Home Opinião [Opinião] Raízen põe mais quatro usinas à venda e tenta despachar também a operação na Argentina
OpiniãoÚltimas Notícias

[Opinião] Raízen põe mais quatro usinas à venda e tenta despachar também a operação na Argentina

Compartilhar

A Raízen segue girando seu moinho. Mas desta vez, o que está passando pela moenda não é cana: são ativos.

Depois de anunciar a intenção de vender sua operação na Argentina, um terminal em Santos e outras participações, agora a empresa coloca à mesa mais quatro usinas sucroenergéticas: Santa Elisa (SP), Continental (SP), Rio Brilhante e Passatempo (MS). Todas herdadas da compra da Biosev, feita em 2021 por R$ 3,6 bilhões.

Na época, era o movimento do ano: ganhava escala, aumentava market share e avançava no etanol como nenhuma outra. Mas como todo mineiro mais vivido sabe: nem todo queijo que brilha é da Serra da Canastra.

A integração das usinas mostrou-se desafiadora. Faltou sinergia, sobraram custos e a conta chegou justo quando a alavancagem financeira subiu para 3,2 vezes o EBITDA. Resultado: dívida acima de R$ 34 bilhões e a necessidade urgente de repensar o tabuleiro.

A venda das quatro usinas pode render até R$ 4,5 bilhões. Já a operação na Argentina — adquirida da Shell por US$ 950 milhões em 2018 e que inclui refinaria, 700 postos, planta de lubrificantes e terminais — está sendo oferecida com apoio do JP Morgan e BTG. Entre os interessados, dois nomes de peso no jogo global de combustíveis: a Glencore, que já é dona da ALE aqui no Brasil, e a Trafigura, controladora da Puma Energy, rede com forte presença na Argentina.

Ou seja: enquanto a Raízen busca aliviar a mochila, tem tubarão de olho no que ela vai deixar na margem do rio.

O mercado, que andava cismado com os ruídos, agora observa um gigante disposto a encolher para voltar a crescer com mais foco. Fica a lição: querer moer cana demais sem moenda preparada só dá caldo ralo.

Como diria um velho mineiro na varanda, com um copo de caldo na mão: “Quem junta usina demais, às vezes precisa destilar paciência pra separar o que é peso e o que é potência.”

*Wladimir Eustáquio Costa é CEO da Suporte Postos, especialista em mercados internacionais de combustíveis, conselheiro e interventor nomeado pelo CADE, com foco em governança e estratégia no setor downstream.

As opiniões expressas nos artigos são de responsabilidade de seus respectivos autores e não correspondem, obrigatoriamente, ao ponto de vista da RPAnews. A plataforma valoriza a pluralidade de ideias e o diálogo construtivo.
Compartilhar
Artigo Relacionado
Últimas Notícias

25ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol marca os 50 anos do Proálcool em São Paulo

Encontro reunirá autoridades, empresários, pesquisadores e especialistas para discutir as perspectivas do...

Últimas Notícias

Exportações de açúcar aos Estados Unidos caíram mais de 80% após tarifaço

O Brasil reduziu suas exportações de açúcar para os Estados Unidos em...

Últimas NotíciasTemos Vagas

Tereos abre inscrições para programas que aceleram carreiras de talentos no agronegócio

As oportunidades contemplam candidatos para atuar nas regiões de São José do...