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Quais são os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia para o Brasil?

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O conflito entre Rússia e Ucrânia, considerado até então apenas ameaça, se confirmou na madrugada desta quinta-feira, 24. A Rússia, com autorização de seu presidente Vladimir Putin, iniciou durante a madrugada uma ampla operação militar para invadir a Ucrânia.

O primeiro grande impacto diante da possibilidade de conflito entre os países foi sentido ainda no início da semana, com a queda do dólar. A moeda americana registrou na última terça-feira (22/02) sua quarta redução seguida frente ao real e fechou em 1,09%, sendo negociada a R$ 5,0511, e ontem, 23, bateu R$ 5,00.

Segundo analistas ouvidos pela BBC News Brasil, a queda da moeda americana é consequência não só do aumento da taxa Selic pelo Banco Central, mas também da entrada de capital estrangeiro no país em tempos de alto risco.

Apesar da expectativa de economistas de uma migração de ativos para mercados mais seguros, o Brasil se tornou atrativo por sua capacidade de se tornar um possível fornecedor substituto para alguns dos bens agrícolas produzidos na Rússia e na Ucrânia.

Entretanto, os impactos indiretos no Brasil da guerra entre os países não serão apenas positivos. Segundo especialistas, esses efeitos podem chegar à economia nacional também na forma de um aumento na inflação e alta nos preços do petróleo e seus derivados.

A crise pode ainda impactar a capacidade do Brasil de importar fertilizantes e insumos agrícolas, que estão no topo da lista de produtos importados da Rússia, e prejudicar o agronegócio nacional.

O impacto da crise na Ucrânia no mercado financeiro é o primeiro a ser sentido de forma direta no Brasil. Pois, segundo conflitos geopolíticos elevam a incerteza na economia global e, consequentemente, levam um aumento da aversão ao risco. Isso significa que muitos investidores podem preferir migrar seus ativos para mercados mais seguros, como o americano ou o japonês, e abandonar os emergentes, como brasileiro.

“Países emergentes, como o Brasil, tendem a sofrer mais em cenários de maior aversão ao risco, com reflexos na taxa de câmbio, na bolsa e em outros ativos”, disse a economista Rachel de Sá, chefe de economia da Rico para a BBC.

Apesar disso, o que se observa no Brasil atualmente é um movimento grande de fluxo de capitais estrangeiros. Segundo Rachel, isso acontece primeiramente por conta da alta da taxa Selic, impulsionada pelo Banco Central para tentar frear o aumento de preços, que garante maior perspectiva de lucro aos investidores.

Ao mesmo tempo, por ser um grande mercado produtor de commodities, o Brasil também já está atraindo empresas e investidores que procuram alternativas à Rússia. “O Brasil produz muitos bens que podem ser substitutos imediatos para os bens produzidos na Rússia e até na Ucrânia, especialmente na área agrícola”, diz a economista à BBC.

Petróleo bateu US$100

A invasão da Rússia na Ucrânia fez o preço do petróleo passar de US$ 100 pela primeira vez desde 2014 nesta quinta-feira e preocupa o Brasil, já que a economia global ainda vem se recuperando dos efeitos da pandemia da Covi-19, que impactou os preços de energia, combustíveis e alimentação.

A Rússia é atualmente um dos maiores produtores de petróleo do mundo, com capacidade de produção de mais de 10 milhões de barris por dia, sendo o maior fornecedor de gás natural da Europa, responsável por cerca de 40% do abastecimento total do continente.

Para o Brasil, a valorização do barril do petróleo desde o início da pandemia foi um responsáveis pela inflação e pelo efeito nos preços da gasolina e do diesel. Para o economista Juan Jensen, sócio da 4E Consultoria, ouvido pelo G1, o principal impacto para o Brasil é justamente via petróleo e preço dos combustíveis e isso, por si só, não afeta tanto a recuperação brasileira.

Para ele, é um quadro que pode piorar a questão inflacionária, mas não deveria ter uma resposta do Banco Central. “O BC está prevendo a redução do ritmo de alta para a próxima reunião, e, a princípio, não mudará porque o petróleo e os combustíveis não são preços afetados pela política monetária. A economia está fraca por outras razões e vai continuar”, disse ao G1.

Diferente dos anos anteriores, contudo, 2022 vem sendo marcado pela entrada de dólares no país, fortalecendo o câmbio aos poucos. Até o fechamento do mercado ontem, quarta-feira, a moeda americana registra queda de 10,24% no ano.

Com o petróleo subindo de um lado, mas o dólar caindo do outro, forma-se uma gangorra que mantém os preços com certa estabilidade. Por isso,  de acordo com Roberto Motta, chefe da mesa de derivativos da Genial Investimentos, o Brasil se protege contra um impacto nos combustíveis com a elevação agressiva da taxa Selic, que cria um diferencial de juros que volta a ser atrativo para o investidor estrangeiro.

Com informações do G1 e BBC News Brasil
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