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Setor sucroalcooleiro promete jogo duro com os EUA

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RPA, com informações de BrPolitico

Em setembro, a Câmara de Comércio Exterior decidiu prorrogar a cota de etanol que pode ser importada pelo Brasil sem tarifa. Só que parlamentares ligados ao setor, que aceitaram o pedido político de Jair Bolsonaro, agora avisam que independentemente de se ter um republicano ou um democrata na Casa Branca, não há como renovar sem uma contrapartida justa. E que garanta que a produção de cana-de-açúcar brasileira não ficará ociosa.

Se o atual gesto de “boa vontade” do setor com o presidente Jair Bolsonaro permitiu a prorrogação, essa relação positiva não estará na mesa de negociação daqui para frente. Caso Donald Trump seja reeleito e queira cumprir a promessa de acabar com as tarifas brasileiras sobre o etanol americano, a contrapartida terá de ser substancial.

“Quando nós sentamos para discutir a prorrogação com o ministro de Relações Exteriores (Ernesto Araújo), ele disse que estava em processo de negociação para ampliar a exportação de açúcar”, disse o presidente da frente parlamentar agropecuária, deputado Alceu Moreira (MDB-RS).

“Pode-se também aumentar a concentração de etanol nos combustíveis fósseis dos EUA. Mas isso é uma questão que tem que ser discutido ponto de vista fático. Não pode ser ‘eu acho’. O que vamos fazer com estoque de cana do Nordeste e do Centro-Oeste brasileiro?”, questionou o parlamentar.

A atual contrapartida, um adicional de 80 toneladas de exportação de açúcar sem tarifas, foi considerada “irrisória” pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Sem poder ser equiparada com os 187,5 milhões de litros de etanol americano que entrará no Brasil até o fim no ano.

“Sempre devemos defender igualdade de competição. Somente cederemos em nossos volumes de etanol caso haja reciprocidade dos americanos no mercado de açúcar”, disse na ocasião o presidente da Comissão Nacional de Cana-de-açúcar da CNA, Ênio Fernandes. “O mais importante seria avançar nas discussões para um aumento significativo dos nossos embarques de açúcar para lá, equivalentes com o que cedemos nos últimos anos em relação ao etanol.”

O tema preocupa o governo. Na última semana, o vice-presidente Hamilton Mourão esteve tratando do assunto em um jantar com o diretor-presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Evandro Gussi. A ideia é que, até dezembro, se consiga construir um novo acordo sobre a importação de etanol dos EUA, independentemente de o vencedor da eleição ser Joe Biden ou Donald Trump.

Negócios à parte

A decisão tomada pelo governo brasileiro serve como auxílio a Trump na eleição, ajudando o atual presidente norte-americano a conversar com produtores de etanol de milho em alguns estado-chave no pleito – em especial, Iowa. Em 2016, Trump levou os delegados no Estado, mas, neste ano, as últimas pesquisas indicam vantagem para Joe Biden.

No Brasil, o Planalto conversou com parlamentares e com o setor antes de ampliar a isenção de tarifas. A “benesse” brasileira foi tanta a ponto de o Congresso americano abrir uma investigação para averiguar se o governo Trump estava utilizando de ferramentas de Estado para beneficiar o atual presidente na eleição.

Na ocasião, o embaixador americano Todd Chapman foi intimado a dar explicações. Ele teria pedido para autoridades brasileiras a isenção da tarifa de etanol até o fim do ano como sendo importante para a reeleição de Trump.

“A decisão do Governo foi pactuada conosco. O setor não tinha concordância com isso, mas foi uma solicitação do presidente. Ele precisava desse gesto político nesse momento”, disse Moreira. “Resolvemos encarar isso como uma solicitação do Presidente da República ao setor. Nós não questionamos a motivação do governo. Foi um gesto político que ele precisava fazer. É possível que essa questão eleitoral esteja envolvida, mas não foi o que nós conversamos com o Presidente da República”.

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