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Embrapa faz acordo para cana transgênica
Empresa reforça produção de variedade resistente à principal praga e ao herbicida glifosato.
A Embrapa Agroenergia assinará nesta quinta-feira (15) contrato de parceria de quatro anos para a produção de uma nova variedade transgênica de cana-de-açúcar resistente à broca, maior praga da cultura, e ao herbicida glifosato, o mais usado no setor.
Embora assinado agora, o projeto teve início em novembro e a expectativa é que em até quatro anos a variedade esteja disponível para negociações. Variedade resistente à broca não é novidade, mas a diferença dessa cana será a combinação de dois modos de ação para ampliar a proteção contra a broca e oferecer resistência ao herbicida.
A broca (Diatraea saccharalis) é responsável por perdas que chegam a cerca de R$ 5 bilhões por ano ao setor, ao reduzir as produtividades agrícola e industrial e a qualidade do açúcar, além de gerar custos com inseticidas.
Segundo Hugo Molinari, pesquisador da Embrapa Agroenergia e líder do projeto, o objetivo de incluir a resistência ao glifosato tem como objetivo reduzir o total de aplicações do herbicida, reduzindo o gasto com o produto e mão de obra no campo.
“É uma economia tanto da molécula, do próprio herbicida, por área, e também porque se faz um número menor de aplicações. É uma variedade inédita no país, com uma combinação que não existe”, afirmou Molinari.
Os primeiros testes de campo começarão em dois anos e deverão durar mais dois anos, de acordo com ele. Um dos problemas do uso de herbicidas é que ele pode prejudicar o desenvolvimento da cana ou gerar algum efeito residual para a rebrota. Além disso, deve ser usado em sistema de rodízio com outros produtos, para que o efeito no campo não seja reduzido.
“Toda tecnologia tem um prazo de validade e não é diferente o que acontece no campo hoje. É preciso incorporar características, colocar mais um modo de ação para que a proteção seja ampliada para o controle da praga.” Em laboratório, pesquisadores já iniciaram a transformação genética com as variedades selecionadas para uso.
A assinatura do projeto-parceria entre Embrapa, Sebrae, Embrapii e a startup PangeiaBiotech, ocorrerá durante simpósio sobre a integração da pesquisa pública com cana no país, na unidade do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) em Ribeirão Preto.
PIONEIRA
A proposta da Embrapa vem na sequência ao anúncio, em 2017, da aprovação para uso comercial na CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) da primeira cana geneticamente modificada no mundo, desenvolvida pelo CTC (Centro de Tecnologia Canavieira).
“Começamos a distribuição às usinas em outubro e, até o fim de abril, devemos ter 400 hectares plantados, como tínhamos planejado”, disse William Burnquist, diretor de melhoramento genético do CTC.
Segundo ele, a performance da cana está confirmando a expectativas e o plano é que nos primeiros três anos as usinas selecionadas multipliquem a produção.
Em três anos, o CTC projeta liberar de seis a sete novas variedades, para abranger todos os problemas climáticos e de solo em que a cultura é praticada e com plantas que sejam resistentes a outras pragas e herbicidas. (Folha de São Paulo)
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