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Açúcar: produtores europeus temem concorrência do Brasil

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Segundo a Comissão Europeia, o acordo do bloco com o Mercosul deve poupar às empresas europeias mais de 4 bilhões em impostos. Em contrapartida, a Europa também teve que fazer concessões importantes a seus novos parceiros comerciais, especialmente no setor da agricultura.

Uma decisão que desagrada especialmente aos produtores de beterraba da França, os grandes fornecedores de açúcar para o continente. Eles veem com preocupação a possibilidade de a produção do açúcar brasileiro literalmente invadir o mercado europeu com os preços mais competitivos oferecidos pela cana de açúcar.

De acordo com a RFI, que ouviu especialistas e representantes de produtores e empresariado para tentar entender o que está em jogo nesta “guerra do açúcar” entre Brasil e França, na disputa pelo mercado europeu.

Segundo Timothé Masson, economista da Confederação Geral de Produtores de Beterraba da França, os produtores franceses serão “penalizados” no caso do açúcar, ao contrário do setor bovino ou de aves.

“Este açúcar brasileiro que deixamos entrar sem impostos não é um tipo de produto que encontraremos na França, mas em outros países europeus que não são nossos clientes tradicionais, como o Reino Unido, a Espanha e a Itália, de quem a França sempre foi fornecedora”, explica o especialista, em entrevista à RFI.

“Isso significa menos clientes para a França. É também por isso que existem países favoráveis a esse acordo no centro da Europa, porque se trata de uma maneira de comprar um açúcar mais barato, em relação ao produto francês”, diz. “Estes países não são atualmente produtores de açúcar, mas sim o que chamamos de refinadores. Eles importam o açúcar mascavo e o refinam em branco na Itália, Espanha e Reino Unido”, analisa.

“Com o Brexit e o fechamento do mercado britânico, esse contingente de mercado que demos ao Brasil se destinarão a esses países, ou seja, esse ´presente´ que demos ao Brasil se torna ainda mais importante se levarmos em conta uma União Europeia com 27 e não 28 países”, avalia Masson, que faz eco à insatisfação dos produtores de beterraba franceses.

O acordo com o Mercosul prevê a importação para a UE de 180.000 toneladas de açúcar, principalmente do Brasil, sem taxas alfandegárias. Os produtores franceses de beterraba se sentem ameaçados por essas novas importações e exigem que o acordo não seja ratificado.

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