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Edição 207

Especial – Tailândia: uma grande concorrente do Brasil no mercado de açúcar

Publicado

em

Natália Cherubin

A Ásia representa hoje mais de 50% das exportações brasileiras e a China quase 40% junto com Hong Kong. Quatro cadeias produtivas respondem por 77% do que o Brasil exporta para o mundo. Açúcar e etanol são duas delas. Enquanto alguns produtos de origem agrícola vão indo muito bem nas exportações, como soja, algodão e milho, o açúcar brasileiro perde cada vez mais share no mundo.

Mas se hoje produzimos uma cana por menos da metade do preço dos países asiáticos (US$ 40 a 50 por t) e temos todo o know-how tecnológico da produção, qual seria então o motivo? Uma das respostas é a Tailândia, um país que hoje conta com 55 unidades em operação, sete greenfields em andamento e que alcançou o segundo lugar nas exportações mundiais da commodity.

Hoje, o cenário pintado para o mercado de açúcar é o seguinte: depois de um período de superávit, as consultorias especializadas no mercado enxergam forte tendência de déficit para a safra 2019/20, que inicia em outubro deste ano. De acordo com Andy Duff, analista de Commodities e especialista em Açúcar e Etanol do Rabobank, a expectativa é de um déficit na ordem de 3,5 a 4 milhões de t.

Embora as previsões da maioria das consultorias sinalizem virada do ciclo de preços, Duff acredita que o escopo para uma recuperação do preço mundial fica limitado por hora. “Isso porque pesam no mercado os estoques globais acumulados nos últimas duas safras em países como a Índia e a Tailândia e os ‘estoques virtuais’ que o Brasil mantem na forma de cana apontada para ser moída para etanol – mas que poderia voltar para a produção de açúcar caso o preço suba para muito acima dos 13 centavos de dólares por libra-peso”, afirma.

Arnaldo Luiz Corrêa, diretor da Archer Consulting, acredita em um cenário para a próxima safra extremamente positivo por conta da redução da produção de açúcar por parte do Brasil em função dos preços do etanol, que darão ao setor condições de continuar com o mix bastante favorável ao biocombustível.

“Apostamos em um mix entre 66% para etanol e 34% para o açúcar ou talvez ٦٧٪ X 33%, o que deve enxugar ou pelo menos aliviar aqueles estoques que estão hoje no mercado mundial. Se bem que grande parte dos estoques estão na Índia, que deve mudar o estoque colchão para 5 milhões ao invés de 3 milhões, o que pode ser positivo para o mercado. Temos também uma safra de cana no Brasil quase inalterada em relação ao ano passado e menos açúcar. Além disso, na Índia, a safra que começa no mês de outubro, será 8,5% inferior. Então temos elementos que mostram que os preços podem dar uma virada e serem melhores no último trimestre deste ano. Nosso palpite é que o mercado possa chegar a 14,50 cents ou talvez em 15 cents”, prevê Corrêa.

Os países que vêm ganhando mais espaço no comércio internacional de açúcar nos últimos anos são a Tailândia e a Índia em decorrência das suas grandes safras. O Paquistão e a União Europeia aumentaram os embarques em 2017/18, mas este ano já estão diminuindo de novo, de acordo com Duff.

Em demanda de açúcar, os países que mais vem ganhando espaço no mercado são a China e a Indonésia, cada um importando na ordem de 5 milhões de t por ano. Depois vem os EUA com 2,5 a 3 milhões de t e, em seguida, Argélia e Bangladesh, com 2,4 milhões de t cada um. No entanto, segundo Duff, os grandes compradores do açúcar brasileiro hoje, ou seja, ao longo deste ano de 2019 (jan- abr) – têm sido Argélia, com 0,63 milhões de t, Bangladesh, com 0,60 milhões de t e Nigéria, com 0,33 milhões de t. A venda total durante este período foi de 4,63 milhões de t.  

Para Marcos Jank, professor sênior de Agronegócios da Insper e ex-presidente da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar), o Brasil perdeu o posto de primeiro produtor mundial para a Índia nos dois últimos anos e a Tailândia aparece como uma ameaça na exportação.

“A Tailândia cresceu muito na exportação e o Brasil perdeu 10 milhões de t em função do redirecionamento para o etanol nos últimos anos. Além disso, a Índia supera na produção. Basicamente, o que o Brasil reduziu em produção foi o que a Índia, a Tailândia e o Paquistão ocuparam de espaço. Não existe vácuo no mercado internacional. Quando o Brasil se voltou para o mercado interno, até pela competitividade da indústria, esse espaço foi ocupado pelos asiáticos”, afirma Jank.

Infelizmente, o principal problema que afeta o Brasil, de acordo com Jank, são os preços garantidos de cana-de-açúcar, que são muito mais altos para os produtores asiáticos do que no Brasil. E não são mais altos por conta do mercado, mas sim por conta de programas específicos de preços garantidos, pagamentos diretos, cotas de produção, taxa de importação, tarifas preferenciais, empréstimos subsidiados, subsídio em insumos, incentivo para conversão de terras etc.

É uma longa lista de medidas protecionistas que existem hoje e isso gera uma competitividade espúria. A Índia, hoje um dos países com mais desafios internos de alimentação, acaba subsidiando o produtor, que faz cana demais e muito açúcar porque não há um programa de etanol a altura. Esse açúcar é jogado no mercado mundial que é um subsídio ao consumidor internacional, ou seja, num país que tem problema interno de alimentação e energia, não faz sentido subsidiar a exportação, que no fundo é uma transferência de recurso do governo da Índia para o consumidor internacional de açúcar. Isso realmente terá que ser revertido em algum momento”, destaca Jank.

CONHEÇA A TAILÂNDIA

A Tailândia é um país com uma população de 69 milhões de pessoas. Em um raio de 5 mil km da sua capital Bangkok, estão localizados seis dos 10 maiores importadores de açúcar do mundo e dois dos 10 maiores exportadores da commodity.

O país, composto por 76 províncias, é dividido em quatro regiões, sendo que três produzem açúcar. No Norte do país são 22 usinas operando, na região Nordeste são 21 unidades em operação e quatro greenfields. Já na região Central, que conta com três greenfields, operam 24 unidades.

O país é o terceiro maior produtor de açúcar do mundo e segundo maior exportador, ficando apenas atrás do Brasil. Na safra 2017/18 produziu 15 milhões de t e exportou 9,74 milhões de t. Na safra 2018/19, teve uma queda na produção, caindo para 14,8 milhões de t, devido às chuvas abaixo da média, que impactaram na produtividade, e a redução das áreas plantadas de cana, que foram substituídas por culturas mais rentáveis como a mandioca e o arroz.

João Paulo Botelho, especialista em Inteligência de Mercado da INTL FCStone, que fez recente viagem ao país, visitando grandes grupos e entidades do setor tailandês, explica que mesmo em épocas diferentes, a Tailândia tem um regime de chuvas mais parecido com o do Brasil do que com o da Índia, tendo mais chuvas entre maio e outubro, com picos maiores entre julho, agosto e setembro.

A área canavieira também é parecida com a do Brasil na classificação de Köpper- Geiger, que leva em consideração clima, geografia e vegetação. O período de plantio de cana vai de outubro a maio, mas é nos dois primeiros períodos em que se tem a cana mais produtiva. De outubro a dezembro, que corresponde 70-80% da safra, se tem as canas de 15 a 19 meses, de janeiro a fevereiro (5-10% da safra) se plantam as canas de 12 a 13 meses e de março a maio, (20-30% da safra)fazem plantio da cana de 10 a 11 meses, que precisa ser irrigada.

De acordo com informações da INTL FCStone coletadas em viagem ao país, tanto a área de cana como a produtividade agrícola apresentam curva crescente há 40 anos. As exportações também cresceram com a produção, e o açúcar branco para países vizinhos ainda representa grande parte do volume.

Apesar de ter um parque industrial moderno, a área agrícola é bastante atrasada. Está há 10 anos ou mais atrás do Brasil. Com o aumento do custo da mão de obra, que vem em sua maioria de países vizinhos, a queima da cana passou a predominar no país e tem virado um problema ambiental. Além disso, a organização da entrega de cana por parte dos pequenos produtores é um dos principais desafios das usinas.

Quando se fala em escala industrial e dos maiores grupos do país, observa-se que o tamanho das plantas é semelhante ao registrado no Centro-Sul do Brasil. Os quatro maiores grupos tem capacidade de moagem (milhões de t/safra, considerando 104 dias de moagem) de, respectivamente, 18,9 milhões, 18,2 milhões, 10,1 milhões de t e 9,2 milhões de t por ano.

PRODUÇÃO DE ETANOL

A Tailândia conta com 10 plantas de produção a partir do melaço, com capacidade de 2.530 m3/dia, uma planta que produz a partir do caldo de cana e que tem capacidade de 230 m3/dia, 11 plantas que produzem o etanol a partir da mandioca, que tem a capacidade de 2.515 m3/dia, e quatro plantas flex com capacidade de 850 m3/dia.

Entre 2012 e 2018, a participação do uso da cana-de-açúcar para a produção de etanol caiu bastante, de 89% para 60%. Para 2019, segundo dados da INTL FCStone, a tendência é que a participação da cana suba para 70% na produção do biocombustível. Enquanto a maior parte dos melaços é utilizada para a produção de etanol, somente 10% da produção da mandioca tem esta finalidade.

Hoje a maior parte da gasolina vendida na Tailândia tem a mistura de 10% de etanol, mas o número de postos que vem oferecendo o E20 e o E85 vem aumentando. Até abril deste ano, entretanto, apenas 5% dos postos ofereciam E85 e 17% o E20. “A inserção de postos de bandeira branca é entrave para a continuidade da expansão de maiores misturas. Hoje 75% dos postos não são bandeirados e estes normalmente não compram misturas maiores de etanol”, explica Botelho.

No passado, as destilarias tailandesas chegaram a exportar grandes volumes de etanol, mas hoje esse volume é deficitário. Segundo Botelho, a Tailândia chegou a ter programas de incentivo para a produção de etanol no passado, mas hoje, com o atual governo, não há interesse em retomar investimentos para o aumento de produção do biocombustível.

GRANDE CONCORRENTE?

Apesar de a Tailândia ser o segundo maior exportador de açúcar no mundo depois do Brasil, e a expansão das suas exportações ter se consolidado com o crescimento robusto da sua produção junto com o encolhimento relevante da produção de açúcar no Brasil, a participação da Tailândia fica longe da brasileira, segundo Duff.

De acordo com Henrique Akamine, analista de Mercado da Czarnikow, a Tailândia possui uma grande vantagem logística por estar situada próxima ao Sudeste Asiático, porém, a qualidade mais baixa de seu açúcar favorece o Brasil. “É comum ouvirmos que algumas refinarias preferem pagar um prêmio pelo açúcar brasileiro a fim de garantir qualidade, e assim não comprometerem seus processos industriais”, afirma.

Mesmo assim, Akamine acredita que a Tailândia é um grande competidor do açúcar brasileiro, especialmente na Ásia. “Indiretamente, o açúcar refinado tailandês pode impactar negativamente a demanda por açúcar bruto brasileiro. Ao vender refinado diretamente ao mercado mundial, a Tailândia ‘rouba’ share das refinarias, que por sua vez demandam menos açúcar bruto brasileiro.”

Apesar do aumento constante ao longo dos últimos anos, Botelho não vê potencial da Tailândia continuar crescendo em produção de cana-de-açúcar. De acordo com ele, a expectativa para a safra 2019/20 é de que já haja uma queda na produção de açúcar para 13,5 milhões de t, ou seja, a Tailândia vai continuar como segundo maior exportador de açúcar, mas terá uma menor competição com o Brasil na próxima safra.

“Sem dúvida a Tailândia continua sendo o player mais importante fora Brasil e Índia, e vai continuar sendo muito relevante, mas eu não vejo potencial do país continuar crescendo como eles vinham crescendo nos últimos anos, principalmente considerando o patamar de preços que o açúcar tem sido negociado nos dois últimos anos. Se não houver uma quebra muito significativa para esse patamar, a tendência é que a produção de açúcar da Tailândia diminua”, analisa Botelho.

Há uma competição acirrada por áreas para plantar arroz e mandioca, sendo assim, há restrições para expansão das áreas de cana. Dessa forma, o crescimento da produção de açúcar na Tailândia vai depender tanto de preços mais altos no mercado internacional, como de aumento de produtividade, que tem sido lento, de acordo com o analista de Mercado da INTL FCStone.

“Poderemos ver um período em que a produção de açúcar da Tailândia fique mais estacionado entre 10 e 15 milhões de t nos próximos anos. Precisaria haver uma mudança muito grande para que eles conseguissem sair desse patamar”, salienta Botelho.

Além da questão da falta de área e dos preços, a Tailândia tem questões de ordem tecnológica. Apesar de ser uma indústria moderna, a agrícola ainda é muito atrasada. Com uma colheita majoritariamente manual e com a queima da cana, que já está criando um problema ambiental, a produção do país sofre com a falta de mão de obra, que tem tido um custo cada vez maior. Isto porque, além do país ter se desenvolvido muito, está havendo desenvolvimento dos países de onde a Tailândia traz a mão de obra. Adicionado a isso,há grande dificuldade de mecanização porque as terras são muito pulverizadas e os agricultores se recusam a fazer um esforço conjunto para mecanizar.

É um país que está em estagnação na área agrícola. Eles sabem o que têm que fazer para avançar, mas têm muitas barreiras. Por isso eu acho que a Tailândia vai continuar como um importante concorrente para o mercado de açúcar, mas não vai mais dar grandes saltos no curto e médio prazos, a não ser por uma quebra muito grande de paradigmas”, observa Botelho.

O país tem alguns desafios a serem enfrentados: hoje os preços atuais do açúcar não possibilitam uma remuneração adequada por parte dos produtores de cana, mesmo com subsídios; a falta de interesse das autoridades locais pela produção de etanol e cogeração aumenta a dependência das usinas pelo açúcar; um novo sistema precisa ser encontrado em que preços da cana acompanhem o açúcar na queda, fazendo com que o governo intervina menos; e há necessidade de substituição da colheita manual por motivos econômicos e ambientais.

“Como possíveis soluções para estes desafios acredito que o incentivo da produção de etanol a partir do caldo da cana e aumento de cogeração podem aumentar o preço da cana sem interferir no mercado internacional de açúcar; a criação de pequenas cooperativas entre produtores para incentivar a mecanização poderiam reduzir o custo da pegada ambiental da produção de cana; um sistema mais flexível de precificação, com preço de cana sendo determinado ao longo da safra, reduziria a necessidade de ajuste no final do ciclo; e o país poderia focar em produtos de maior valor agregado, para reduzir a dependência de usinas e fornecedores em relação ao mercado internacional de açúcar”, aponta Botelho

ÁSIA É FUTURO, MAS FALTA DE ACORDOS E SUBSÍDIOS PREJUDICAM

Mesmo com a competição de países como Índia, Tailândia e Austrália no mercado de açúcar, a Ásia continua sendo o principal mercado para o Brasil, por quê? “Porque é a grande região consumidora. É a região que mais cresce para as exportações brasileiras, são14% ao ano. Embora em 2018 a África tenha superado a Ásia momentaneamente, porque fizemos muito etanol, a Ásia continuará sendo a grande região de crescimento”, afirmou Jank durante apresentação realizada no Ethanol Summit 2019.

Dados sobre a exportação brasileira de açúcar para a Ásia mostram o desempenho extraordinário de crescimento de 2 para 10 milhões de t até o ano de 2018. “Por que caiu em 2018? Porque o Brasil depende de pouquíssimos países na Ásia. Estávamos exportando um absurdo de açúcar para a China, que era nosso grande mercado, no entanto, em 2017 a China botou uma salvaguarda, primeiro contra os exportadores maiores e depois contra todo mundo, que nos varreu do mercado. Além disso, a Índia, que até então era consumidora, virou concorrente porque começou a subsidiar a exportação. Então, dois grandes destinos são totalmente instáveis”, afirma Jank.

O comprador mais regular do açúcar brasileiro hoje é Bangladesh, onde o Brasil ocupou e está conseguindo crescer bastante. A Malásia, segundo Jank, também está crescendo em importação da commodity brasileira. No entanto, na Indonésia tem perdido espaço para Tailândia e Austrália. “O Japão e a Coreia que são dois bons e grandes mercados da Ásia, a gente não exporta açúcar e a Índia e a China são muito voláteis e de curto prazo”, explica.

O Brasil está perdendo muito espaço nos últimos anos principalmente para a Tailândia que tinha 21% e hoje tem 24% do mercado. E Austrália que tinha 23% e agora está com 19% (chegou a crescer em 2016 depois diminuiu por problemas climáticos).

“Além da vantagem de frete da Tailândia e Austrália, esses países tem acordos com todos os países asiáticos. A Tailândia é parta da ASEAN, bloco dos países do Sudeste Asiático. Já a Austrália, há 30 anos se instalou na Ásia com 60 representações do Governo e com toda a presença física do setor privado conseguiu fazer acordos com todo mundo. Ela tem 100% das suas exportações cobertas por acordos. Todos os produtos que ela exporta estão incluídos nos acordos. E o Brasil ficou fora desse mundo”, aponta Jank.

Com isso, o Brasil tem que pagar tarifas mais altas, tem problema de cotas, problema de polarização de açúcar e uma série de questões que fazem com que grandes mercados da Ásia não estejam sendo atendidos – como Japão e Coreia – e em outros países esbarra com os subsídios domésticos, tarifas de importação e medidas de salvaguardas.

O consumo calórico está estagnado no mundo, mas não na Ásia, onde há países crescendo 1,6%, 2,9% e até 6% ao ano como é o caso de Bangladesh. Segundo Jank, o consumo é alto em diversos países por uma razão muito simples. Os países mais pobres estão consumindo menos de 20 kg de açúcar por habitante, portanto, eles ainda estão no processo de introdução do café da manhã, das sobremesas e alimentos que são feitos de açúcar, o que significa que ainda crescerão em consumo de açúcar.

“Se os países da Ásia e África consumissem o mesmo que o mundo consome em média, que é de 23 kg de açúcar per capita/ano – considerando que a África está em 14 kg de açúcar por pessoa e a Ásia em 18 kg de açúcar – teríamos 42 milhões de t a mais nesse mercado. Não tenho a menor dúvida de que o Brasil tenha de focar na Ásia tanto no açúcar quanto para o etanol, porque é a grande região consumidora e também produtora de açúcar”, destaca Jank.

O professor e ex-presidente da Unica, que morou por cinco anos em Cingapura e trabalhou para entidades representativas com o objetivo de aumentar o diálogo entre Brasil e o setor asiático, diz que o país precisa ter mais presença física qualificada na Ásia a fim de melhorar as relações bilaterais e retomar a política comercial.

“Precisamos aumentar a consistência da parceira com a China; manter equidistância entre as guerras entre EUA e China; avançar em acordos com Japão, Coreia etc; liderar agendas convergentes, como a Global Sugar Aliance; e defender o mercado livre e a competição”, aconselha Jank.

ACORDO BRASIL-CHINA

A China havia estabelecido uma tarifação diferenciada para os principais produtores/exportadores alegando práticas de dumping. Portanto, países como o Brasil, Austrália e Tailândia sofreram um aumento da tarifa de importação em 45%, resultando numa taxa total de 95% – o que tirou a competitividade brasileira na China.

Antes desta tarifa adicional, o Brasil foi capaz de exportar 2,1 milhões de t para a China em 2016/17, caindo para 93 mil t em 2017/18 quando as tarifas adicionais foram impostas. Mas essas medidas acabam em maio de 2020, após acordo firmado com o Brasil: a não extensão destas tarifas diferenciadas. Segundo Akamine, com isso, em maio de 2020 o açúcar brasileiro voltará a ser taxado em 50% e entra no país de “igual para igual” com outras origens.

“Com tarifas mais baixas, caindo de 85% para 50%, a expectativa é que isso abra mais espaço para importações, conferindo mais competitividade para o produto importado. Isso, junto com a aplicação da tarifa sem dar preferência a qualquer origem (uma medida que tinha impactado o acesso do açúcar brasileiro no ano passado) deve dar espaço para o Brasil aumentar as suas exportações de açúcar para a China no ano que vem”, conclui Duff.

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