grupo com a construção da destilaria, ampliação da capacidade de geração de energia e modernização da estrutura fabril, experiência de alta relevância profissional e pessoal também.”
RETORNO A AGROVALE
Como todo “bom filho a casa retorna”, Celestino voltou à Agrovale. Hoje, desenvolve atividades na área de produção agrícola com a busca pela melhoria tecnológica, otimização de processos produtivos e foco na rentabilidade e sustentabilidade da organização, apoiando a direção e os acionistas no crescimento da empresa.
De acordo com o executivo, o maior desafio que enfrentou em frente à Agrovale foi conseguir manter e evoluir, aumentando horizontal e verticalmente a produtividade agroindustrial e a rentabilidade da unidade sucroenergética, hoje 100% irrigada.
Hoje a Agrovale, localizada em Juazeiro, BA, produz cana em uma área de 17,5 mil ha. A expectativa para esta safra é moer 1,9 milhões de t, número recorde na história da empresa. A safra será mais alcooleira, com um mix de 60% de etanol, algo em torno de 90 mil m3 e 40% de açúcar, aproximadamente 1,9 milhão de sacos de 50 kg. Segundo Celestino, apesar da influência da crise que se abateu sobe o setor sucroenergético, as perspectivas ainda são boas.
“Nosso desafio agora é sustentar a escala de crescimento, otimizando o controle dos custos através das ações arrojadas dos acionistas, manter toda a equipe constantemente motivada, investir continuamente em novas tecnologias, fator decisivo para a criação e o desenvolvimento de sucesso ao longo dos últimos 43 anos, buscando estabilidade econômica e financeira da organização.”
As metas atingidas até agora, segundo Celestino, foram a melhoria agroindustrial em 25%, redução de custos da ordem de 5% e crescimento em escala exponencial com os câmbios tecnológicos desenvolvidos internamente com apoio de tecnologias existentes no mercado. “O reflexo se fez notar em fábrica e no caixa. Mesmo que diante de investimentos altos, a visão da empresa é dobrar a sua capacidade de produção e crescer em mais 10% sua produtividade agroindustrial.”
KNOW-HOW EM IRRIGAÇÃO
Com 100% da sua área irrigada, a Agrovale é conhecida pelo know-how em irrigação, que proporcionou o aumento de 85 a 112 TCH, em média, o que corresponde a um aumento de aproximadamente 25% nos últimos cinco anos.
Os sistemas de irrigação utilizados para produção de cana-de-açúcar, no bioma Caatinga do sertão Baiano são sulco de infiltração, pivô central e linear e, ainda, gotejamento subterrâneo.
“Para que o setor sucroenergético do Nordeste volte a ser competitivo, ele precisa rever os conceitos e as atuais modelagens de gestão existentes. Na minha visão, é necessário sair do conceito extrativista praticado em algumas organizações e utilizar-se da alta tecnologia para conseguir não só aumentar as produtividades agroindustriais, como também saber fazê-la de maneira sustentável”, destaca Celestino.
SUCESSO NO TRABALHO E NA VIDA
Diz-se que todo homem, antes de morrer, deve plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. Bem, Celestino já fez quase tudo. É um profissional de sucesso, construiu uma bela família, formada pela esposa, os três filhos e netos, e também já plantou árvores. Literalmente. “Consegui chegar a um bom patamar na minha carreira profissional e ainda ter uma família maravilhosa. Isso é bom demais. Também já plantei árvores. Sou um homem de sorte.” O que falta agora, segundo ele, é escrever livros “para que eu possa deixar para as próximas e atuais gerações informações, conhecimentos adquiridos e que possam servir de bibliografia útil para a sociedade.”
Quando não está curtindo a família, Celestino gosta de andar de bicicleta, conversar com amigos e ir à praia. Também gosta de ler livros que possam trazer mais informação e experiências que o inspirem em sua carreira. Apesar de dizer que seu maior hobby é restaurar carros antigos, Celestino adora viajar, seja a trabalho ou a lazer. “Conviver em outro país de língua, costumes, conceitos e maneiras diferentes de viver, trabalhar, se relacionar, e entender que somos capazes de enfrentar desafios cada vez maiores, obter sucesso profissional e ampliar os relacionamentos, foram, sem duvida, meus maiores aprendizados.”
O executivo conta que sua filosofia de vida visa o respeito ao próximo, acima de tudo, evitar qualquer tipo de vício e manter sempre a mente limpa. “Replico as orientações que recebi dos meus pais a minha família e para todos que tenho oportunidade: estudem, aprendam, busquem o conhecimento, porque sem ele não há evolução, não há crescimento”, finaliza.
O executivo diz que se sente realizado por ter conquistado uma carreira de sucesso e uma família maravilhosa. Ele também já plantou árvores. Agora, só falta escrever um livro.