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Fertilizantes: demanda ditará preços, que podem se estabilizar
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Os preços dos fertilizantes poderão ficar estáveis ou até mesmo apresentar ligeira redução em 2022. A queda no preço do gás natural no hemisfério norte e dos preços do frete e o alívio na demanda por adubos são os itens que impactarão no valor do fertilizantes ao longo desse ano, segundo análise do Pecege.
Isso é o que vem sinalizando os preços desde dezembro. No mercado de fertilizantes nitrogenados, a ureia na última semana de dezembro fechou CFR Brasil USD 840/t, queda de 11,6% no comparativo com a última semana de novembro.
Segundo dados do Itaú BBA, com as festividades do final do ano de 2021, as negociações arrefeceram e com a falta de liquidez no mercado os preços acabaram pressionados.
“Além disso, a Índia que estava mais ativa no mercado de fertilizantes realizou o último leilão fechando as compras no final de 2021”, afirmaram os analistas do banco.
O mercado de ureia, que sazonalmente é mais fraco no início de janeiro e começa a ficar aquecido no final do mês e início de fevereiro com a entrada dos EUA e da Europa para as compras para safra de primavera e o Brasil para a safra de inverno, deverá suportar os preços nesse período.
Em relação ao mercado de fertilizantes fosfatados, no Brasil após o pico de preço do MAP CFR na primeira semana de dezembro atingindo os USD 935/t, o produto retornou para os patamares vistos no final do mês de novembro em USD 890/t.
De acordo com o Itaú BBA, a redução das cotações é causada pela demanda ainda fraca dos produtores brasileiros, que com os preços elevados do produto não anteciparam as compras.
No mercado internacional, a Índia continua com demanda aquecida com sinalização de que volte as compras nas próximas semanas, além disso neste mesmo período os EUA também devem iniciar as compras para safra de primavera, o que também deve manter os preços sustentados.
Os preços dos fertilizantes potássicos no Brasil caíram, fechando a última semana em USD 810/t, redução de 2,4% no comparativo com a última semana de novembro. Assim como os dois macronutrientes anteriores, a demanda de potássio ainda está fraca no país, com negócios pontuais.
“Para as próximas semanas a perspectiva é de que os EUA, Europa e Brasil entrem no mercado para adquirir volumes para safras do 2º semestre. Do lado da oferta, as sanções à Bielorrússia continuam gerando incertezas em relação as restrições do produto”, afirmaram os analistas do Itaú BBA.
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Produtores de cana e outras culturas têm feito uso de cama de frango e esterco de boi para adubação, reduzindo custos com o uso de fertilizantes químicos.
Demanda será balizador de preços
Para Haroldo Torres, economista e gerente de Projetos do Pecege, a demanda é quem vai ditar o ritmo dos preços dos fertilizantes no mercado internacional em 2022.
“Quando olhamos para os preços atuais para as principais culturas do Brasil, seja cana ou soja, a relação de troca acabou desestimulando o avanço na demanda pelos adubos. Percebemos até mesmo uma redução da aplicação – redução na dose, pois os produtores buscaram alternativas para aliviar essa pressão. Então, se tivermos uma redução na demanda internacional por fertilizantes. Isso deve pressionar os preços nos próximos meses”, afirmou à RPAnews.
Do lado oferta, há restrições de exportações na China e Rússia, que estão vigentes e provavelmente vão permanecer até metade do primeiro semestre de 2022, dificultando esse já apertado balanço de oferta, que deve ser aliviado agora no começo de ano, ou logo que suavizar a demanda por gás natural no hemisfério norte.
“Ou seja, quando olhamos do outro lado, nada indica mudanças drásticas do lado da oferta, portanto, o grande sinalizador será do ponto de vista de demanda”, enfatiza Torres.
Ainda de acordo com o economista, os preços dos fertilizantes poderão cair caso aconteçam algumas situações. Primeiro é a queda de demanda em função da deterioração das relações de troca, o que já está acontecendo em soja e em cana, por exemplo.
“Tivemos uma deterioração e consequentemente o produtor comprou menos e usou outras opções, como cama de frango e esterco bovino”, explica Torres.
Outra situação é um alívio nos preços do gás natural com o final de inverno no hemisfério norte, o que traz alívio nas cotações do combustível, o que, consequentemente, poderá trazer uma acomodação na dinâmica dos frentes internacionais depois dos distúrbios causados pela pandemia da Covi-19.
“Esses três aspectos tendem a levar a uma situação de preços mais baixos ou de estabilização, ou seja, potencial redução de preços, embora ainda acima do patamar de preços que observamos na média histórica das últimas duas safras”, afirma Torres.
Mas e se acontecer o contrário? Se mesmo com o fim do inverno o preço do gás natural continuar elevado, se continuarem as restrições as exportações chinesas ou ainda se houver sanções do potássio na Bielorrússia?
“Se tudo isso acontecer, os preços podem subir sim. No entanto, acreditamos muito mais numa demanda mais suave, alívio no preço do gás natural e acomodação dos preços dos fretes. Esses três itens nos levam a acreditar numa maior estabilização, senão redução dos preços dos fertilizantes agora em 2022”, conclui o economista do Pecege.
Por Natália Cherubin
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