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Edição 191

Bate Bola – Nordeste prospecta equilíbrio

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RPANEWS – QUAL ERA A EXPECTATIVA DE PRODUÇÃO DE CANA, AÇÚCAR E ETANOL PARA O ESTADO DE ALAGOAS NA SAFRA 2016/17? OS NÚMEROS SE CONCRETIZARAM?

Pedro Robério – Inicialmente prevíamos uma moagem em torno dos 18 milhões de t de cana, no entanto, com a escassez de chuva se prolongando durante os meses de moagem, desidratando ainda mais a cana e inibindo o seu crescimento, atingimos, ao final da moagem 2016/17, o montante de 16 milhões de t de cana.

A SECA FOI APONTADA COMO UM DOS MAIORES DESAFIOS PARA A SAFRA DO NORDESTE. QUAL FOI O REAL IMPACTO DA SECA PARA A PRODUÇÃO DO ESTADO?

Nos últimos cinco anos, temos enfrentado os efeitos da seca notadamente em grande parte da região Nordeste com reflexos negativos na produtividade agrícola dos canaviais e perdas da cana soca, principalmente no Estado de Alagoas. Com as recentes chuvas que tem caído nessa entressafra, prevemos uma recuperação de parte do canavial podendo atingir os números da safra anterior (2016/17).

MUITO ALÉM DO CLIMA, QUAIS FORAM OS OUTROS FATORES IMPORTANTES E QUE TEM IMPACTADO NA SAFRA NORDESTINA?

Fundamentalmente a carência de recursos financeiros, praticamente a inexistência de linhas de crédito, o qual tem comprometido a renovação/manutenção dos canaviais, irrigação e renovação de ativos industriais.

QUANTAS USINAS FUNCIONARAM NO ESTADO DE ALAGOAS NA ÚLTIMA SAFRA? DEVEREMOS TER O MESMO NÚMERO NA 2017/18?

Na safra encerrada, das 22 unidades industriais existentes apenas 17 moeram nesta safra. Para a próxima safra, que se inicia no mês de setembro, a continuar a falta de investimentos, acreditamos que essas 17 usinas deverão operar.

ALGUNS PRODUTORES ESTAVAM SEM RECEBER DE ALGUMAS UNIDADES. COMO ESTA SITUAÇÃO VEM SENDO RESOLVIDA ENTRE USINAS E PRODUTORES?

No decorrer dessa safra, as indústrias têm negociado formas de pagamentos com os seus fornecedores de cana, inclusive algumas unidades com a anuência da Associação dos Fornecedores.

QUAL É A SITUAÇÃO FINANCEIRA DAS UNIDADES E QUAIS MEDIDAS POLÍTICAS VEM SENDO AGUARDADAS PELO SETOR NORDESTINO?

Assim como a situação socioeconômica atual do País, o setor sucroenergético está enfrentando um desfio sem precedentes na sua história. No entanto, as suas lideranças estão despendendo esforços no sentido de superar, a curto prazo, a presente situação. Espera-se que sejam implementadas as políticas públicas que assegurem a continuidade da produção do etanol no país e no Estado como forma de solver-se eventuais pendências financeiras dentro da cadeia produtiva. As empresas no limite de sua capacidade operacional e financeira estão desenvolvendo todos os esforços. Contudo, eles precisam ser recepcionados pela restauração das políticas públicas que asseguram ao etanol competitividade com a gasolina e, como consequência, a retomada do seu desenvolvimento.

QUAL TEM SIDO O DIÁLOGO DO SINDAÇÚCAR-AL JUNTO AO GOVERNO?

Tem sido permanente no sentido de sensibilizar o Governo Estadual e Federal para as medidas que venham a permitir a superação das dificuldades que vem se abatendo sobre o setor no Estado e na região

A PRODUÇÃO DE AÇÚCAR VEM SENDO A SALVAÇÃO PARA O SETOR NORDESTINO?

Sim. No que diz respeito ao Estado de Alagoas, na safra 2016/17 cuja moagem encerrou em abril passado, produzimos 1,44 milhão t de açúcar. Como o setor de Alagoas é tipicamente exportador, desse montante cerca de 80% é destinado ao mercado externo na característica de açúcar bruto e o restante ao mercado interno na forma de açúcar tipo cristal. Então temos importantes países compradores como Estados Unidos, Canadá, Rússia, Malásia, Holanda, China e Indonésia.

QUAL É A EXPECTATIVA PARA A SAFRA 2017/18? JÁ HÁ PROJEÇÕES PARA PRODUÇÃO DE CANA, AÇÚCAR E ETANOL NO ESTADO?

Decorrente das últimas precipitações pluviométricas a continuar nos próximos meses, temos como previsão a repetição da safra anterior, ou seja, atingir os cerca de 16 milhões de t de cana, 1, 4 milhões de t de açúcar e 380 milhões de l de etanol.

EM MÉDIO PRAZO O QUE O SETOR NORDESTINO PRECISA PARA SE REEGUER?

Precisamos de um melhor ambiente de preços internacionais e a restauração imediata das políticas públicas que assegurem os investimentos para a longevidade do desenvolvimento do etanol, aliadas a retomada do ambiente econômico e fiscal do país para as atividades empresariais. Só assim podemos vislumbrar o início da reversão da crise do setor no país e em Alagoas.

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