Os preços internacionais do açúcar encerraram a segunda-feira (10) em direções opostas nos dois principais mercados. O contrato de açúcar bruto com vencimento em março de 2026 subiu 0,1 centavo, ou 0,7%, indo a 14,20 centavos de dólar por libra-peso, afastando-se da mínima de cinco anos da semana passada, de 14,04 centavos de dólar por libra-peso. Por sua vez, o contrato mais ativo do açúcar branco perdeu 0,3%, para US$ 408,20 por tonelada.
A tendência mista reflete o equilíbrio entre dois fatores opostos: de um lado, a pressão da ampla oferta global e, de outro, o suporte momentâneo dado pela valorização do real frente ao dólar, que desestimula exportações brasileiras.
O principal fator de baixa segue sendo o avanço da produção de açúcar no Brasil, maior exportador mundial. Na semana passada, a Conab revisou para cima a estimativa de produção da safra 2025/26, projetando 45 milhões de toneladas — acima das 44,5 milhões previstas anteriormente.
De acordo com a Unica, na primeira quinzena de outubro a produção do Centro-Sul atingiu 2,484 milhões de toneladas, alta de 1,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. O mix açucareiro também cresceu: 48,24% da cana processada foi destinada à fabricação de açúcar, ante 47,33% um ano antes. No acumulado até meados de outubro, a produção do Centro-Sul soma 36,016 milhões de toneladas, avanço de 0,9% na comparação anual.
Excedente global pressiona as cotações
O cenário internacional reforça a percepção de excesso de oferta. Na última quarta-feira, a trading Czarnikow elevou sua projeção de superávit global de açúcar para 2025/26 de 7,5 milhões para 8,7 milhões de toneladas — um acréscimo de 1,2 milhão. A perspectiva de um excedente tão expressivo limita a recuperação dos preços, mesmo diante de oscilações cambiais.
A consultoria Datagro também projeta aumento de produção no Brasil no ciclo seguinte: a safra 2026/27 do Centro-Sul deve atingir 44 milhões de toneladas, um crescimento de 3,9% sobre o volume atual — número que, se confirmado, seria recorde histórico.
Apesar do cenário de ampla oferta, o fortalecimento do real brasileiro deu algum suporte às cotações em Nova York nesta segunda-feira. A moeda brasileira atingiu o maior patamar em cinco semanas frente ao dólar, o que reduz a atratividade das exportações e tende a restringir momentaneamente a oferta externa.
Com isso, o mercado nova-iorquino conseguiu se sustentar após tocar, na quinta-feira passada, o menor nível em cinco anos para contratos futuros mais próximos.
Com informações da Barchart

