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Bioenergia

Cana: moagem deve crescer, mas teor de açúcar cairá, diz consultoria

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A moagem de cana do Brasil deverá aumentar 2% na temporada 2019/20, para 633,6 milhões de toneladas, estimou INTL FCStone, em momento em que a colheita no Nordeste/Norte está prestes a começar, com um ligeiro atraso devido a mais chuvas ocorridas este ano.

A FCStone, em sua primeira estimativa para a safra do Norte/Nordeste, apontou um aumento de quase 5% na moagem de cana da área, para 50,3 milhões de toneladas em 2019/20, de acordo com informação antecipada à Reuters.

Mas nem uma melhora na safra nordestina impulsionará o panorama para a produção de açúcar do Brasil, maior exportador global, já que o país tem destinado volumes recordes da matéria-prima para a produção de etanol e deverá colher uma safra com redução de quase 2% no Açúcar Total Recuperável (ATR), para 135 kg por tonelada de cana.

A produção brasileira de açúcar foi projetada em 28,7 milhões de toneladas na safra 2019/20, queda de 1% ante ciclo anterior, segundo a FCStone, que estima aumento de 3,4% na fabricação do adoçante no Nordeste, para 2,63 milhões de toneladas.

“No geral, vai ter aumento da moagem de cana, com uma redução geral do ATR. Essa tendência de aumento da moagem e redução de ATR é vista nas duas regiões (centro-sul e Norte/Nordeste), assim como redução no mix açucareiro vemos nas duas regiões”, afirmou à Reuters o analista João Paulo Botelho.

O total de cana destinada ao açúcar cairá para 35,3% no Brasil, ante 35,7% na safra anterior. O restante da matéria-prima vai para o etanol.

Segundo o ele, o ATR está reduzido principalmente pelo clima mais úmido. “No centro-sul, tivemos também chuvas que se estenderam até junho, o clima chuvoso aumenta o peso da cana, mas reduz o que pode tirar de açúcar”, destacou.

Já a produção de etanol do Brasil, que tem remunerado mais os produtores do que açúcar, deverá aumentar 1,78% para 33,75 bilhões de litros, incluindo 1,1 bilhão de litros do combustível feito a partir de milho, este com alta de mais de 40% na comparação anual, à medida que o biocombustível do cereal começa a ganhar importância no país.

Sem o etanol de milho, a produção do combustível no país cresceria apenas 0,9%.

Já a produção de etanol do Norte/Nordeste do Brasil foi estimada em 2,25 bilhões de litros, aumento de 4,1% ante a temporada passada, apontou a FCStone. As regiões ao norte do país não fazem o produto à base de milho.

Importação

Uma maior produção de etanol no Norte/Nordeste é importante porque as regiões são importadoras do biocombustível, especialmente dos Estados Unidos.

Mas o analista destacou que as importações da região vão depender também de uma decisão do governo brasileiro sobre uma cota livre de tarifa de importação, que é válida até o final do mês.

O Brasil permite atualmente que 600 milhões de litros por ano de etanol entrem no país sem tarifas, mas a regra expira no fim deste mês. Se não for renovada, as importações futuras estarão sujeitas a um imposto de 20%.

“Fizemos a estimativa considerando a situação atual, se tiver uma mudança no cenário regulatório, aí teria um impacto muito mais definido pela decisão do governo… Se o governo começar a tarifar toda a importação, vai ter menor entrada desse produto”, disse o analista.

Ele lembrou que Pará, Amazonas, Maranhão e Ceará são mercados que dependem bastante do etanolanidro importado. “Com certeza terá redução na entrada, terá aumento na demanda pelo produto dos Nordeste, e haverá maior direcionamento para etanol anidro no Nordeste.”

Ele citou ainda que a demanda será determinante para a região. “Dependendo de quão forte for a reação dos consumidores, isso vai ser determinante para ver quanto vai importar, se os consumidores mantiverem o nível elevado de demanda, veremos um mercado de etanol bem mais apertado, e isso pode estimular um aumento das importações pelo Nordeste, mesmo com aumento de produção.”

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