No mês de outubro as atenções do mercado de açúcar serão divididas entre o final da safra no Centro-Sul e o início da safra do Hemisfério Norte. No primeiro caso, segundo os analistas do Itaú BBA, o foco será sobre o volume final de cana disponível no campo e a produção de açúcar, que com o início do período mais chuvoso pode dificultar a produção do adoçante.
O início das safras na Índia e na Tailândia foram postergados em consequência das chuvas que atingiram os países na primeira semana de outubro. Nas lavouras indianas, o principal polo produtor de cana, a região de Maharashtra, foi atingida por um ciclone e amentou o volume de precipitações. Já na Tailândia as chuvas causaram inundações em grande parte do país atingindo também as áreas de cana.
“No Hemisfério Norte, o calendário de safra ficará em evidência, pois o atraso no início da temporada na Índia e na Tailândia pode apertar o período de colheita, já que os dois países estimam aumento no volume de cana comparado com a safra anterior”, afirmam os especialistas do banco.
Ainda de acordo com eles, é preciso acompanhar o desenvolvimento da produção nessas duas regiões uma vez que o balanço global de oferta e demanda para a safra 2021/22, que teve início em outubro de 2021, já é estimado para apresentar déficit de 1 milhão de toneladas, o que sugere que qualquer eventualidade que possa diminuir o volume de produção de açúcar poderá abrir espaço para aumentos adicionais da cotação.
Clima e crise energética podem impactar
De acordo com os dados do NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration),.no tocante ao clima, a probabilidade de ocorrer o fenômeno La Niña nos próximos meses está entre 70% a 80%
No Brasil, o fenômeno está atrelado à chuvas abaixo da média no Sul do país, porém podem interferir nas precipitações sobre o cinturão canavieiro. Em contrapartida, no Hemisfério Norte, o fenômeno climático eleva os volumes de precipitações, que neste momento poderão prejudicar a colheita.
Segundo os analistas do Itaú BBA, a crise energética na China e na Índia também pode repercutir indiretamente no setor sucroenergético. No Brasil, o principal impacto poderá ser a disponibilidade de insumos, pois os dois países são importantes produtores mundiais de fertilizantes e defensivos e exportam grande volume para o país, o que poderá aumentar os custos de produção.
No caso da Índia, a elevação dos preços dos combustíveis fósseis pode ser um fator adicional de estímulo ao aumento da produção de etanol e direcionar maior volume do excedente de açúcar do país para o biocombustível.
Açúcar: cotações tem alta de 10,2%
No acumulado de agosto até o início de outubro as cotações de açúcar apresentaram altas na bolsa de Nova Iorque. O contrato de março/22 fechou a sexta-feira (8/10) em cUSD 20,29/lp, alta de 2,3% comparado com a última cotação do mês de agosto.
A elevação dos preços de NY e a valorização do dólar frente ao real fizeram com que as cotações no primeiro vencimento atingissem os R$ 2.609/t (8/10), representando um aumento de 10,2% comparado também com o último dia agosto.
No último dia de setembro houve a expiração da tela de outubro/21 e os volumes de açúcar entregues na bolsa foram pouco expressivos comparado com as últimas expirações, cerca de 225 mil toneladas, contrariando as expectativas do mercado.
O volume acumulado da moagem chegou aos 430 milhões de toneladas até a 1ª quinzena de setembro na região Centro-Sul, o que representou queda de 6,6% frente ao mesmo período da safra 2020/21. Em relação ao açúcar, o volume total produzido foi de 26,8 milhões de toneladas, redução de 8,8% no mesmo período, segundo o último relatório da Unica.
Natália Cherubin com informações Itaú BBA