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Edição 195

Tecnologia Agrícola – Qual é o melhor trator para o CTT

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As mudanças das caixas de transbordo de cana, que duplicaram de peso ao longo dos últimos anos, têm feito com que empresas optem por renovar a sua frota com tratores de maior potência

Alisson Henrique

Para um bom funcionamento, uma usina precisa estar com todas as suas engrenagens funcionando em harmonia. Na hora de escolher equipamentos e máquinas, atenção e conhecimento são fundamentais. Itens que muitas vezes podem até parecerem iguais, escondem detalhes que podem fazer toda a diferença no desempenho final. Na hora de escolher os tratores, um dos veículos mais importantes dentro da operação de CTT – Corte, Transbordamento e Transporte – conhecimento é fundamental na hora da renovação de frota.

De acordo com o especialista em Motomecanização Luiz Nitsch, da Sigma Consultoria Automotiva, um item que recebe muito destaque na hora da escolha por um trator, a potência, nem sempre é o que faz a diferença, já que esses veículos por natureza não trafegam em alta velocidade durante a operação. O que realmente importa é o torque final nas rodas de tração. É esta característica, aliada a um perfeito balanceamento e lastreamento do trator, que vai definir sua maior ou menor capacidade de tração. “A potência não é uma característica importante em tratores agrícolas, ao contrário do torque gerado pelo motor. O torque pode ser mensurado diretamente e a potência é uma grandeza calculada a partir do próprio torque. A potência está normalmente associada a velocidade que um determinado veículo desenvolve.”

Para o engenheiro agrônomo e especialista, Marco Ripoli, na hora de escolher a potência dos tratores utilizados, o conjunto que será tracionado deve ser levado em consideração. Ele explica que antigamente o mais comum no mercado eram tratores de 200 cv puxando dois transbordos de 10 t cada.  No entanto, hoje, com o aumento do tamanho das caixas de transbordo, o melhor conjunto dispõe de um trator de 230 cv puxando transbordos de 20 t (4 eixos) ou até 24 t, (5 eixos). “A melhor escolha tem a ver com quanto o usineiro está disposto a investir, pois o preço do segundo tipo de conjunto (o mais atual) é relativamente mais alto que o anterior.  Se ele dispõe de caixa para este tipo de investimento o conjunto se paga rápido, ou seja, compensa. ”

Miguel Eduardo Furmann, instrutor de Treinamento Comercial para Tratores da New Holland, também salienta que tem notado uma migração de potência dos tratores na operação CTT. Segundo ele, as empresastêm visto como tendência nessa aplicação a faixa de 215 a 230 cv. “Essa tendência de maior produtividade com maior escala de produção das usinas sucroenergéticas é um passo para maior eficiência e menor quantidade de equipamentos na frota, consequentemente menor custo operacional da atividade agrícola”, explica.

Na operação de plantio são utilizados tratores de 200 a 250 cv, porém, os tratores de 140 a 200 cv também podem ser utilizados nas operações de cultivo como eliminador de soqueira e preparo de solo, tornando-os versáteis e preparados para essas operações. De acordo com o Supervisor de Marketing de Produtos da Valtra, Winston Quintas, existem alguns fatores que são fundamentais para a escolha certa do trator. “É necessário analisar algumas variáveis, tais como topografia, tipo de solo e tamanho de transbordo. Desta forma, a potência indicada para o CTT pode variar de 140 a 250 cv, de acordo com a necessidade de cada usina. ”

Contando com um parque de 340 tratores e 75 caminhões transbordo na operação de CTT, a Biosev implantou em seu conceito que os melhores tratores são os com transmissões Power Shift, tração TDA e sistema de diferencial antiblocante. “Utilizamos equipamentos de alta performance que ofereçam robustez, tecnologia embarcada e melhor rendimento durante a safra. Temos preferido trabalhar com equipamentos de alta performance na faixa de 200 cv, com sistema de transmissão automatizado e gerenciamento de alimentação eletrônico, permitindo otimização de combustível por cilindro e consequentemente redução de combustível”, conta Ricardo Lopes, diretor de Operações da Biosev, que acrescenta que essa configuração permite trabalhos com diferentes tipos de transbordos e variadas topografias.

Nitsch revela que Valtra e John Deere são as marcas que apresentam hoje os tratores mais usados na operação de transbordo, enquanto Ripoli destaca o modelo 7230 da John Deere como um dos melhores do mercado atualmente. O motivo, segundo ele, se dá por conta de todo o pacote tecnológico que o modelo traz. “Vale mencionar que o consumo horário de combustível deste trator nestas operações de CTT tem se mostrado melhor que os da concorrência”.

Os itens essenciais que um trator deve ter para que haja alta performance e maior disponibilidade durante a operação de CCT, segundo os especialistas são:

1)Tecnologias embarcadas, como o piloto automático;

2) Os tipos de eixos;

3) Boa capacidade de lastro;

4) Controle automático de potência;

5) Freios a ar;

6) Potência hidráulica do sistema;

7) Tipo de transmissões;

8) Cabine ergonômica e confortável;

9) Tipo de rodado;

10) E qualidade da cabine para o operador.

NOVAS TECNOLOGIAS

Todas as novas tecnologias hoje embarcadas nos tratores estão relacionadas a agricultura de precisão, que visa maximizar o desempenho da propriedade implementando técnicas de manejo, zoneamento e práticas agrícolas para otimizar a operação. “Podemos destacar a análise da capacidade dos ativos e otimização da frota para máxima eficiência, além de itens que visam aumentar a produtividade via estratégias de manejo, aplicação e tecnologias que reduzem os custos operacionais”, destaca Ripoli.

Para Nitsch, além das tecnologias de agricultura de precisão, que permitem que toda a programação estratégica da Agrícola saia como planejado, não se pode esquecer também dos grandes avanços na modernização dos motores a diesel, que hoje reduzem as emissões de poluentes atmosféricos, e nas transmissões automatizadas e automáticas, hoje muito mais confiáveis.

Para Lauro Costa Rezende, especialista de Marketing da Case IH, as principais tecnologias adotadas hoje nos tratores Case IH, além das versões dedicadas a operação de CTT, são as de agricultura de precisão com piloto automático hidráulico; a telemetria, com monitoramento das máquinas em campo “e um grande diferencial é o gerenciamento automático de produtividade, conhecido como APM que faz com que o trator trabalhe com o câmbio em modo  manual e também com o motor no modo automático. O APM controla as marchas e a rotação do motor baseado na carga solicitada e, com isso, adequa perfeitamente a máquina à melhor condição de trabalho, resultando na economia comprovada de até 15% no consumo de combustível nas operações de CTT” explica.

Maurício de Menezes, gerente de Execução Tático da John Deere, revela que os modelos 7J da empresa contam com recursos como assento com suspensão ativa, que reduz em até 90% os movimentos verticais do assento, proporcionando mais ergonomia e conforto ao operador; pacote de luzes premium, com 360 graus de iluminação com luzes frontais, traseiras e laterais no topo da cabine, garantindo máxima produtividade 24 horas por dia; antena StarFire 6000 + sinal SF3 para maior precisão, estabilidade e repetibilidade; eixo dianteiro TLS, que é um exclusivo sistema de suspensão para maior tração e aumento de até 8% da produtividade; motor Powertech – uma solução que atende a norma MAR I sem a necessidade de adição de Arla para o seu funcionamento e, com a transmissão PowerQuad Plus que, segundo Menezes, oferece a melhor marcha para cada condição, de modo a garantir maior eficiência e menor consumo de combustível.

Furmann destaca que além de uma série de tecnologias, os tratores New Holland contam com o gerenciamento eletrônico do trator, que evita erros operacionais, protege o sistema e aumenta sua disponibilidade. Este mecanismo de proteção, chamado Terralock, proporciona tração e bloqueio dos diferenciais automáticos. “Com ele, o sistema liga e desliga a tração e/ou bloqueio em função do ângulo de esterçamento da direção e velocidade de deslocamento, diminuindo desgaste de pneus e evitando erros operacionais e danos prematuros. ”

Na Valtra a mais nova tecnologia utilizada está nos tratores da Série T CVT, que contam com a transmissão CVT (Transmissão Continuamente Variável), onde não há escalonamento de velocidades ou troca de marcha. “A transmissão inicia em 0,03 km/h e chega até 40 km/h de forma contínua, sem trancos. O modelo passou por mudanças nos pacotes Powershift ou de reversão, o que permite ajustar com maior precisão a melhor velocidade de trabalho. Aliado a toda a tecnologia da transmissão, temos a nova geração de motores AGCO Power, que juntamente com o gerenciamento Power Control DTM, ajusta a rotação ideal do motor sempre visando o menor consumo de combustível. A Série T CVT conta ainda com o exclusivo sistema hidráulico de levante dianteiro, que permite realizar operações conjugadas, podendo reduzir em até quatro vezes a passagem de um trator convencional na lavoura”, finaliza. (Colaborou Alisson Henrique, com supervisão de Natália Cherubin)

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