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Pesquisa do IAC mostra que a área de plantio mecanizado volta a crescer no Brasil

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O plantio mecanizado nas áreas de reforma de 2023 cresceram 7,7% em relação ao ano passado

O mais novo censo realizado pelo Programa de Cana IAC, sobre as várias técnicas de plantio que estão sendo utilizadas em canaviais de usinas brasileiras, mostrou que a tecnologia de plantio mecanizado voltou a crescer no Brasil.

A pesquisa realizada nos primeiros três meses deste ano, contou com a participação de 182 usinas brasileiras, que correspondem a 892 mil hectares amostrados em áreas de renovação de cana-de-açúcar. A maior parte das usinas da amostragem está localizada no Estado de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Paraná.

No ano de 2023, até o dia 24/03, 132 empresas responderam que irão plantar MPB (Mudas Pré-Brotadas). A usinas vão plantar 159.074.551 MPBs, o que significa uma média de 1.205.110 MPBs por empresa. Apesar do IAC ter registrado uma alta no número de usinas participantes do Censo de 2022 para 2023, o último levantamento mostra que o uso do MPB – que  teve um pico em 2019, com 92% das unidades da amostragem utilizando a técnica – caiu para 75% em 2023, 7,6% se comparado com o ano anterior, quando 82,6% das usinas da amostragem faziam uso de MPB.

A produção interna de MPB nas usinas também mostrou queda de 9% em 2023. Neste ano, 42,2% das usinas da amostragem (182) farão produção própria de MPB, diante de 51,2% em 2022. No entanto, a produção das empresas que fazem internamente seu MPB cresceu 10,3% em 2023, se comparado com o ano anterior, de 73,8% para 84,1%.

Área de Meiosi caiu 5,2%

A Meiosi, método que cresceu bastante e teve seu pico em 2020, chegando a 27,8% da área de reforma de canaviais, vem caindo ao longo dos últimos dois anos, chegando a 14,8% em 2023. A queda foi expressiva de 2021 para 2022, quando a área de plantio de meiosi caiu de  26,5% para 20%. Em 2023 a diferença foi de 5,2%, se comparado ao ano anterior.

A região de Assis, em São Paulo, continua com a maior área utilizando esta técnica, com 51,3% do seu plantio feito com Meiosi, seguindo de Piracicaba, SP, com 25,4% e São José do Rio Preto, SP, que tem 21,8% de áreas plantadas com Meiosi. A soja e outras leguminosas continuam sendo as culturas mais utilizadas neste sistema, seguido do amendoim, que vem ocupando cerca de 10% das áreas de Meiosi entre 2022 e 2023.

 

Na Meiosi, de acordo com o levantamento do IAC, o manejo de solo que vai ser mais utilizado nestas áreas, em 66,1%, será o preparo convencional, seguido do plantio direto em 20,7% da Hoje, 13,2% das usinas farão o preparo mínimo dos solos para plantio em Meiosi.

O plantio em sistema de Meiosi, apesar de ter uma taxa de multiplicação mais alta – de  7,8 versus 4,9 do plantio mecanizado em 2023 – ainda é realizada predominantemente de forma manual, em 95,3% das áreas. De acordo com a amostragem do Censo IAC, apenas 4,7% das unidades fazem a colheita das mudas e replantio de forma mecanizada, ou seja, com colheita e plantio mecânicos.

 

A proporção de plantio comercial com a Cantosi mantem-se praticamente estável, em 8,3% em 2023, de acordo com o levantamento do IAC. Os estados com maior área Cantosi foram o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul, com 39,2%, seguido da região de Assis, SP, com 15,1% de Cantosi.

As mudas plantadas pelas usinas será, em 2023, em sua maioria advinda de canaviais comerciais. Cerca de 85% das áreas serão plantadas com mudas vindas de canaviais comerciais, 7,7%  com mudas de viveiros e apenas 6,6% de colmos vindos de MPB.

Com relação ao espaçamento de plantio de cana adotado nas usinas brasileiras, o levantamento mostra que apesar da maioria ainda acreditar no simples de 1,50 m, que ocupa 84,4% do total da área plantada em 2023, o sistema duplo alternado ainda ocupa 14,1%. O espaçamento simples de 1,10 metros sobrevive em 1,2% das áreas amostradas em 2023 e 0,2% das unidads optam pelo espaçamento simples de 1,40 metros.

Plantio mecanizado cresceu 7,7%

Assim como matéria produzida pela RPAnews sobre o tema no final do ano passado, o último Censo do IAC também mostra que o plantio mecanizado vem registando alta. Em 2023, 64,9% das áreas comerciais vão ser plantadas mecanicamente, uma alta de 7,7% em relação a 2022, quando 57,2% das áreas haviam sido plantadas mecanicamente.

As regiões com maior adoção do plantio mecanizado são Goiás e Tocantins, 86%, seguido de Minas Gerais, Espirito Santo, com 74%, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com 70%. No Estado de São Paulo, a região com maior área mecanizada é a região de Ribeirão Preto e Araçatuba, com 68% e 65%, respectivamente.

Mecanização do plantio (% da área)

 

Análise dos resultados da safra 2022/23, realizadas pelo Rating Operacional do BENRI (Biomass Energy Research Institute) e divulgados pela RPAnews em março deste ano, também mostraram uma retomada do plantio mecanizado. Em usinas de Rating A, a modalidade de plantio mecanizado cresceu 7,6% entre as safras 2021/22 e 2022/23. Enquanto na safra anterior as usinas faziam 64,5% de plantio mecanizado, subiram para 72,1% na safra 2022/23. Já em usinas de rating B, conforme o BENRI, as unidades que plantavam mecanizado na safra 2021/22, 40,1%, subiram para 45,6% na safra 2022/23.

“Esses dois índices, por sua vez, vêm sendo beneficiados pelas evoluções tecnológicas do plantio mecanizado e pelos intensos treinamentos operacionais praticados pelas usinas. Além disso, eles também foram favorecidos, em 2022, pela melhoria das condições climáticas”, afirmou Otávio Tufi, coordenador Agrícola do BENRI.

A DMB, umas das principais empresas fabricantes de plantadoras do mercado, não tem um levantamento quantitativo, mas afirma que tem percebido um aumento expressivo no interesse de produtores e usinas por plantadoras. De acordo com Auro Pardinho, gerente da Marketing da DMB, o volume de negócios mostra crescimento, mas o que mais tem sido notado é o interesse sobre a tecnologia.

“O pessoal de usinas, produtores estão com bastante medo de fazer o plantio de forma manual e meiosi, porque não querem mais se envolver com mão de obra, principalmente se não for própria. Por isso, as pessoas estão nos procurando muito para saber de preço e como está a tecnologia da plantadora. “, disse à RPAnews.

A taxa de multiplicação no plantio manual, mesmo mostrando queda em relação aos anos anteriores, continua sendo mais alta segundo Censo do IAC, de 7,4, se comparado com o plantio mecanizado, que é de 4,3. Isso, de acordo com Rubens Braga Junior, pesquisador do IAC responsável pelo Censo IAC, ocorre devido a questões tecnológicas.

“O plantio manual ainda tem quase do dobro de taxa de multiplicação do mecanizado. As empresas mais modernas, que gostam de mudar de variedades mais rápido e gostam de estar na ‘crista da onda’, continuam fazendo Meiosi com MPB porque eles conseguem multiplicar muito mais rápido as novas variedades. O plantio mecanizado segue o mesmo, não vemos muita evolução nas tecnologias. Com certeza, o ideal seria melhorar essa questão”, disse Braga Jr.

Leia também: Tecnologias em plantio de cana mecanizado: o que evoluiu até o momento?

Ao longo dos últimos anos tem sido observada uma redução do consumo de mudas e a redução no índice de falhas. No consumo de mudas, medido por toneladas de cana por hectare, o estudo do BENRI mostra que as usinas de Raiting B gastaram em média 16,4 t/ha na safra 2021/22, e reduziram esse número para 15,7 t/ha. Já as usinas de raiting A, reduziram o gasto de mudas de 13,78 t/ha, em 2021/22, para 13,25 na última  temporada (2022/23).

As falhas de plantio mostram-se bem diferentes nas unidades do Raiting B para o Raiting A no estudo do BENRI. Enquanto na última safra as usinas tiveram 18,7% de falhas, nas unidades do Raiting A registraram cerca de 13,95% de falhas na safra 2022/23 (Veja abaixo).

 

A Usina Lins, localizada em Lins, SP, usa plantadoras DMB e tem conseguido reduzir seu índice de falhas no plantio mecanizado ano após ano. Dados da companhia divulgados pela DMB em evento, mostram que em 2022 a companhia chegou a alcançar 2,54% de falhas na área total de plantio da companhia. Em outra área grande da usina, de 250 hectares, o índice de falhas chegou a 1,02% apenas, segundo Pardinho. A meta da Lins é chegar a 2,5% em 2023.

Análise e índice de falhas realizada em 194,07 hectares da fazenda São João do Pau d´Alho, da Usina da Caeté, unidade Paulicéia, SP, mostrou um índice de 0,44% de falhas com o plantio mecanizado. Já considerando a usina como um todo, o índice mesmo assim apresentou-se baixo em 2022, de 2,07%, uma queda de 50,49% se comparado com a 2021, quando a companhia tinha 4,10% de falhas.

A NovaAmérica, em análise do uso da plantadora DMB em áreas de 4 e 3,12 hectares em solos de tipo argiloso, conseguiu, com um consumo de mudas de 13,9 toneladas por hectare e 16,3 de gemas viáveis por metro linear, ter 0% de falhas, de acordo com dados divulgados pela DMB.

Mas, qual é o principal diferencial de quem consegue plantar com eficiência e ainda obter menor gasto de mudas? A resposta é: quem se preocupa em fazer mudas de qualidade. “Quem tem sucesso é quem está plantando mudas de qualidade melhor, fazendo a Cantosi próxima do local do plantio. Além disso, estas usinas fazem a colheita da muda com cuidado, com colhedoras em baixa velocidade, o que permite uma cana mais limpa e com menos palha. As usinas que se preocupam com qualidade e conseguem colocar uma muda com baixo danos nas gemas, mais limpas, com toletes de tamanho regular, de 30 a 35 cm, que é o tamanho ideal para a plantadora, conseguem bons números. Outra coisa que tem ajudado bastante são as tecnologias hoje embarcadas, como é o caso dos controladores de muda embarcados nas plantadoras mais modernas”, destacou Pardinho.

Por Natália Cherubin para RPAnews

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