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Analistas dizem que a pandemia na Índia pode afetar demanda global de açúcar

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O recrudescimento da pandemia da covid-19 na Índia, um dos principais países produtores e consumidores de açúcar no mundo, pode afetar a demanda local pelo adoçante. O cenário é monitorado por analistas ouvidos pela reportagem, que também acompanham a possibilidade de interrupção na logística das exportações.

“Se o lockdown persistir por muito tempo, então definitivamente afetará o consumo de açúcar”, informou a Archer Consulting em nota enviada à reportagem. A demanda industrial pode ser afetada se as medidas restritivas se mantiverem. “Vamos ficar de olhos abertos nos próximos meses de maio e junho, quando a demanda por refrigerantes e sorvetes é máxima. Mas até abril, nenhum impacto no lado da demanda”, completa a consultoria.

O analista Michael McDougall, da Paragon Global Markets, afirmou que o consumo no país asiático deve ser afetado. Ele lembra que as mudanças na demanda geralmente demoram mais para serem notadas. “As companhias que consomem açúcar também têm estoque, então sempre leva um tempo para haver uma estatística viável de consumo”, diz ele. No entanto, McDougall projeta que o consumo em festivais ao ar livre, que são comuns no país, deve ser prejudicado.

Pelo lado da oferta — a Índia é, junto com o Brasil, a maior produtora global do adoçante –, ainda há poucos sinais de efeitos graves da pandemia. “Na frente da logística, o açúcar está entre as commodities essenciais, por isso vai se movimentar”, afirma a Archer. McDougall diz que também não recebeu relatos de problemas na logística. “No máximo, pode ser que haja algo isolado”, diz.

Com o tempo seco no Centro-Sul do Brasil e a possibilidade de cortes na estimativa de produção da região, o mundo pode depender mais da oferta indiana. O subsídio governamental da Índia para exportações nesta temporada (que vai até setembro) é para 6 milhões de toneladas. Segundo a Associação Indiana das Usinas de Açúcar (Isma, na sigla em inglês), 2,97 milhões de toneladas já haviam sido embarcados entre outubro de 2020 e março de 2021.

A cota limitada de subsídios pode atrapalhar as exportações do país. “O que eles deixam de consumir não deve ser exportado, porque as exportações estão limitadas em 6 milhões de toneladas”, afirma McDougall. Nesse caso, os preços internacionais precisariam continuar subindo até que a exportação indiana — onde os custos de produção são mais altos do que no Brasil — seja lucrativa.

Nos últimos dias, houve boatos sobre um aumento da cota para o restante desta safra, mas McDougall não acredita nessa possibilidade. “O governo não tem dinheiro”, afirmou. “O problema do vírus na economia vai ser grande. Eles têm problemas mais graves do que apoio a produtores de açúcar”.

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