Edição 197
Dropes – 197
CRÉDITOS DO RENOVABIO TENDEM A FICAR RESTRITOS A PRODUTORES E DISTRIBUIDORAS
A futura negociação de créditos de descarbonização estabelecida pelo programa de incentivos RenovaBio tende a ficar restrita a produtores de biocombustíveis e distribuidoras, embora uma eventual participação de outros agentes pudesse levar liquidez a esse mercado.
Um primeiro decreto com orientações gerais do programa foi publicado, mas ainda serão definidas as metas de descarbonização e a forma como serão negociados os chamados CBIOs, créditos que as distribuidoras terão de adquirir junto a produtores de biocombustíveis para o cumprimento de objetivos anuais de redução de emissões.
Especialistas alertaram que, sem uma regulamentação calibrada, tais CBIOs poderiam ficar expostos a especuladores. Mas, para a presidente da Unica, Elizabeth Farina, isso não deve ocorrer. “A lei, do jeito que está hoje não veda o investidor particular de investir. Isso poderia ajudar a trazer liquidez para o CBIOs, mas a regulamentação tende mesmo a ficar restrita ao setor de transportes”, destacou.
CENTRO-OESTE LIDERA GERAÇÃO DE ENERGIA LIMPA NO BRASIL
Os dados relacionados às fontes alternativas de energia no Centro-Oeste revelam como a região está empenhada em diminuir a dependência de combustíveis fósseis, minimizar impactos ambientais e reduzir gastos com energia. Entre as cinco regiões do Brasil, a Centro-Oeste é a que mais utiliza fontes renováveis em sua matriz energética, com 58% do total.
No caso específico da energia elétrica, 87% dela no Centro-Oeste vem de fontes renováveis, bem acima da média nacional (74%). A biomassa produzida pelo setor sucroalcooleiro, que no país representa 17,5% da oferta de energia, é responsável por 33% da energia do Centro-Oeste. E os investimentos em pesquisa e inovação no setor de biomassa continuam crescendo na região.
MAIOR DEMANDA DE BIODIESEL VAI AFETAR PORTOS
O aumento do percentual de biodiesel na mistura do diesel comercializado no Brasil deverá reduzir de 5% a 15% a demanda por armazenamento de combustíveis líquidos em portos brasileiros.
Começou a valer no dia 1º de março uma decisão do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) que aumentou de 8% para 10% a proporção de óleo produzido a partir de biomassa no diesel comercializado no Brasil. Isso deverá levar a uma reversão do déficit de 9,8 milhões de m3 de diesel importados em 2017 para um superávit de 0,4 milhão em 2030, diz Julio Favarin, sócio-diretor da consultoria. “Haverá um alívio para a infraestrutura portuária, que estava bastante estressada com importações desde a mudança da política de preços da Petrobras”, diz ele. “Não se trata necessariamente de um movimento desejado, porque, no final, representará também perda de faturamento [para os terminais portuários].”
BAYER RECEBE AVAL DA UE PARA COMPRA DA MONSANTO
A gigante alemã Bayer obteve a aprovação antitruste da União Europeia para a aquisição da Monsanto por US$ 62,5 bilhões, a última de três megafusões que vai reformular a indústria agroquímica. O acordo deve criar uma empresa com o controle de mais de um quarto do mercado mundial de sementes e pesticidas.
Impulsionada por mudança nos padrões climáticos, competição na exportação de grãos e uma economia rural global vacilante, a Dow e Dupont, e ChemChina e a Syngenta lideraram inicialmente a onda de consolidação no setor. Grupos ambientalistas e de agricultura se opuseram aos três acordos, preocupados com seu poder e sua vantagem em dados de agricultura digital, que podem dizer aos agricultores como e quando plantar, semear, pulverizar, fertilizar e colher culturas com base em algorítmos.
A Comissão Europeia disse que a Bayer mitigou as preocupações ao ofertar uma série de ativos para impulsionar a rival Basf. “Nossa decisão garante que haverá competição efetiva e inovação nos mercados de sementes, pesticidas e agricultura digital também após essa fusão”, disse Margrethe Vestager, comissária europeia da Competição. A China já deu aprovação condicional ao acordo da Bayer e da Monsanto, que também ganhou luz verde no Brasil. Atualmente, o negócio está sendo revisado pelas autoridades antitruste dos Estados Unidos e da Rússia.
DÍVIDA DE USINAS DEVE VOLTAR A CRESCER
Os balanços que as usinas sucroalcooleiras apresentarão nos próximos meses referentes à safra 2017/18 deverão mostrar o fim de um curto ciclo de fôlego financeiro do setor. Com a persistência da pressão sobre as cotações do açúcar e o aumento dos custos nas últimas temporadas, a tendência é que as usinas voltem a se alavancar, revertendo o movimento das últimas duas safras, segundo bancos e executivos do setor.
Pedro Fernandes, diretor de agronegócio do ItaúBBA, estima que o peso do endividamento líquido das usinas do Centro-Sul no fim desta safra será menor do que no fim de 2016/17, em R$ 113 por t de cana moída, marcando a terceira redução seguida. Essa tendência, porém, não deve perdurar. O executivo se mostra pessimista quanto às receitas da próxima temporada, já que “o mundo continua em superávit [de oferta de açúcar] e não vemos perspectiva de aumento do preço”.
O aumento do peso do endividamento parece ser inevitável para aquelas usinas que investiram pouco na indústria e no campo nos últimos tempos. Segundo Alexandre Castelano, superintendente para clientes corporativos do Santander, estas unidades estão sujeitas a problemas e vão ter que tomar dívida. “Poucas empresas hoje têm custo abaixo dos preços atuais.”
Uma delas é a São Martinho. “Temos uma estrutura que, mesmo na baixa do ciclo [de preços], vamos gerar caixa. Mas para quem não tem, o primeiro impacto é a queda do Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização]”, diz Fábio Venturelli, CEO da companhia.
Fernandes observa que algumas usinas ainda têm lastro em terras, o que pode dar mais estabilidade em momentos de crise. Ainda assim, ele acredita que quem está saindo de uma situação mais frágil pode não ter fôlego para este novo ciclo de preços baixos.
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