Edição 192
Executivo
Aparecido LuizIdade: 56 anos Estado Civil: Casado e tem dois filhos Naturalidade: Sertãozinho, SP Formação: Graduado em Contabilidade e Filosofia com Especialização em Gestão do Comércio e pós-graduação em Administração de Marketing Cargo: Presidente do Ceise-Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis) Hobbies: Cozinhar, meditar, ler e escrever Filosofia de vida: “Sou exatamente aquilo que penso, sinto e, principalmente, realizo.” |
É comum ouvirmos e repetirmos que algumas carreiras são conquistadas por pessoas que têm uma vocação para aquilo. Existem pessoas que nascem com a aptidão de cantar, enquanto outras nascem com o talento de ensinar, por exemplo, passando ao próximo todo o conhecimento adquirido ao longo da vida. O executivo do mês desta edição da revista RPAnews, o presidente do Ceise Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis), Aparecido Luiz, é um destes que nasceram com o dom de ensinar.
Aparecido conta que começou a trabalhar logo cedo, aos 14 anos de idade, como auxiliar de escritório de uma pequena empresa, onde logo passou a exercer funções cada vez mais importantes. Ele definitivamente se apaixonou pela área de Administração de Empresas. “Fiz o segundo grau em escola particular, com direito a curso profissionalizante e, quando o concluí, já era técnico em Contabilidade e comecei a exercer a profissão. Fiz vários cursos paralelos de aperfeiçoamento e também sequenciais, mas todos ligados ao Empreendedorismo e Administração de Empresas. Nunca parei de estudar, inclusive, este ano, pretendo começar um novo curso.”
Formado em Contabilidade, Filosofia e com pós-graduação em Administração de Marketing e especialização em Gestão do Comércio, ele conta que a paixão por dar aula surgiu ainda na infância, quando ele fez o curso de formação para sua primeira comunhão. “Senti uma vontade imensa de ensinar às outras pessoas o que estava aprendendo sobre Jesus Cristo. Na minha adolescência, comecei dando aulas de catequese e não parei mais. Hoje sou professor de cursos profissionalizantes. Comecei a lecionar assim que terminei minha especialização em Gestão do Comércio,” conta Aparecido, que começou profissionalmente dando aulas de Administração de Marketing.
A paixão falou mais alto e então ele se especializou em Empreendedorismo e também em Educação Financeira. “Ministrei e ainda palestro em várias faculdades. Como professor trabalhei durante 12 anos lecionando na escola TecSert, no curso de Administração de Empresas e agora leciono sobre Educação Financeira, com foco em empreendedorismo, para grupos de empresários montados especificamente para este fim.”
Além de professor ele atua também como consultor. “Estou na área já faz muito tempo, porque sempre dei consultoria para os empreendedores que frequentavam minhas aulas, porém, comecei a dar ênfase neste trabalho por influência da minha filha, que se formou em Direito e se apaixonou pela área de consultoria financeira para empresas e famílias. Sou empresário desde antes da minha graduação, já passei por outras empresas do setor sucroenergético ligadas à indústria de base. Através dos meus trabalhos de consultoria ensinei e aprendi muito também”, acrescenta.
NO SETOR SUCROENERGÉTICO
Como ele também é proprietário de uma empresa voltada ao setor de peças e serviços para veículos da linha pesada, sempre teve um relacionamento muito estreito com toda a cadeia produtiva do setor sucroenergético, principalmente o setor de logística da indústria de base. No entanto, o mergulho na área aconteceu de fato quando ele iniciou suas atividades como diretor do Ceise-Br, em 2010.
Como sempre teve um papel muito atuante dentro da diretoria entidade, Luiz acabou naturalmente sendo convidado a assumir a presidência em janeiro de 2017. “Recebi a nova função com muita naturalidade porque sempre fui um diretor atuante, ligado aos desafios da gestão executiva do Ceise-Br e o meu trabalho estava diretamente associado à presidência da entidade.”
“O maior desafio foi conciliar o tempo que demanda assumir a presidência com os demais compromissos que eu já tinha. Meu tempo é administrado para atender à demanda da minha empresa, a Sudeste Peças, e das empresas atendidas pela R&A Educação Financeira. Também dedico parte do meu tempo com as responsabilidades da presidência do Ceise Br.”
Para isto, o executivo do mês revela ter dividido a gestão como presidente da entidade em quatro semestres, com metas claras para cada um. De acordo com Aparecido, as metas são trabalhadas com toda a diretoria e, além de dar sequência ao trabalho que já vinha sendo desenvolvido, a instituição tem algumas metas de longo prazo, como a construção da sede própria, a implantação definitiva do Arranjo Produtivo Local, o fortalecimento dos comitês de serviços e o estreitamento das relações com o poder público e as demais instituições voltadas para o setor.
O CEISE BR
Criado em 1980 o Ceise tem o intuito de representar o parque industrial da região, atuando em negociações trabalhistas. Desde então, a entidade vem acompanhando e participando do desenvolvimento e crescimento do setor sucroenergético, assim como a sua importância e reconhecimento no mercado internacional.
A instituição, sem fins lucrativos, consolidou-se como um importante elo da cadeia produtiva da cana-de-açúcar e, anos mais tarde, em 2007, por decisão de seus associados, tornou-se Ceise Br, reunindo as empresas de máquinas, equipamentos, bens de capital, serviços, insumos e tecnologias agrícola e industrial do campo de biocombustíveis.
O Ceise Br é convidado permanente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Açúcar e Álcool. Aparecido revela que a instituição tem sempre levado discussões embasadas em dados concretos a nível nacional, para que assim seja possível entregar sugestões ao Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e demais ministérios que participam desta Câmara. “Na mais recente reunião, realizada em junho, foi abordada a necessidade de taxar a importação do etanol que, só no primeiro trimestre de 2017, atingiu um volume 400% maior que o registrado no mesmo período em 2016, prejudicando produtores brasileiros e, consequentemente, provocando uma concorrência desleal.”
Outro ponto discutido foi a urgência da implantação do RenovaBio, projeto que estabelece políticas públicas aos biocombustíveis e sua participação na matriz energética brasileira. “Nós temos um legítimo desejo de continuar ajudando o setor através de nossas ações em paralelo com outras entidades e também com o poder público, para que o setor volte a gerar benefícios para a economia nacional, começando por Sertãozinho e região. Representar uma organização como o Ceise Br é um sentimento de responsabilidade com o futuro da indústria de base.”
Segundo o executivo, os pontos chaves vão desde a conscientização e formação de opinião dos empreendedores dos vários setores que formam o elo da cadeia produtiva da agroindústria e de biocombustíveis sobre a importância do setor para a economia e também para a melhoria do meio ambiente até a fomentação de novos nichos de mercado. “Para isso, nosso trabalho é intenso, através de participações em feiras, eventos e também das demandas políticas que envolvem o setor nos níveis municipais, estaduais e federais.”
LEVE RETOMADA
Nos últimos anos a indústria de Sertãozinho sofreu muito com a crise econômica e ainda está muito longe do ideal em termos de investimentos. No entanto, Aparecido diz que já foi possível observar, durante a última entressafra, ou safra da indústria, uma modesta melhora nos pedidos de manutenção. “Por conta da crise, nas últimas entressafras as usinas deixaram de fazer grandes investimentos e, por isso, estão operando no limite da capacidade instalada, o que dá sinais de que na próxima parada haverá um aumento de reformas e aquisição de novos equipamentos, haja vista que o mercado vem exigindo eficiência e produtividade.”
Segundo ele, um dos maiores desafios é dar continuidade às metas traçadas para o segundo semestre deste ano, principalmente quanto à luta para aprovação do projeto Renovabio, uma das estratégias para que o Brasil consiga atender aos compromissos assumidos no Acordo do Clima de Paris para a redução dos gases de efeito estufa.
Outros desafios maiores desafios para o setor em 2017 estão sendo conviver com a concorrência internacional do preço do açúcar, que teve uma grande queda em relação ao ano passado, de 21 centavos de dólares por libra-peso para 12 centavos de dólares por libra-peso, e também o preço do etanol, ao qual voltaram a incidir Pis/Cofins, de R$ 0,12 por litro do hidratado. “Estes fatores estão ligados, diretamente, ao desaquecimento dos investimentos no setor que, além do mercado, ainda enfrenta a instabilidade política.”
FOCO E ORGANIZAÇÃO
Não é segredo para ninguém que foco e organização são itens que fazem toda a diferença na hora de exercer mais de uma função ao mesmo tempo. Aos 56 anos, natural de Sertãozinho, interior de São Paulo, casado com Regina Maria Pignata Luiz, e pai de José William, 33 anos e Juliana Maria, 29 anos, Aparecido conta que se considera pragmático, para não dizer metódico, quanto ao seus horários e compromissos.
”Respeito minha agenda e também o tempo e a cronograma das demais pessoas envolvidas em meus compromissos. Uso um sistema operacional virtual, onde meus e-mails, agendas e arquivos estão interligados, tendo a consciência de que não disponho de mais tempo que as outras pessoas, mas que posso administrar as minhas atividades dentro do tempo que disponho. Assim, consigo atender à demanda de meus compromissos profissionais e ainda conciliar minhas atividades pessoais e familiares.”
Nos finais de semana ou quando tem um tempo sobrando, Aparecido conta que gosta de fazer uma série de atividades. “Quando não estou exercendo minhas funções profissionais gosto de cozinhar, ler, curtir meus animaizinhos de estimação, meditar, participar das missas aos domingos, estar com minha família e, principalmente, escrever. Tanto é que publiquei meu primeiro livro no ano passado: ‘Alzheimer Corporativo’, que trata de autoajuda nas rotinas administrativas. E já estou pensando em iniciar outro livro”, revela.
Mesmo já tendo uma carreira sólida, Aparecido salienta que ainda tem vários sonhos, tanto na vida pessoal quanto na profissional, e um deles é ter sua própria Escola de Negócios para contribuir com a formação de futuros empreendedores. “Gosto de trabalhar pela coletividade. Eu me sinto bem e realizado quando posso ajudar as pessoas a se realizarem também. E, para isso, preciso estar preparado, cuidando da minha saúde física, espiritual, familiar, social e financeira.”
“Aprendi que nossa vida passa muito rápido e, por mais que as pessoas experientes tentem nos alertar sobre esta realidade, só vamos perceber quando começarmos a contar quantos anos de vida supostamente ainda teremos para viver ativamente”, conclui o executivo do mês, que carrega consigo a frase “somos exatamente aquilo que pensamos, sentimos e, principalmente, realizamos.”
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