Edição 183
Tecnologia Agrícola – Como reduzir custo na logística de CTT?
Novas tecnologias em máquinas e softwares têm conseguido auxiliar o processo de maior custo dentro de uma usina, mas desafios ainda existem e precisam ser ultrapassados
Natália Cherubin
Após ultrapassar anos de crise, o setor aprendeu que era preciso não só apertar os cintos, como também conseguir reduzir os custos agroindustriais sem grandes investimentos. Só o CTT (colheita, transbordo e transporte) da cana, processo fundamental dentro de uma unidade, é responsável por cerca de 28% dos custos totais de produção. Sendo assim, ações e tecnologias que reduzem os custos desta fase do processo de produção têm sido muito bem-vindos.
Dentre as operações que compõem o CTT da cana-de-açúcar, as que mais impactam na formação do custo total em ordem decrescente são as de colheita, depois os de transporte e, por fim, o transbordamento. De acordo com o professor José Eduardo Holler Branco, docente do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”) e pesquisador convidado do Grupo Esalq-Log, apesar dos custos fixos das colhedoras, dos veículos de transporte e dos equipamentos de transbordo assumirem grande parcela do custo total de CTT, existem os itens que compõem os custos variáveis, como o consumo de diesel e a manutenção dos equipamentos.
Além dos processos do CTT, também existe um conjunto de equipamentos que trabalham nas Atividades de Apoio ao CTT, que também constitui parcela significativa dos gastos. Desse modo, de acordo com Ângelo Domingos Banchi, diretor da Assiste Engenharia de Softwares Técnicos, ao se analisar o custo em cada etapa em um demonstrativo de CTT com um custo total de R$ 29,20/t cana, 41% correspondem à colheita mecanizada, a qual tem um custo de R$ 11,99/t cana, 33% vão para o transporte, cujo valor é R$ 9,72/t cana e o transbordamento consome 26% deste total, com R$ 7,49/t cana.
As chamadas operações de apoio, as quais correspondem ao caminhão comboio, bombeiro, oficina, borracharia, prancha, ônibus, utilitários, entre outros, representam 23,6% do custo total de CTT, o que mostra que seus gastos formam uma parcela representativa (Figura 1). “É preciso destacar que os equipamentos participantes do Apoio podem atuar em mais de um sub processo, o que não proporciona uma fácil divisão e sua respectiva atribuição com exatidão por sub processo. É também válido e importante mostrar que o CTT das usinas são diferentes entre si”, adiciona Banchi.
Segundo pesquisa da Assiste com várias unidades, o custo mínimo que algumas usinas conseguem chegar em seu CTT é de R$ 27,20/t cana, enquanto o custo ideal fica entre R$ 28,25/t e R$ 29,19/t. As usinas com custos mais elevados chegam a valores acima de R$ 29,83/t e o custo médio entre as unidades analisadas ficou entre R$ 29,20/t e R$ 29,82/t (Figura 2).
MÉTODOS QUE CONTRIBUEM PARA REDUZIR OS CUSTOS
Dada essa magnitude de gastos com CTT, as usinas, com seus respectivos técnicos, e o mercado, composto de fornecedores de equipamentos, prestadores de serviços, consultores etc, dedicam-se intensivamente aos aspectos operacionais e também às atividades de controle e programação do CTT para diminuí-los. Hoje existem vários fatores que têm por finalidade a redução de custos, como:
• Seleção do fabricante e do modelo de colhedora idealmente adaptada às práticas adotadas pela empresa;
• Largura de corte (1 linha ou 2 linhas) que se adeque à prática em uso na lavoura da unidade;
• Dimensionamento ideal da frente de colheita: 3, 4, 5 ou mais colhedoras por frente;
• A relação de transbordos por colhedora que proporcione melhor desempenho para cada frente de colheita;
• Distância mínima possível entre as colhedoras e o pátio de transbordamento;
• Tipo de transbordo adotado nas frentes (trator ou caminhão) e dimensão, e tipo de caixas de transbordo.
Já quanto à manutenção dos equipamentos, os seguintes pontos são importantes:
• Características dos processos de manutenção no campo e na oficina central;
• Manutenções preventivas e/ou planejadas, inclusive com a participação dos operadores (conceito de operador-manutenedor) têm apresentado menor custo do que a manutenção não programada, corretiva e sem apoio do operador;
• Tipo de transporte com um adequado dimensionamento e manutenção proativa;
• A correta definição e planejamento da estrutura de apoio, que pode reduzir seu custo fixo e garantir eficiência na operação, como também segurança no trabalho.
Quanto à engenharia econômica, há mais itens a se considerar como:
• Existência ou não de política de renovação de frota por tempo de vida útil;
• Critérios inteligentes de eliminação ou não de uma peça devido a seu desgaste parcial;
• Escolha técnica e econômica do grau de terceirização e da natureza dos serviços terceirizados.
Antonio Afferri, sócio-diretor da RPA Consultoria, afirma que atualmente a atenção maior das usinas está na melhoria da eficiência da gestão da operação das colhedoras. “O que normalmente encontramos são ineficiências na ordem de 30% a 35% para colheita em jornadas de 3 turnos de 8 horas e 26% a 30% para aquelas de 2 turnos de 10 horas. Reduzir esta ineficiência interfere positivamente no aumento do desempenho das colhedoras sem investimentos e com forte redução de custos. Gerar um maior número de horas de motor sem investimento e, concomitantemente, com redução do custo por tonelada colhida é o que vem sendo realizado por aquelas empresas que adotaram a estratégia dos 2 turnos de 10 horas”.
Além destas ações, de forma geral, as áreas de P&D dos fabricantes de equipamentos de CTT e os agentes do setor vêm buscando alternativas para aumentar a capacidade e a eficiência operacional dos equipamentos com o objetivo de diluir os custos fixos desses ativos produtivos. Buscando ganhos de escala, segundo o pesquisador da Esalq-Log, estão sendo testados novos equipamentos. Dentre estes, merecem destaque:
• Semirreboques com maior número de eixos para o transporte de cana-de-açúcar, como alternativa para aumentar a capacidade de carga e evitar o risco de sobrepeso por eixo do veículo;
• Transbordos de maior capacidade, como, por exemplo, o transbordo gigante de 22 t;
• Tecnologia GPS para aumentar a precisão das operações, automação e rendimento operacional;
• E colhedoras de maior potência e com maior número de bocas.
“É importante frisar que as indústrias do setor sucroenergético estão enfrentando um cenário de intensificação da fiscalização das condições de trafegabilidade dos veículos canavieiros nas rodovias públicas e vêm sendo pressionadas por novos regimentos legais e órgãos de fiscalização a minimizar as ocorrências de sobrepeso e acondicionamento inapropriado da carga. Em face desse panorama, as indústrias de equipamentos e usinas vêm direcionando esforços para adequar os veículos de transporte às exigências legais de trafegabilidade nas rodovias”, adiciona.
De acordo com Afferri, o uso de transbordos de alta capacidade tem proporcionado tempo de transferência da carga 50% menor e o maior aproveitamento do volume de cana transportado. “Por ter menos ‘cantos’, quando comparado a composições com dois compartimentos, considerando que ambos possuem o mesmo volume do compartimento de carga (m3), estes modelos gigantes têm contribuído significativamente para a redução de custos na operação de transbordo”.
Pedro Teston, produtor de cana, prestador de serviços e diretor da empresa desenvolvedora do primeiro transbordo gigante, a Teston, afirma que as usinas, prestadores de serviços e fornecedores de cana que estão buscando rendimento e baixo custo operacional já têm adotado os transbordos de alta capacidade. “O transbordo gigante aumenta o rendimento da colhedora, diminui o tempo de espera dos caminhões para serem carregados, aumentando a sua densidade de carga, reduz o consumo de óleo diesel tanto da colhedora como do trator, e diminui a compactação de solo. Outra vantagem é o aumento de produtividade agrícola em cabeceiras devido à redução do pisoteio na entrada e saída dos carreadores pelo giro maior em alguns modelos desta categoria.”
Ele ainda destaca o menor tempo para transbordarmento, reduzido em até 40%, e a menor manutenção, pois o transbordo de alta capacidade, em comparação ao conjunto duplo, mostra redução na troca de mangueiras, pistões, pinos, buchas e pontos de lubrificação. “Enquanto no modelo mais antigo se tem 8 pistões, no transbordo de alta capacidade são apenas quatro, reduzindo em 50% o índice de manutenção. Outro atrativo é a diminuição de frota, pois, para se trabalhar com os transbordos menores, é necessário um equipamento a mais, gerando maior administração por parte do controle de frotas e das oficinas, pois teriam o dobro de máquinas deste modelo em campo”, explica.
Usinas cogeradoras de energia vem utilizando o transbordo gigante também para colheita de palha a granel. “A linha de Gigantes 2017 ficará ainda melhor porque o departamento de engenharia conseguiu baixar a altura do transbordo em 200 mm, obtendo mais estabilidade em terrenos declivosos”, adiciona Teston.
SOFTWARES E HARDWARES
Além do dimensionamento de máquinas, existem inúmeras ferramentas tecnológicas disponíveis para a gestão do CTT e, quando adequadamente selecionadas, corretamente implantadas, contínua e devidamente operadas, têm alto potencial para reduzir custos. Estas tecnologias têm um destaque ainda maior quando, além do software, há a interação com hardwares embarcados e ligados diretamente à operação.
Banchi acredita que os softwares têm fundamental influência na gestão do CTT, mas destaca que, como há muitos produtos no mercado e que nem sempre têm a especialidade necessária e essencial para as operações, deve-se buscar uma solução que atinja a gestão das raízes dos problemas. “No entanto, infelizmente muitos produtos estão no nível primário e apenas limitam-se à coleta dos dados e a seu armazenamento, sem possibilitar sua extração em processos gerenciais ágeis, limitando-se a oferecer tabelas que acabam sendo tratadas e trabalhadas nem sempre adequadamente.”
O consultor diz que medir a capacidade operacional das colhedoras junto com a coleta de dados via computador de bordo, preferencialmente online, é um exemplo de ferramenta para reduzir custos do CTT. Essa análise não só pode ser aplicada para uma colhedora em específico, como também para um conjunto de máquinas (uma frente de colheita) ou para toda a frota de colhedoras, de forma que sua aplicação permite perceber quais equipamentos trabalham fora do padrão e devem ser corrigidos.
Para Branco, no caso de grandes usinas que operam e movimentam um grande número de equipamentos de CTT, a roteirização e sincronização da operação das colhedoras, transbordos e veículos de transporte são fundamentais para evitar a ociosidade dos equipamentos e também para minimizar os riscos de falta de cana-de-açúcar nas moendas. Diante disto, os modelos de otimização e ferramentas de gestão de CTT são imprescindíveis para garantir uma alocação eficiente das frentes de colheita e sincronizar o deslocamento dos transbordos e veículos de carga, proporcionando a minimização dos custos de CTT.
“Ademais, esse tipo de ferramental auxilia a elaboração do Plano de Colheita e proporciona agilidade nos ajustes do plano às condições operacionais vivenciadas no decorrer da safra, com foco na maximização do teor de açúcares disponíveis na cana-de-açúcar. Tais esforços para consolidar um Plano de Colheita otimizado são primordiais para o desempenho econômico das indústrias, haja vista que quanto maior o teor de sacarose disponível na cana, maior é a receita da usina, melhor o rendimento industrial e menores são os custos de CTT por tonelada de sacarose entregue nas usinas”, complementa o pesquisador da Esalq-Log.
Dada a importância da colheita mecanizada e o impacto que a logística tem nesse processo, a Solinftec desenvolveu, em parceria com alguns clientes, diversas soluções que atuam desde o planejamento da colheita até seu transporte para a usina.
De acordo com Daniel Padrão, diretor de operações da Solinftec, uma boa gestão logística de CTT começa com informações de qualidade e em tempo real. “Pensando nisso, nossas soluções de monitoramento baseiam-se em obter dados de forma automática, sem necessidade de intervenção humana, e transmiti-las de forma online através da nossa rede SolinfNet, mesmo em locais sem cobertura de rede celular. Essas informações possibilitam aos diversos agentes envolvidos no processo (central de logística, equipe de manutenção e agrícola) automatizar ou tomar a decisão em tempo real.”
No entanto, em função dos recentes resultados, a principal solução da empresa para logística hoje é o Fila Única de Transbordos, também conhecido como FUT. A solução atua principalmente na parada das colhedoras por falta de transbordo, que é hoje o maior causador de ineficiência das colhedoras. Com essa solução, segundo Padrão, é possível distribuir dinamicamente os recursos, no caso os transbordos, de forma automática conforme a demanda das colhedoras. Isto porque, em muitos dos casos, a alocação de transbordo é feita de maneira fixa, ou seja, para cada colhedora separam-se dois transbordos ou faz-se de forma manual, requisitando o transbordo via rádio comunicação.
O foco principal da solução, segundo Padrão, é o aumento de eficiência das colhedoras, diminuindo o tempo de aguardar o transbordo e, consequentemente, gerando uma distribuição mais inteligente dos transbordos. No ano de 2015 a empresa realizou, em conjunto com seus clientes, mais de 14 pilotos, que mostraram ganhos de até 1,5 hora por colhedora/dia. Estes resultados se confirmam após a implantação do sistema por algumas usinas, que conseguiram reduzir a frota de colhedoras em mais de 10%.
A GAtec comercializa uma solução especializada para a gestão da logística de transporte de cana que tem como premissa otimizar a frota canavieira indicando o melhor local de carregamento no despacho da frota de caminhões, visando o abastecimento linear de matéria-prima na unidade industrial, bem como a redução de fila no campo.
Fernando Luís de Almeida, consultor e especialista em logística da GAtec, explica que a solução utiliza um sólido algoritmo de decisão desenvolvido pela empresa, baseado na lógica de restrições, que leva em consideração todas as variáveis envolvidas no processo, tais como distâncias, velocidades, tempos de carregamento e auxiliares, equipamentos ativos, tempos de alocações, controle de saturação, potenciais de carregamento e modelos de frota e priorizações.
Em tempo real, o sistema demonstra a situação do CTT de forma dinâmica e interativa aos gestores, que têm à disposição diversas formas de visualização de chegada e saída da frota canavieira do campo, utilizando painéis e visualização das informações dos locais de carregamento, tais como: produção, estimativas, posicionamento dos veículos, eventos, ciclos e projeções. Os tempos operacionais de campo relacionados aos tempos de carregamento e auxiliares também são visualizados e são informados via rádio, voz ou automaticamente, ou seja, a usina acaba tendo à disposição uma logística online, com a integração do sistema com os eventos de todos os equipamentos que estão associados ao CTT.
Dentre os principais ganhos, Almeida destaca a redução de custos através da redução da frota canavieira que, em alguns casos, chega a 25%, principalmente em estruturas que não utilizam processos de otimização ou modelos matemáticos consistentes. Há, ainda, ganhos pela melhor produtividade dos equipamentos envolvidos no CTT e maior acuracidade na captação e qualidade dos dados e informações do campo, o que facilita a tomada de decisões.
“Esta tecnologia está totalmente relacionada com a redução dos custos do CTT devido à redução da frota, aumento da produtividade dos equipamentos, melhora do rendimento energético no transporte, que é a tonelada por litro de combustível, redução da ociosidade das máquinas e caminhões no campo, a redução de paradas da indústria devido ao ciclo contínuo, planejado e informado pela solução, e reduções e controle das divergências das viagens. Além disso, há ganhos imensuráveis, como, por exemplo, uma melhor qualidade da matéria-prima para o processamento, devido à redução do tempo médio de transporte e processamento em menor tempo (a partir da colheita)”, realça Almeida.
A Hexagon Agriculture desenvolveu uma solução para o CTT baseada em dois pilares principais: planejamento e operação. Na parte de planejamento a empresa oferta uma gama de sistemas de otimização que visam planejar as atividades que influenciam diretamente no CTT. Estes planejamentos abrangem os níveis estratégico, tático e operacional para a colheita de cana. Assim, as soluções vão desde os planos de reforma e plantio das áreas de cana, bem como o planejamento de colheita, que influenciam diretamente no CTT, até o sistema de despacho dos caminhões que realizam o transporte da cana para a usina.
De acordo com Fábio Perna, responsável pela área comercial da Hexagon Agriculture, no âmbito operacional a empresa fornece os computadores de bordo para caminhões, que recebem as informações do despacho planejado e garantem o monitoramento do trajeto do veículo. “Esta tecnologia permite que as informações obtidas pelos sensores instalados nos veículos sejam enviadas remotamente à central de operações, informando a localização e a condição operacional.”
Além dos veículos para transporte de cana, a solução para o CTT da companhia disponibiliza nas frentes de colheita, o gerenciamento e o monitoramento das colhedoras e dos transbordos. Segundo Perna, é um conjunto de tecnologias que controla e despacha os transbordos na colheita e aloca os caminhões que fazem o transporte da cana nas frentes de colheita. A solução operacional contempla as seguintes funcionalidades:
• monitoramento dos veículos e equipamentos;
• navegação e rotas dos veículos;
• alocação dinâmica de transbordos;
• otimização do despacho de caminhões;
• e certificado digital de cana.
AINDA PRECISA MELHORAR
Em geral, os especialistas concordam que, apesar de novas metodologias e tecnologias, o que se observa na prática é a dificuldade das companhias no nível tático deste processo, ou seja, percebe-se uma estratégia (planejamento) e operação muito próximos da excelência, entretanto o elo de ligação entre estes pontos não possui efetividade.
Segundo Afferri, o nível de liderança das usinas (líder de colheita e/ou encarregado de frente) ainda está distante desta excelência, muitas vezes comprometendo significativamente a companhia no alcance de seus objetivos planejados de desempenho e redução de custo, e até frustrando o nível operacional ao não atingir suas expectativas de remuneração variável. “Portanto, recrutamento, formação, seleção e treinamento deste nível de funcionários é essencial para a garantia de estratégias voltadas para maior desempenho da colheita.”
Branco acredita que, além das inovações tecnológicas, outro vetor importante de ações para melhorar o desempenho da logística da colheita de cana tem como objetivo a seleção das áreas de abastecimento de cana e a racionalização da sua distribuição espacial, levando em consideração as condições de colheitabilidade das áreas e as distâncias percorridas das áreas até as indústrias. A colheitabilidade dos canaviais promove ganho de eficiência na operação de colheita e a otimização da distribuição espacial das áreas de cana proporciona a minimização do custo de transporte.
“Outra estratégia que merece destaque e deve ser avaliada pelas indústrias do setor sucroenergético é a utilização das ferrovias para o transporte da cana. Essa modalidade de transporte é utilizada em larga escala e com grande eficiência para o transporte de cana na Austrália, mas no Brasil essa opção ainda não vem sendo observada. Existe uma série de trechos de ferrovias que cruzam áreas de canaviais importantes e que poderiam ser utilizados para o transporte de cana mediante solicitação do Direito de Passagem junto às Concessionárias Ferroviárias. É uma alternativa que vale a pena ser investigada, pois pode revelar boas opções para redução de custos de CTT, principalmente se forem considerados os efeitos no custo de CTT decorrentes da intensificação da fiscalização das condições de trafegabilidade dos veículos canavieiros nas rodovias públicas”, observa o pesquisador da Esalq-Log.
Banchi aponta que os principais pontos que ainda podem melhorar são:
• informação online da quantidade de cana colhida;
• geração do peso online com o uso da balança dinâmica nas colhedoras;
• melhorias no corte pantográfico de base;
• e melhoria nos modelos de colhedoras que tenham maior largura de corte, para que trabalhem adequadamente.
“Essas características permitiriam alcançar fatores logísticos necessários e já concebidos”, acrescenta.
Para Almeida, em um primeiro momento é necessário analisar e até mesmo melhorar alguns processos que são importantes para a logística e que muitas vezes passam despercebidos pelos gestores, como um planejamento de colheita mais eficiente, além da qualidade das informações que serão utilizadas pelo processo de logística, que muitas vezes não são precisas (devido à utilização de sistemas inconsistentes).
“Algumas usinas têm a visão de que melhorar a logística e adquirir as tecnologias necessárias para esse processo tem alto custo, sem analisar o retorno ou a rentabilidade que se é obtida. Com a implantação das soluções, na maioria das vezes, o retorno do investimento é conseguido em curto prazo. Sem pensar no pay-back das soluções, estas usinas demandam grande número de pessoas, obtendo informações de baixa qualidade, com problemas de recebimento da matéria-prima e na qualidade, equipamentos ociosos, custos maiores com terceiros etc.”
No cenário de investimentos tecnológicos, Almeida acrescenta que o setor ainda está muito preso aos canais de telecomunicação, principalmente com utilização do sinal GPRS, o que pode dificultar os processos da gestão online e todo o processo de logística. No entanto, destaca que avanços significativos ocorreram através do uso de rede MESH e rádios.
Outro ponto a se evoluir são os computadores de bordos embarcados nos equipamentos. “Existem muitos equipamentos obsoletos sendo utilizados pelas usinas e que nos próximos anos deverão ser substituídos por equipamentos com melhor tecnologia e que não sofram por divergência nas transmissões das informações”, conclui.