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Conheça a estratégia da Atvos, grupo que quer moer 35 mi de t de cana em 6 anos

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Com o objetivo de chegar na capacidade de moagem de 35 milhões de t de cana em seis anos, o grupo Atvos vem adotando o sistema adaptado do terceiro eixo em todas as suas unidades agrícolas

A Atvos, um dos maiores grupos do setor sucroenergético brasileiro, vem utilizando há anos a matriz do terceiro eixo, criado pelo IAC (Instituto Agronômico de Campinas – Centro de Cana), em todas as suas unidades agroindustriais. No entanto, a empresa adaptou a estratégia, utilizando o que se chama de sistema híbrido.

A safra 2019/20 da empresa fechou com uma moagem total de 26,9 milhões de t de cana-de-açúcar, um crescimento de 1% em comparação com o ciclo de 2018/2019, segundo a companhia. O objetivo é chegar na capacidade de moagem de 35 milhões de t de cana em seis anos.

Terceiro eixo 
Há quase duas décadas, o Programa Cana IAC preconiza o uso de uma matriz de produção que considerava dois fatores: épocas de colheita – outono, inverno e primavera – e ambientes de produção – favorável, médio e desfavorável – para fins de alocação de variedades e determinação de época de colheita.
No entanto, a partir de 2007, conta Marcos Landell, pesquisador do Instituto Agronômico, passou-se a considerar um terceiro fator, o ciclo da planta. “Este terceiro fator denominamos terceiro eixo. Sendo assim, o modelo passou a ser uma ‘matriz tridimensional”.
Landell conta que o principal objetivo de implementar esse conceito é ter uma eficiente ferramenta para mitigar o déficit hídrico. Isso porque, ainda hoje, grande parte da canavicultura no País é de sequeiro.

 

Na Atvos, a matriz é utilizada em todos os planejamentos de plantio e, principalmente, na colheita. De acordo com Rogério do Nascimento, gerente de tecnologias agrícolas da empresa, alguns pontos são fundamenteis neste processo, como a construção e uso do mapa hipotético que abrange situações como: ambiente de produção, tipos de solo, época de colheita, manejo em algumas áreas específicas, bacia de vinhaça, raio médio e formação de blocos.

A partir do mapa hipotético as áreas de cada unidade produtora estão devidamente divididas por manejo de colheita (super precoce, precoce, média e tardia) e pelo ambiente de produção.

Para a escolha da variedade a ser plantada, o mapa hipotético traz duas informações a serem respondidas no momento do planejamento de plantio: qual é o manejo desse bloco de reforma? e ‘qual o ambiente de produção?. No momento da elaboração do mapa hipotético da unidade, segundo Nascimento, outras informações técnicas e operacionais essenciais já foram consideradas.

Área industrial de uma das unidades da Atvos.

Área industrial de uma das unidades da Atvos.

Além disso, outro ponto importante é quanto à época de plantio versus ambientes de produção, conforme matriz de preparo, plantio e suas recomendações técnicas e operacionais. Nascimento relata que no planejamento de colheita também estão englobadas as seguintes recomendações:

      • Colheita de toda a cana, seja planta de 18 meses ou 12 meses, será no início do inverno, antes de junho, independentemente da maturação da variedade. A cana de ano, quando ocorre, se não foi utilizada para muda, segue o corte com 12 meses;
      • Colheita dos cortes mais novos no primeiro semestre, objetivando idade superior a 13 meses para maximizar t.ATR/ha. As variedades precoces sempre devem ser colhidas como precoce. As variedades médias e tardias continuam, sempre que possível, sendo colhidas com 13 meses;
      • Raio médio da unidade; Necessidade de abertura de área de vinhaça; Necessidade de abertura de áreas de reforma;

“Em uma situação tradicional, os pontos citados não são levados em consideração e essa é a diferença do Terceiro Eixo em relação ao sistema ‘híbrido’ que a Atvos utiliza”, explica o gerente de tecnologias agrícolas.

Para a Atvos, esses pontos são cruciais para a maximização da receita (produtividade e longevidade). “Na Atvos, não usamos o terceiro eixo na íntegra, mesmo assim, após a criação de disciplinas relacionadas ao planejamento e, principalmente, na execução, seja no plantio, tratos culturais ou colheita, a produtividade média da empresa subiu, especialmente nos canaviais até o terceiro corte. Essa situação vem mostrando que estamos no caminho correto”, relata.

Os prós e contras do sistema 

Marcos Landell explica que para adotar a Matriz Tridimensional tem-se que associar uma série de conhecimentos, o que traz uma complexidade um pouco maior nas decisões. “De maneira simplificada, podemos dizer que a antecipação da colheita dos ciclos mais jovens (1° e 2° corte) é uma prática que deve ser adotada de maneira disciplinada”, destaca.

De acordo com ele, isso traz inúmeras consequências no perfil varietal adotado, assim como no uso de produtos maturadores. “Como há um aumento expressivo da população de colmos para os ciclos mais avançados, haverá uma outra dinâmica da matocompetição, reduzindo custos de controle, e da própria colheita que passam a ser beneficiados por esta nova estratégia. Por fim, o aumento de população de colmos em cada um dos ciclos, trará como consequência, o aumento da longevidade do canavial”, conta.

Entre as vantagens, Nascimento destaca que o sistema foca no bom planejamento antecipado e traz disciplina na sua execução. Além disso, faz uma correta recomendação de colheita de cana planta e em canaviais mais ‘novos’ primeiro.

“Isso é positivo, pois reduz o impacto do déficit hídrico que geralmente ocorre a partir de junho na grande maioria das regiões produtoras de cana no Brasil. Outra boa recomendação do sistema quanto à época de plantio versus ambientes de produção, o que maximiza o TCH do primeiro corte.”

Ele explica que, preconizar a colheita de cana com 13 meses, em muitos casos, pode favorecer o ganho de TCH e, principalmente de ATR. Isso porque a cana está mais preparada para o acúmulo de sacarose.

Em relação às desvantagens, ele aponta o fato de o sistema não considerar as diversas situações que ocorrem em uma unidade produtora como abertura de área de vinhaça, necessidade de áreas para plantio no próprio ano (tira cana, põe cana) e raio médio.

“Nos meses iniciais de safra, o ATR pode ser menor, impactando diretamente nos custos de produção. Há ainda a interação da variedade com a época de colheita. As variedades precoces na sua maioria não podem caminhar na safra e respondem satisfatoriamente com produtividade e principalmente ATR, mesmo quando colhidas todos os anos com 12 meses e nos meses iniciais de safra (março, abril e maio)”, relata.

Outro aspecto negativo, adiciona o gerente de tecnologias agrícolas da Atvos,  é que não há um portfólio de variedades que estão preparadas para o sistema. Isto é, as variedades facilitadoras são limitadas e algumas apresentam doenças o que reduz ou que proíbe seu uso em algumas regiões.

“O sistema do terceiro eixo recomenda ainda o uso de maturadores. Entretanto, os ganhos no início de safra são mais expressivos quando utilizados em variedades mais ricas. Por fim, o sistema limita o uso de variedades precoces em 10%, enquanto o recomendável é, em média, 30%”, conclui.

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