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A cachaça que não é cachaça

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Bebidas mistas, licores e destilados diversos dividiram a cena com algumas das melhores cachaças do Brasil durante a 28ª ExpoCachaça. Conheça as bebidas

Todos os anos aficionados e apreciadores de cachaça peregrinam até Belo Horizonte/MG para, durante quatro dias, se atualizarem sobre os últimos lançamentos e as tendências para o mercado do destilado nacional. Comigo não é diferente. Todos os anos visito a ExpoCachaça para ver, conhecer e provar. Sem falar dos bons amigos e da boa conversa que é indissociável de uma boa cachaça. Uma coisa chama a outra.

Este ano, porém, o que chamou minha atenção – além de muita cachaça boa – foi a quantidade e a qualidade do que chamo de “bebidas satélite”. São aquelas bebidas que os produtores de cachaça lançam no mercado e não são necessariamente cachaças. Algumas usam a cachaça como base, outras nem isso.

Uma destas bebidas, é a Meu Garoto, que tecnicamente é uma bebida mista, mas é popularmente conhecida como a Cachaça com Jambú. A bebida é produzida com a maceração da flor de jambú com cachaça. Para que não conhece, o jambú é uma planta amazônica, muito utilizada na culinária paraense e conhecida pelo efeito de dormência que causa na boca, proporcionando uma sensação indescritível de tremor nas papilas gustativas, o famoso “treme”, e caiu nas graças de chefs de cozinha e bartenders, causando frisson onde é servida.
 

Em um primeiro momento achei a sensação estranha, mas logo esse estranhamento vira encantamento. Seus sabores que misturam acidez, amargo e doce ao mesmo tempo, aliado ao jambu que deixa o paladar salgado e a boca salivando por um bom tempo, fazem a boca pedir um novo gole.

Bem utilizada para a coquetelaria, a Meu Garoto é um coringa na mão para quem entender os sabores da bebida e souber combiná-los com outros ingredientes. É realmente promisso e empolgante.

Outra bebida que chamou a atenção foi a Tiquira Guaaja. Destilado a partir da mandioca, este talvez seja o legítimo destilado brasileiro uma vez que a cana-de-açúcar não é natural do Brasil e foi trazida para estas bandas pelos portugueses. A tiquira ficou desconhecida da maioria dos brasileiros fora do Maranhão, onde é produzida na paradisíaca região dos Lençóis Maranhenses em uma destilaria de fazer inveja a qualquer produtor, sendo a única marca legalizada em todo o território nacional.

As garrafas da Guaaja Tiquira homenageiam animais da fauna brasileira como o Guará (nesta foto), a onça pintada e o carcará. FOTO: Divulgação

A Guaaja é produzida em três versões, a branca (ou pura, como prefiro chamar), a armazenada em barris de carvalho e a armazenada em barris de amburana. A que mais me chamou a atenção foi a tiquira pura. Seu frescor e leveza conferem a base necessária para que os discretos sabores mais herbais apareçam, finalizando com um leve defumado. Realmente muito interessante.

Interessante também é a Aguardente de Mel Melicana. Apesar de produzir excelentes cachaças, meu paladar se voltou para este destilado de mel. Pensando em uma bebida feita a partir do hidromel destilado, não tem como não pensar na figura de um viking, porém a bebida em nada lembra a brutalidade dos guerreiros nórdicos. Seu sabor vai do adocicado ao frescor dos taninos e da acidez dos meles fermentados, em um passe de mágica. A sensação que fica na boca é aveludada e com uma gostosa salivação.

Como vocês notaram, nem só de cachaça vive o homem.

Fonte: Estadão 

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